POV GAIA.
Chegamos à mansão, e Vânia caminhava ao meu lado, ainda um pouco tensa, olhando para a imensa construção como se fosse a primeira vez que a via de perto. Minhas sombras nos escoltaram até a porta da edícula, mas eu os dispensei com um aceno, garantindo que estaríamos seguras na edícula. Eles hesitaram, mas obedeceram, postando-se do lado de fora. Revirei os olhos com esses dois no meu pé, para onde quer que eu vá.
— Vamos entrar. Aqui tenho tudo o que precisaremos: ervas, potes e espaço para trabalhar — falei, guiando Vânia para dentro. Ela assentiu.
Ao entrarmos na edícula, acendi as luzes e comecei a organizar as ervas que o pai de Vânia já havia colhido antes. O ar estava impregnado com o cheiro terroso e herbal, que sempre me acalmava. Expliquei a Vânia o processo: moer as raízes, misturar as folhas secas com essências mágicas e infundir tudo com um feitiço simples para potencializar os efeitos.
— Você cuida de picar essas folhas aqui, enquanto eu preparo a base — sugeri, entregando-lhe uma faca e uma tábua.
Vânia se acomodou na mesa, trabalhando com cuidado, mas logo pegou o ritmo. Eu a observava de vez em quando, notando como suas mãos tremiam levemente no início, mas se firmavam à medida que se concentrava. Parece que ela leva jeito. Quem sabe eu a ensine a fazer remédios?
Começamos devagar, medindo porções exatas para evitar desperdícios. Usei minha magia para acelerar a infusão: estendia as mãos sobre as misturas, murmurando encantamentos que faziam as ervas brilhar fracamente, como se absorvessem uma luz interna. Vânia me olhava fascinada, fazendo perguntas sobre as propriedades de cada planta.
— Essa raiz aqui neutraliza toxinas, não é? Meu pai usava algo parecido no jardim para afastar pragas — comentou ela, enquanto moía uma porção.
— Exato. E com o feitiço, ela se torna uma barreira contra a doença. Veja — respondi, demonstrando como o pó se transformava em uma pasta viscosa ao toque da minha energia mágica.
Trabalhamos sem parar, o tempo voando enquanto pilhas de remédios se acumulavam. Conversamos sobre a alcateia, sobre o jardim da mansão e até sobre histórias da infância dela como filha do jardineiro. Isso ajudou a relaxá-la, e, lentamente, sua apreensão inicial se dissipou, substituída por foco e determinação. O sol se pôs, e acendemos lâmpadas extras para iluminar o espaço. Minhas sombras — os seguranças — checavam de tempos em tempos pela janela, mas eu os ignorava, imersa no processo.
A noite chegou e a lua já brilhava no céu, sua luz invadindo pela janela. Finalizei o último frasco de remédio. Havíamos produzido remédios suficientes para toda a alcateia, frascos alinhados em fileiras na mesa, cada um pulsando com a magia que eu infundira. Suspirei de alívio, limpando o suor da testa.
— Pronto, Vânia. Isso vai proteger todo mundo até darmos um fim em Thalassa — falei, sorrindo para ela.
— Foi incrível ver você trabalhar com magia. Nunca imaginei que fosse assim — respondeu ela, exausta, mas com um brilho de admiração nos olhos.
Começamos a limpar tudo: lavando os utensílios, guardando as sobras de ervas e varrendo o chão. O clima na edícula estava ótimo, nossa risada ecoava no ambiente. Tudo estava descontraído. Eu contava a Vânia as loucuras que minha amiga Belle costumava fazer, e ríamos juntas, sem parar, até nossos olhos lacrimejarem. Mas, ouvi passos pesados se aproximando da porta. Vânia congelou, os olhos se arregalando, e eu senti sua tensão voltar como uma onda. O cheiro familiar de Caspian invadiu o ar antes mesmo de ele entrar.
A porta se abriu, e lá estava ele, alto e imponente, com uma expressão curiosa misturada a algo mais intenso nos olhos. Vânia se endireitou imediatamente, baixando a cabeça em respeito, as mãos tremendo enquanto segurava um pano de limpeza. Seu rosto empalideceu, e eu podia sentir o nervosismo dela irradiando, como se estivesse diante de uma autoridade absoluta que raramente via de perto.
— Gaia… O que está acontecendo aqui? — perguntou Caspian, o tom grave, mas não hostil. Ele parecia curioso com nossa risada, enquanto seus olhos varriam o espaço lotado de frascos.
POV CASPIAN.
Saí da sede da alcateia, e já era noite. Fui direto para minha mansão. Estava cansado, mas sabia que toda a minha exaustão sumiria assim que visse minha companheira. Entrei em casa e ouvi meus pais conversando em algum lugar da cozinha. Caminhei até lá, passando pela sala de jantar, onde eles não estavam. Segui suas vozes até a cozinha. Quando entrei, encontrei minha mãe cozinhando e meu pai cortando legumes. Fiquei surpreso com a cena.
— Mãe, pai — chamei, pois estavam tão distraídos que nem notaram minha presença.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: O ALFA ARREPENDIDO: QUERO MINHA EX-COMPANHEIRA DE VOLTA.