— Só um segundo — respondi. Vesti uma blusa de gola alta e atendi.
Surpreendentemente eram Vivian e Alice, que entraram me dando fortes abraços.
— Garota, você tá mal — Vivian comentou, me olhando de cima a baixo. — E essa blusa é horrível.
— O que te deu, Nicole? Você sumiu sem dar notícias, ficamos preocupadas.
— Eu só não estou muito bem. Acho que estou gripada.
— É, você parece gripada. Se quiser, podemos ir ao médico com você.
— Agradeço, Vivian, mas não é necessário. Já estou me medicando.
— Ok? Tem certeza que não quer nos dizer nada? — Alice comentou, sentando-se na minha cama.
— Hã.... não... Como disse, apenas estou mal por causa da gripe. — Tentei não as encarar para que não percebessem minha mentira.
— Hei, Nicole, por quanto tempo vai continuar com isso? Nós já sabemos. É impossível não perceber quando olhamos para você.
Olhei para Vivian, suando frio.
— Eu sinto muito, meninas. Pensei que daria certo, nunca imaginei que chegaria a esse ponto. Eu queria, pelo menos uma vez... — Desabei em lágrimas.
— Shiiii. Ei, mas não é certo ficar fugindo do Mateus. Ele vai acabar falando com a sua mãe. Ter regras não é ruim. — Vivian rolou os olhos.
— Cedo ou tarde, você ter que assumir a empresa da sua mãe. Não fique assim, isso pode ser bom para você.
O que? Como assim? Pensei que elas estavam falando de Luck, mas elas achavam que eu estava mal porque teria que ir embora. Pensavam que estava surtando porque não queria mais aceitar as regras de Madeleine.
— Quando chegamos à Starbucks ontem e não te encontramos, ligamos para o seu celular e você não atendeu. Em seguida, ligamos para Mateus ele disse que a havia deixado lá meia hora antes. Não quisemos criar alarde, então dissemos para ele que, provavelmente, você precisava de um tempo sozinha para se acostumar com o fato de que terá que ir embora.
— Claro, fizemos isso depois de ligar para a escola para verificar se alguém tinha te visto subir. Eu sei que não é fácil — Alice me deu um abraço de urso. — Mas podemos nos ver durante os finais de semana. Não precisa quase nos matar do coração. — Ela afrouxou o abraço e limpou minhas lágrimas. — Bom, agora chega dessa conversa mórbida. Que tal almoçarmos juntas hoje?
Fiz uma cara de poucos amigos e neguei.
— Nicole, isso é uma intimação, vamos aproveitar nossos dias juntas. — Vivian fez um biquinho dramático.
— Verdade! Você vai nem se for arrastada! — Alice levantou da minha cama me encarando.
— Tá bom — acabei concordando, já que elas estavam irredutíveis. Fingi tampar meus ouvidos quando elas gritaram, histéricas.
Na hora do almoço, apenas belisquei a comida, eu havia perdido o apetite. Meu corpo estava lá, mas meus pensamentos, em Luck.
Passamos o restante das três semanas e meia comprando coisas para minha viagem, atualizando o guarda-roupa, tirando passaporte. Eu não era de gastar muito, mas foi uma forma de esquecer tudo o que se passou e seguir em frente.
Naquela manhã eu estava péssima, não sei exatamente se era porque faltavam apenas três dias para que eu fosse embora ou porque não estava comendo muito bem. Eu estava empacotando em caixas o restante das coisas que faltavam para enviar para lá. Vivian e Alice insistiram para que eu contratasse alguém que fizesse aquilo por mim, mas eu não quis, não tinha muita coisa. Além do mais, quanto mais distraída eu ficasse, melhor.
Estava prestes a empilhar a última caixa quando uma onda de vertigem me pegou. Apoiei minhas mãos na caixa, tentando me segurar, mais estava muito tonta. Caí sentada no chão. Eu via tudo rodando, custei a conseguir enxergar com clareza normalmente. Outra onda de vertigem me atingiu e eu corri, ainda zonza, em direção ao banheiro, mas vomitei antes de conseguir chegar ao vaso. Deus, eu estava mal. Sentia ondas de frio subindo pela minha pele, enquanto vomitava. Quando meu corpo acalmou, deitei no chão frio do banheiro, enquanto sentia meu estômago doer e ondas de vertigem irem e virem. Eu só podia estar morrendo, sem dúvida, não me lembro de ter passado tão mal em toda minha vida. Eu precisava pedir ajuda. Peguei o meu celular com as mãos trêmulas e disquei o primeiro número da minha lista de chamada. Vivian demorou para atender, ela e sua mania de cantar a música antes de atender a ligação. Caixa postal.
— Droga! — Agarrada ao vaso, vomitei novamente. Meu telefone tocou. Atendi no primeiro toque, sujando a tela de vômito por causa dos dedos sujos.
— Vivian... — eu disse. — Por favor, preciso de você.
— Ok? Está no seu quarto?
— Sim... — respondi, antes de vomitar novamente e, mais uma vez, deitar
no chão frio.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: O bebê do bilionário
Cadê o resto dos capítulos?...