POV GAIA.
Depois de comer como se eu estivesse há dias sem me alimentar, fui direto para o quarto dele. Quando entrei, encontrei Aina sentada na poltrona, velando seu sono. Ela me olhou e sorriu.
— Como ele está, acordou? — perguntei.
— Ele ainda não acordou. Mas dorme tranquilamente, está estável. Graças a você, minha querida — disse, agradecida. Eu olhei na direção dele, pois queria confirmar se ele realmente estava bem.
— Isso é ótimo — falei. O quarto estava silencioso. A luz estava baixa, o ambiente calmo e o cheiro das ervas que usei nele pairava no ar. Caspian permanecia deitado, imóvel, mas sua respiração era profunda e ritmada.
— Vou aproveitar que chegou e vou resolver alguns assuntos. Você se alimentou? — perguntou Aina, se aproximando de mim e fazendo carinho em meu rosto.
— Sim, tia. E obrigada pelo banquete que pediu para preparar — falei, dando um sorriso.
— Você não sabe como fico feliz em ouvi-la me chamar de tia — comentou e me abraçou.
— Pode ir tranquila, que cuido dele — respondi, mudando de assunto, pois estava ficando sem jeito com tanto carinho.
Aina sorriu, divertida com a minha mudança de assunto, caminhou até a porta e saiu, fechando-a. Suspirei e me aproximei mais da cama, sentando-me ao lado dele. Cruzei meus braços sobre o colo e o observei. Seu rosto, mesmo abatido, não deixava de ser lindo. Eu o chamava de meu viking bem antes da rejeição, quando éramos somente filhotes. Bem, águas passadas. Seu rosto havia voltado a ter cor. Os traços estavam mais relaxados. Minerva, se aquietou um pouco, o que era bom, pois sua agitação já estava me preocupando.
— Mi, como você está? — perguntei, pois queria ter certeza de que minha loba não havia caído na lábia de Caspian e seu lobo, Odin.
— Eu estou bem. Desculpe pelo meu comportamento, não sei o que me deu — disse, sendo sincera.
— Foi esse maldito vínculo que te afetou. Essa ligação é um perigo para nós. Tenho que me livrar dele antes que seja tarde demais — comentei.
— Concordo. Mas não agora. Caspian ainda não está recuperado e não sabemos o que o rompimento pode fazer com ele — respondeu, sendo a velha Minerva. Suspirei, aliviada com a sua resposta.
— Está certa, melhor esperarmos — falei.
— E esse vínculo pode ser bom para nós, caso seja preciso procurar por Caspian outra vez. Podemos usá-lo a nosso favor. Pois, se sentimos algo, Caspian sente também. Podemos infernizá-lo — argumentou, debochada. Fiquei pensativa e falei:
— Realmente, podemos usar a nosso favor — respondi, olhando para Caspian adormecido. Acho que posso provocar ciúme nele. Sorri de lado.
Inclinei-me para frente e toquei sua mão. Estava quente — não febril. Um calor bom, reconfortante. Fechei os olhos por um momento, permitindo-me somente sentir. Senti seu cheiro, seu coração. E então, senti. Um leve tremor, um movimento quase imperceptível. Abri os olhos na mesma hora e observei seu rosto. Caspian se mexeu novamente. As pálpebras dele se moveram.
— Caspian? — chamei, baixinho, com o coração acelerado.
— Você… me salvou… — murmurou, como se ainda tentasse acreditar.
— Sim. Eu salvei — respondi, sem rodeios. — Porque eu não podia deixar você morrer, como um cordeiro num sacrifício — falei e me endireitei. Ele ficou em silêncio por alguns segundos. Longos, pesados. A garganta dele se moveu num esforço de engolir o nó que, claramente, estava ali.
— Eu achei… que fosse o fim — admitiu. — Senti… quando você chegou. Odin sabia que apareceria — falou com a voz fraca. Aquelas palavras me surpreenderam. Minerva se mexeu, inquieta. Caspian sentia o vínculo, mesmo inconsciente. Mesmo perto da morte. Isso era bom, para meus planos.
— Eu cheguei a tempo — murmurei. — Mas quase… — não terminei a frase. Sei que ele entendeu o que eu queria dizer.
— Gaia… — chamou, num sussurro. Seu olhar estava mais firme agora.
— Shhh… não fala agora. Você precisa descansar. Depois conversamos — falei, para evitar um clima. Ele abriu a boca como se fosse protestar, mas cedeu. Somente assentiu com um movimento quase imperceptível. Toquei sua testa com a ponta dos dedos e sorri de leve.
— Eu vou ficar aqui. Não vou a lugar nenhum. Pode descansar — garanti. Ele fechou os olhos, a respiração voltando ao ritmo calmo. Mas, antes de adormecer de novo, murmurou, quase inaudível:
— Obrigado… por me salvar — disse. Fiquei em silêncio, sentindo meu peito apertar. Minerva sussurrou em minha mente:
— Ele esperava por nós… sabia que apareceríamos para salvá-lo — comentou. Olhei para ele mais uma vez. Meu coração estava confuso. Mas eu não vou fraquejar. Não serei seduzida por esse alfa lindo.

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