O ALFA ARREPENDIDO: QUERO MINHA EX-COMPANHEIRA DE VOLTA. romance Capítulo 91

POV GAIA.

O ar na sala parecia carregado, como se o próprio tempo soubesse que algo monumental estava prestes a ser revelado. Minha bisavó, soltou um suspiro profundo, seus olhos brilhando com memórias antigas e segredos que pareciam pesar em sua alma. Ela respirou fundo, como quem se prepara para desenterrar um tesouro há muito esquecido, e começou a falar:

— Tudo que sei, minha querida, foi lido num pergaminho ancestral, tão velho que suas bordas pareciam se desfazer ao toque. Encontrei-o em uma das minhas andanças pelo mundo, quando eu era somente uma jovem bruxa, sedenta por desvendar cada canto desse planeta, atrás de segredos guardados a sete chaves. Numa dessas viagens, guiada por um pressentimento, cheguei a um templo esquecido, dedicado à Deusa Lua, escondido nas entranhas de uma floresta congelada no Canadá. Lá, encontrei uma passagem secreta, quase como se ela me chamasse. E, no fim dela, estava o pergaminho. — Sua voz tremia com uma mistura de reverência e emoção.

— No primeiro momento, não consegui decifrar as palavras, escritas em uma língua morta há séculos. Voltei para casa e pedi ajuda à minha mãe, a rainha Medea. — Falou. Ela fez uma pausa, e um brilho nostálgico atravessou seu rosto, como se visse a mãe diante de si.

— Você quase não fala dela, bisa — comentei, inclinando-me para frente, ansiosa. Eu amava as histórias de Morgana; cada uma era como um portal para um mundo de mistério e magia.

— Minha mãe era… aterrorizante, mas me amava e eu a ela. Se acham que sou má, é porque nunca conheceram Medea. — Ela riu, um som rouco e genuíno. — Mas, por trás daquele temperamento de trovão, ela tinha um senso de humor afiado. Eu ria até chorar com suas piadas. Mas agora não é hora de falar dela. Prometo que outra hora te conto como ela espalhava o caos com um sorriso. — Seu olhar brilhou com malícia.

— Vou cobrar essa história! — falei, sorrindo. — Mas agora, por favor, me conta sobre a linhagem do Caspian. — Pedi. Morgana assentiu, seus olhos se estreitando com seriedade.

— Minha mãe era uma enciclopédia viva de sabedoria arcana. Conhecia idiomas e escrituras que o tempo havia engolido. Quando ela leu o pergaminho, seus olhos se arregalaram de espanto. Ela já ouvira rumores, sussurros fugazes entre os anciãos, sobre aqueles mencionados no texto: os Lobos da Luz. — Sua voz baixou, como se temesse que as paredes ouvissem.

— Lobos da Luz? — perguntei, franzindo a testa. — Nunca ouvi falar deles. — Comentei.

— Não me surpreende — respondeu Morgana, com um sorriso enigmático. — E vou te contar o porquê. — Ela se ajeitou no sofá, como uma contadora de histórias prestes a revelar um segredo que mudaria tudo. Acomodei-me no meu lugar, meu coração acelerando, pronta para mergulhar em mais uma de suas narrativas envolventes.