POV GAIA.
Quando cheguei do lado de fora da mansão de Caspian, o vento sussurrava agitado entre as árvores. Me concentrei no feitiço de teletransporte. Eu iria sozinha, não poderia garantir a segurança de ninguém. Aina, Conrado e Octavio foram contra, mas eu não me importei com os protestos deles. Eu sabia estarem preocupados comigo. Mas eu precisava salvar aquele estúpido que caiu numa armadilha.
Os três vieram para fora junto comigo e me observavam de longe, para não me atrapalhar. Eu precisava me concentrar no local que Octavio me indicou e em Caspian, pois eu seria levada para onde ele estivesse. Graças ao fio de vínculo de companheirismo que tínhamos, eu poderia chegar até ele. Fechei os olhos e murmurei o feitiço. Minerva estava bastante inquieta dentro de mim, rosnava como se soubesse que algo terrível estava acontecendo com Caspian.
Sua agitação começava a me afetar. Parecia que o vínculo estava mexendo com a minha loba. Isso é algo que devo observar com mais atenção depois. O nome de Caspian ecoava em meu peito como um chamado. Eu o sentia. Sabia para onde ir. Também sentia que algo estava errado. Ergui a mão, canalizando minha energia e poder. O espaço à minha frente se contorceu, tremulando como água, e num piscar de olhos, me teletransportei.
O cheiro de sangue me atingiu primeiro. Forte, metálico, nauseante. A floresta ao redor estava silenciosa — como se não houvesse vida na redondeza. Sempre ouvi, no círculo das bruxas, sobre essa floresta. Diziam que se vinha aqui para praticar tudo que era proibido. E que, com o tempo, a vida desse lugar desapareceu. Aqui, só existia morte e sofrimento. Um calafrio subiu pela minha espinha quando senti todo o horror que essas árvores já testemunharam.
Olhei para a cabana à minha frente e senti que a conhecia. Claro… era a cabana daquela bruxa. Então viemos parar no covil da maldita. Caminhei para dar a volta na casa, ainda tentando me recuperar da náusea provocada pelo cheiro fétido que pairava no ar. Foi quando senti um cheiro familiar. Caspian. Corri. Junto ao cheiro dele, vinha o odor metálico do sangue. Quando terminei de dar a volta, eu o vi.
— Caspian… — sussurrei, mas minha voz não saiu firme.
Ele estava pendurado por correntes grossas e negras, suspenso no tronco seco de uma árvore morta. Seu corpo estava coberto de feridas abertas. Gotejava sangue incessantemente para em um recipiente abaixo dele, que parecia encantado, pois não transbordava, mesmo já cheio. Sua cabeça estava caída para frente. Os cabelos loiros e longos estavam grudados à pele ensanguentada. Caspian estava pálido, seu corpo desfigurado. Ele se encontrava inconsciente. Minerva entrou em pânico dentro de mim. Meu coração se agitou.
— Tire ele logo dali! — sua voz era um rugido desesperado. — Agora, Gaia! — falou em desespero.
Meu coração se apertou e um espasmo dolorido o tomou. Mas engoli em seco. Não podia demonstrar fraqueza. Meus punhos cerraram, e como uma máscara, vesti a indiferença. Fingi não me importar. Não respondi à minha loba, pois não conseguiria esconder dela o que eu sentia.
— Ora, ora… se não é o grande Caspian — declarei alto, deixando minha voz soar debochada, mesmo que, por dentro, o desespero já tivesse me atingido. — Precisando da ajuda de uma maldita bruxa para se salvar? — perguntei, pedindo à Deusa que ele respondesse.
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