POV GAIA.
Perguntei, mas, no fundo do meu coração, já tinha minha resposta. Minha bisa me observou com atenção, como se quisesse sondar minha mente. Ela deu de ombros, como se não ligasse, e falou:
— Tudo indica que sim — respondeu Morgana, com um tom sério. — Thalassa precisaria do sangue de um lobo da luz para realizar esse ritual de imortalidade. Quando eu a treinava, cometi o erro de contar sobre os Lobos da Luz. Fiquei obcecada por essa história depois de encontrar o pergaminho. Vasculhei o mundo atrás de mais pistas, mas não encontrei nada. — Sua expressão endureceu, como se revivesse a frustração daqueles dias.
— Você não poderia saber que Thalassa se tornaria esse monstro — falei.
— Ela era uma dissimulada, e eu não enxerguei. Nem percebi seu interesse incontrolável pelos Lobos da Luz. Thalassa se interessou pelo ritual para alcançar a vida eterna, mas não me importei, pois ela nunca conseguiria, já que os Lobos da Luz não existiam, e uma bruxa com magia negra, também não. Mas eu não poderia estar tão errada. — comentou, irritada.
— Bisa, como você sabe tanto sobre eles? Eu acredito que o pergaminho não continha todas essas informações. E, se tivesse, seria um livro, e você disse que encontrou somente um pergaminho, não vários — questionei, intrigada. Morgana sorriu, um sorriso astuto que eu conhecia bem.
— Você me conhece, querida, e sabe que tenho meus meios para descobrir tudo que quero. Falei com muitos seres por aí, mas ninguém sabia de nada. Então pensei: se os vivos não falam, os mortos sempre têm algo a dizer. — Seu sorriso se alargou, quase travesso.
— Você recorreu aos mortos? — perguntei, boquiaberta, sentindo um arrepio.
— Exatamente. Fiz um ritual de invocação e conversei com os anciãos que viveram na era dos Lobos da Luz. Eles me contaram tudo que eu queria saber, claro que tive que dar algo em troca. — Ela fez uma pausa, seus olhos se estreitando.
— O que você deu em troca para eles falarem? — perguntei, curiosa. Nunca se sabe quando vou precisar recorrer aos mortos.
— Nada de mais. Eles queriam dar uma voltinha por aí e lembrar de quando eram vivos. Então, deixei que vagassem pelo mundo por uma semana. E foi uma loucura — falou, rindo. — Os casos de pessoas vendo assombrações aumentaram — contou, animada.
— Você não tem jeito, bisa — comentei e sorri.
— Fazer travessura ocasionalmente é bom para sair da rotina — falou, debochada.
— Sei — respondi.
— Mas deixemos as risadas para depois. Você disse que Thalassa sequestrou Caspian, certo? Então, ela deve ter testado o sangue dele para confirmar que era um lobo da luz. Mas como ela o encontrou? Isso é o que preciso descobrir — comentou.
— E como ela soube como identificar o sangue de um Lobo da Luz? — perguntei, sentindo um nó no estômago ao pensar no que aquela maldita havia feito com um filhote por poder.
— Essa informação eu nunca revelei a ela, pois eu não sei. A menos que Thalassa tenha usado os mesmos métodos que eu: os mortos. — Morgana franziu a testa, claramente incomodada.
— Ela falou com os mortos — afirmei, a certeza pesando em minha voz.
— Exatamente — confirmou Morgana, com um aceno. — Temos que arrancar essa informação dela antes de matá-la e saber quem mais sabe disso — falou.
— Sim. Mas ainda resta a pergunta: quem é a loba prometida? — questionei, meu coração disparando com as possibilidades. Morgana me encarou, um brilho debochado nos olhos.
— Sério, querida? Você ainda não sabe? Pensei que fosse mais esperta. Ficar perto desse alfa está te deixando lenta — comentou, com um tom que misturava provocação e certeza.
Olhei para ela, confusa, mas o ar logo pareceu ficar preso na minha garganta. Então, como um raio, a ficha caiu. Meus olhos se arregalaram e, gaguejando, murmurei:
— Sou eu? Não… sério? — Minha voz tremia, enquanto o peso da revelação me atingia como uma onda, deixando meu coração acelerado.
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