POV CASPIAN.
Eu me levantei da mesa, ainda sentindo o peso de tudo que acabara de contar e conversar com meus pais e Gaia. O plano dela era ousado e estratégico, e confesso que, por mais que eu quisesse negar, sua determinação me impressionava. Ela sempre foi assim: decidida, corajosa, mesmo quando era filhote. Enquanto Gaia falava sobre contatar Morgana, eu sabia que precisava também agir. Falei que me reuniria com Octávio e os guerreiros para traçar estratégias, e era exatamente o que pretendia fazer.
— Vou agora mesmo falar com Octávio — declarei, olhando para meus pais. — Precisamos organizar os guerreiros e preparar a alcateia para qualquer ataque surpresa. — Minha voz saiu firme, mas por dentro eu sentia um aperto.
A ameaça de Theodoro e seus renegados não era algo que eu podia subestimar. Minha alcateia estava sofrendo com essa maldita doença. Muitos lobos estão doentes, prejudicando nossa defesa. E Thalassa… aquela bruxa era um problema à parte. Mas o que agitava meu coração era o fato de eles estarem atrás da minha companheira, para usá-la em um ritual.
— Faça isso, filho. E mantenha-nos informados — respondeu meu pai, com um aceno de cabeça. Sua expressão era séria, mas havia confiança em seus olhos. Ele sabia que eu não deixaria a alcateia desprotegida.
Gaia se levantou, pegando uma maçã da mesa. Ela me olhou de relance, e por um instante nossos olhos se cruzaram. Havia algo ali — uma mistura de desconfiança e determinação. Eu queria dizer algo, talvez me desculpar de novo, mas ela desviou o olhar rapidamente e disse:
— Vou falar com Morgana agora. Quanto antes ela souber do plano, melhor. — Sua voz era cortante, como se quisesse manter a distância entre nós.
— Tudo bem. Me avise se precisar de algo — respondi, tentando soar neutro.
Mas Odin rosnava, insatisfeito por eu não ter beijado-a quando ela se virou para mim. Estávamos tão perto que seria fácil roubar um beijo. Mas Gaia me tratava com frieza, e eu não podia culpá-la. Depois de tudo que fiz, era um milagre ela ainda estar aqui, ajudando. Preciso ir com calma, mas sei que ela se sente atraída por mim. Ela somente assentiu e saiu da sala de jantar, deixando um vazio que eu sentia cada vez mais. Minha mãe me lançou um olhar e falou através da ligação mental:
— Não desista dela, Caspian. Ela logo vai ceder — comentou. Suspirei, balançando a cabeça, e saí da sala de jantar para ir ao escritório na sede da alcateia. Chamei Octávio mentalmente enquanto andava pelo corredor:
— Octávio — falei, e não demorou para ele responder.
— Sim, alfa — respondeu.
— Quero que me encontre na sede, em meu escritório, e convoque os líderes de cada setor de defesa da nossa alcateia. Ordene que compareçam à sala de reunião imediatamente — ordenei.
— O que aconteceu, Caspian? — perguntou, preocupado.
— Quando chegar ao escritório, te contarei — respondi.
— Já estou a caminho — disse, e finalizamos nossa conversa.
Enquanto caminhava para a saída da casa, minha mente estava a mil. Theodoro e seus renegados eram uma ameaça direta, mas Thalassa era o verdadeiro perigo. Gaia tinha razão: sem a bruxa, Theodoro ficaria vulnerável. Mas eu sabia que o enfrentar, mesmo sem sua companheira, não seria fácil. Ele era um lobo renegado, o líder deles, e era movido por ódio e loucura. E, como meu pai alertou, mexer com a companheira de um lobo podia torná-lo ainda mais perigoso.
Mal cheguei do lado de fora da mansão, Odin já rosnava dentro da minha mente, como um animal acorrentado querendo se libertar. Ele estava irritado por eu não ter investido mais com Gaia. Odin queria marcá-la o mais rápido possível e colocar o plano de Minerva em prática.
— Você não sabe como é bom te ver de pé e bem, meu amigo. Você deu um grande susto em todos — comentou e sorriu.
— Obrigado pela sua preocupação — falei, agradecido.
— Você sabe que sempre fui seu amigo, nunca desisti de você, mesmo quando andava rabugento e distribuindo coices por onde passava — falou, rindo. Arqueei a sobrancelha, a tempo que não escutava Octávio falar assim.
— Quem é você e o que fez com meu beta? — perguntei. Octávio ficou sério.
— Isso foi só um momento para descontrair. Agora me conte o que está acontecendo — respondeu. Octávio se sentou na cadeira à frente da minha mesa, e eu me sentei na minha cadeira.
Comecei a explicar tudo: contei tudo que havia acontecido na Floresta Tenebrosa, sobre os planos de Thalassa e Theodoro de invadir a alcateia e capturar Gaia, a conversa com Gaia, o plano dela para neutralizar Thalassa e a necessidade de preparar nossos guerreiros para enfrentar os renegados. Octávio ouvia com atenção, seus olhos estreitos, o punho cerrado, rosnando irritado enquanto processava as informações. Por fim, acalmando-se, comentou:
— O plano de Gaia é bom, mas arriscado — disse ele, por fim, cruzando seus braços. — Se ela conseguir tirar Thalassa do caminho, teremos uma chance contra Theodoro. Mas precisamos estar prontos para qualquer reação dele. Renegados não pensam como nós. Eles não têm lealdade, nem controle — afirmou.
— Eu sei — concordei, esfregando a nuca. — Por isso quero todos os guerreiros em alerta. Vamos reforçar as patrulhas nas fronteiras da alcateia. Quero sentinelas em todos os pontos de entrada, dia e noite. E precisamos treinar os mais jovens, caso a luta chegue até nós. Eu sei que essa doença enfraqueceu nosso exército, mas precisamos de todos que não estejam doentes — ordenei.
Octávio assentiu, já pegando um mapa da região que mantínhamos no escritório. Ele começou a marcar os pontos estratégicos onde poderíamos posicionar os guerreiros. Precisamos proteger essa alcateia, custe o que custar.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O ALFA ARREPENDIDO: QUERO MINHA EX-COMPANHEIRA DE VOLTA.