POV GAIA.
Morgana agarrou minhas mãos com uma força que parecia querer ancorar minha alma. Seus olhos, profundos como o abismo, cravaram-se nos meus, e sua expressão endureceu, carregada de uma gravidade que fez meu coração pulsar mais rápido antes mesmo que ela abrisse a boca.
— Você não pode enfrentar Thalassa sozinha — afirmou, a voz firme, cortante como uma lâmina fria.
— Bisa, se teme que eu não consiga matá-la, fique tranquila. Posso acabar com Thalassa facilmente. Sou mais forte que ela. Não se preocupe — respondi, minha confiança ardendo como uma chama, embora uma sombra de dúvida tremeluzisse em meu peito, com as palavras de Morgana.
— Eu sei que você pode derrotar Thalassa. Não é por isso que estou preocupada — retrucou ela, o tom gélido, quase cortante, como se escondesse um segredo sombrio. Arqueei a sobrancelha, confusa, tentando decifrar a preocupação que dançava em seus olhos.
— Então o que te preocupa? — perguntei, a voz saindo mais baixa, como se eu temesse a resposta. Morgana respirou fundo.
— Gaia, você é uma alma boa. Tirar uma vida é algo terrível, um fardo que corrói. Quando ceifamos uma vida, perdemos um pedaço de nós mesmas. Temo que, ao fazer isso, você perca sua luz e sua parte sombria fortaleça. Não quero isso para você, meu amor. Thalassa está corrompida pela magia negra que pratica. E, quando morrer, tudo o que ela carrega pode passar para você. Quando ela te atacou, você absorveu algo, não foi? — questionou, sua voz, um sussurro carregado de urgência, que me fez engolir em seco.
— Sim, como você sabia? — perguntei, o choque roubando o ar dos meus pulmões. Ela suspirou, os ombros caindo como se carregassem o peso de um destino inevitável.
— Esse é um dos seus poderes obscuros. Você absorve e filtra essa magia. Mas temo que, ao perder sua luz, essa escuridão te domine — revelou, cada palavra como um golpe que ecoava em meu peito. Minha respiração ficou pesada, e me levantei, as pernas trêmulas, o chão parecendo instável sob meus pés.
— Eu queria entender por que tenho essa merda toda. Ninguém na minha família tem magia negra, nem na história da magia, alguém teve! Por que comigo? — Minha voz saiu trêmula, carregada de pavor e frustração, enquanto o medo do meu destino me engolia como uma onda implacável. Morgana se levantou e me envolveu em um abraço apertado, seu calor contrastando com o frio que tomava meu coração.
— Tenho pesquisado, procurado respostas desde que esse seu lado despertou. Ainda não encontrei nada. Mas não vamos nos desesperar. Primeiro, vamos lidar com Thalassa juntas. Eu não sou afetada pela magia negra e não tenho problema em acabar com ela. Eu não sou um ser bom, Gaia — disse, a voz firme, mas com um toque de tristeza que raramente deixava transparecer.
— Obrigada, Bisa, por estar do meu lado nesse momento e para mim, você é sim boa — falei, sentindo um nó na garganta. Ela assentiu parecendo emocionada. Mas não durou muito.
— Agora pare com esse drama. Me diga, do que precisa? — perguntou, voltando ao seu tom duro, como uma muralha que não se abala.
— Preciso colocar uma proteção na alcateia para que Thalassa não entre. Os Crescentes não têm condições de enfrentar aquela bruxa. Pensei em montar uma armadilha e levá-la para longe daqui. Assim, poderemos derrotá-la, e seu companheiro ficará vulnerável com sua ausência, assim Caspian, poderá derrotá-lo — revelei meu plano. Morgana me olhou como se eu tivesse acabado de sugerir algo absurdo, os olhos arregalados, quase incrédulos.
— Que companheiro? — perguntou, a confusão estampada em seu rosto.
— Thalassa é companheira do líder dos renegados, Theodoro — revelei. Morgana soltou uma risada seca, quase desdenhosa.
— Não acredito nessa piada. Aquela bruxa velha, com certeza, deu um jeito de fazer aquele idiota acreditar que são companheiros — comentou, o sarcasmo pingando de suas palavras.
— Por que diz isso, Bisa? Ela não pode fingir o laço de companheirismo — retruquei, franzindo o cenho.
— Existe um feitiço, mas é perigoso, pois interfere nos planos da Deusa Lua — respondeu, o tom carregado de desprezo pela ousadia de Thalassa.
— Você acha que Thalassa recorreu a esses meios? — perguntei, surpresa, sentindo um arrepio percorrer minha espinha.
— Com certeza. Aquela maldita não tem limites. A Deusa nunca daria um companheiro a ela. Isso é artimanha de Thalassa. E tenha certeza: assim que ela conseguir o que quer daquele infeliz, vai descartá-lo sem pensar duas vezes — afirmou, a voz carregada de convicção.
— O que acontece com Theodoro quando ela desfizer esse feitiço? — perguntei, a curiosidade misturada a um estranho pressentimento.
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