POV CASPIAN.
Quando vi todos os meus crescentes mortos no chão, uma onda avassaladora de fúria e dor me consumiu. O ar parecia pesar em meus pulmões. Eu havia conduzido-os direto para a morte. Theodoro estava certo: minha alcateia, minha família e meus crescentes… eram tudo para mim. Maldita hora em que acreditei na informação de Aron e caminhei, cego, para essa armadilha cruel. Agora, só me restava o desejo de vingança — eu precisava honrá-los, despedaçando aquela bruxa com minhas próprias mãos.
— Maldita, desgraçada! Vou te matar! — rugi com a voz tomada por ódio, avançando como uma fera, batendo com brutalidade contra a barreira mágica que me repeliu com violência. Os dois riram alto, o som zombeteiro ecoando no silêncio pesado e me irritando mais ainda.
— Não deveria ameaçar a companheira de um lobo — disse Theodoro, rosnando com raiva, as garras à mostra, pronto para me atacar. E eu estava implorando, por dentro, que ele fizesse isso. Adoraria sentir o estalo da sua cabeça sendo arrancado pelas minhas presas.
— Relaxa, amor. Caspian não é mais uma ameaça — comentou ela, tentando acalmá-lo. Theodoro sorriu para ela como um cão bem treinado, e então voltou seu olhar para mim, cheio de escárnio.
— Agora que viu seus lobos perecerem, impotente, eu o mataria sem hesitar. Mas minha amada precisa de você vivo para seus propósitos. Deixarei que ela mesma explique — disse ele, com desprezo escorrendo de cada palavra.
— Então, pequeno… ainda não vou te matar. Antes, preciso que passe pelo processo de preparação para meu ritual — falou Thalassa. De repente, correntes negras emergiram do chão e se entrelaçaram em meu corpo, como serpentes sedentas. Rosnei, tentando resistir. Mas a dor… a dor era lancinante. Senti meu sangue ferver sob a pele, como se ácido corroesse minha carne.
— Essas correntes foram banhadas em mata-lobo. Não vão te matar, somente fazê-lo sofrer — explicou ela, e então me lançou contra uma árvore seca, onde me prendeu, suspenso no ar, derrotado, como seu troféu.
— Como se sente? Soube que usou mata-lobo para fazer Aron revelar informações. Eu mesmo já experimentei… e a dor é insuportável. Ah, já ia me esquecendo: Aron está enfeitiçado. Ele tinha ordem de lhe contar onde estávamos — disse Theodoro, rindo com crueldade.
Aron… estava esse tempo todo, sob o controle dela? A revelação queimou tanto quanto as correntes. Rosnei, o corpo consumido por uma dor avassaladora, mas me mantive firme. Eu não daria o prazer a esses monstros de me verem gritar.
— Eu gostei de ver aquele inútil do Aron sofrendo. Mas não falemos de peso morto. Agora, preciso que Caspian sangre por alguns dias antes do meu ritual — disse ela, fazendo um grande recipiente surgir abaixo de mim. O sangue começou a escorrer das feridas que eram abertas pelas correntes, gota por gota, caia no recipiente.
— Logo seu sofrimento acabará, pequeno. Mas, antes, preciso de um plano para capturar sua ex-companheira. Quando ela apareceu no meio do meu feitiço, senti seu poder. Aquela bruxa é poderosa… e tem uma magia deliciosa. Nunca encontrei uma bruxa que dominasse a magia negra. Assim que absorver aquele poder sombrio que senti nela, realizarei meu feitiço… e serei a mais poderosa entre todas. Viverei para sempre. Eu a teria capturado naquele dia, mas a rainha Morgana apareceu para salvá-la. Mas logo… todo aquele poder será meu — revelou com os olhos flamejando em ambição.
Fiquei em choque. Gaia? Não… não podia ser. Ela era luz, cura e doçura. Minha companheira jamais poderia ser o que Thalassa dizia. Era mentira. Tinha que ser. Gaia nunca seria um ser da sombra.
— Não acredite nessa mentirosa. Ela quer nos atormentar — disse Odin. Ele estava certo. Não era hora de desacreditar em minha companheira.
— Sim. Tudo que sai dessa boca é mentira e podridão. Precisamos focar em sair daqui e proteger nossa companheira — comentei com Odin, mentalmente.
Como poderia morrer assim? De forma tão humilhante? Mas o que mais eu podia fazer? Estava tudo perdido. Mesmo que meus pais ou Octávio viessem me procurar… talvez já fosse tarde. Era o fim da linha. O que mais lamento é não ter tido a chance de dizer a Gaia o quanto a amo.
— Pare com esses pensamentos derrotistas. Nós iremos sair dessa — disse Odin, fraco, mas com uma fagulha de esperança viva.
— Odin, estamos perdidos. Sei que quer me manter esperançoso, mas não tem como sairmos dessa, sozinhos. E não vejo nenhuma ajuda chegando — falei com dificuldade, a voz quase sumindo.
— Cale essa boca. Eu sei que Minerva e Gaia virão. Minha lobinha não me deixará morrer — murmurou, se agarrando à última centelha de esperança.
— Você está delirando, meu amigo. Gaia nem sabe que estamos aqui — comentei, e senti a escuridão me tomar e minha consciência se apagava. Me entreguei a um sono profundo. Ao menos morreria inconsciente.
Estávamos num lugar escuro, profundo, onde nem mesmo minha visão de lobo conseguia enxergar. Eu não sabia onde estava, se havia morrido… ou somente dormia. Chamei por Odin. Silêncio. Nada. Ele não respondeu. Eu estava sozinho. Completamente. Como nunca estive. Um desespero gélido tomou conta do meu peito. Então ouvi uma voz conhecida. Debochada. Falar comigo. Com dificuldade, forcei meus olhos a se abrirem… e o que vi me fez duvidar da realidade.
— Será que era um delírio da minha mente?

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