POV GAIA.
Saí da sala de jantar e segui para a edícula. Precisava ligar para minha bisavó e, principalmente, me manter longe daquele alfa que, do nada, resolveu investir pesado em me conquistar. Ele nem se importou com a presença dos pais para quase roubar um beijo. Descarado!
Tenho que ficar atenta. Caspian não está para brincadeira; ele realmente me quer de volta. Mas eu não o quero. O ar fresco do jardim parecia acalmar meus nervos. Respirei fundo, parando perto de um banco. Meu corpo traidor, porém, ainda tremia só de pensar naquele infeliz me tocando.
— Você está bem, Gai? — perguntou Minerva, sua voz ecoando de repente em minha mente, o que me assustou.
— Só estou um pouco cansada. Não dormi bem nos últimos dias — respondi, sendo sincera.
— Você deveria descansar um pouco. Teremos uma batalha pela frente, e nossa oponente é forte — disse ela, com apreensão na voz.
— Eu sei, Mi. Mas não posso descansar agora. Tenho que conversar com Morgana e ir ao hospital saber como estão os pacientes — retruquei.
— Entendo. Então, façamos assim: você faz tudo que precisa e depois descansa. Lembre-se de que faltam poucos dias para o nosso cio — alertou Minerva.
Fiquei apreensiva e peguei meu celular. Olhei o calendário e arregalei os olhos. Merda! Estive tão focada cuidando de Caspian por dois dias que nem notei que o dia do cio está se aproximando. A semana já está acabando, e amanhã será sábado. Na segunda-feira, será o primeiro dia do meu cio.
— Que bom que me lembrou, Mi. Com tudo que vem acontecendo, me distrai da data. Tenho que começar a fazer a poção. Ela precisa de dois dias para ficar pronta. Esse cio virá num péssimo momento — falei, enquanto caminhava até a porta da edícula. Destranquei-a e entrei.
Parei em frente ao sofá e me veio à mente a imagem de Caspian, ferido e quase sem vida. Um arrepio percorreu meu corpo. O sofá havia sido trocado — com certeza, obra de Aina. Sentei-me, olhei para o celular e digitei o número da minha bisavó, Morgana. Ela atendeu no segundo toque.
— Gaia, o que aconteceu? — perguntou Morgana, assim que atendeu.
— Oi, bisa. Preciso da sua ajuda — respondi.
— Estou a caminho — disse ela, desligando no mesmo instante em que ouvi uma batida na porta. Levantei-me e abri. Morgana estava parada ali, sorrindo para mim. Murmurei algumas palavras e permiti sua entrada na edícula.
— Você que sabe. Não vou criticar seus métodos de vingança. Sei que te ensinei muito bem como ser cruel — disse Morgana, rindo. — Mas você sabe que Thalassa não deixará essa derrota impune — alertou. Concordei com um aceno e continuei a contar:
— Bisa, Thalassa virá atrás de mim de qualquer jeito. Caspian me contou que ela precisa de nós dois para um feitiço. Ele, por sua linhagem especial, ela mencionou isso, mas não entrou em detalhes. Thalassa o sequestrou quando filhote pelo seu sangue, mas teve seus planos frustrados por Conrado. Quanto a mim, ela quer meu poder, a magia negra que corre em minhas veias. Disse a Caspian que busca a vida eterna — revelei. Morgana se levantou rapidamente, visivelmente irritada. Andou de um lado para o outro, estalando os dedos. Então, parou e me encarou.
— Aquela maldita não desistiu desse plano? — exclamou. Levantei-me também.
— Morgana, de onde você conhece Thalassa? — perguntei. Ela segurou minha mão, e voltamos a nos sentar.
— Thalassa foi escolhida por mim para ser minha aprendiz. Comecei a ensiná-la, mas enxerguei a escuridão e a maldade em seu coração. Descobri que aquela infeliz queria me derrubar e tomar meu lugar. Então, bani-a para a Floresta Tenebrosa. Thalassa desejava a vida eterna e ser poderosa o suficiente para se tornar a rainha das bruxas. Descobri também que ela usava magia de sangue para se manter jovem, sacrificando outras bruxas para alcançar seus objetivos — contou. Fiquei surpresa com a crueldade de Thalassa e as revelações da minha bisa. Morgana continuou:
— Não ouvi notícias dela por décadas. Quando soube algo, descobri que ela estava usando magia negra e espalhando a escuridão pela Floresta Tenebrosa. Ela quer e precisa do seu poder para completar seu ritual. Eu nunca me preocupei com seus objetivos, pois ela jamais teria o que precisava. Mas, quando descobrimos seu poder sombrio, comecei a me preocupar, porque você é exatamente o que Thalassa precisa para seus planos. Eu não queria que ela soubesse de você — explicou.
— Mas agora ela sabe e está vindo para a alcateia, atrás de mim. Preciso da sua ajuda, pois quero e preciso matar aquela maldita. Só assim poderei parar essa doença — afirmei, com frieza. Nunca imaginei que chegaria a esse ponto um dia.

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