Haviam se passado pelo menos um mês e eu praticamente não tive tempo de assimilar o que se passou. No dia que sucedeu a festa de formatura, acordei tarde e passei o restante do dia me sentindo mal por causa da ressaca. Pensei em Luck também em boa parte do dia. Meu primeiro e único sentimento por pelo menos três semanas, foi vergonha, depois raiva, de mim, de Luck e até das minhas amigas por me deixarem beber.
Depois disso, decidi que eu quis aquilo. Eu sempre fui atraída por Luck e talvez na hora tenha sido bom. Eu estava bêbada e provavelmente não administrei bem as minhas emoções na hora. E por isso estava achando que a situação era pior do que realmente era.
Pensei em até ligar para Luck, tentar um segundo encontro sem bebidas para ver se funcionava. Acabei desistindo quando recebi uma mensagem de Madeleine dizendo que me daria cerca de um mês para organizar as coisas e me mudar para lá, para que pudesse, enfim, me organizar para a faculdade.
Eu, Vivian e Alice quase não nos falamos naquelas semanas, elas estavam muito ocupadas recebendo as respostas das faculdade e, como não mencionaram mais nada sobre a noite da nossa formatura, também optei por não comentar, não havia motivos para alarde, muito menos para ouvi-las dizendo que tinham me avisado, como se eu fosse uma criança. Estava meio decepcionada e envergonhada pelo rumo das minhas atitudes. Eu era conhecida pelas minhas amigas por ser equilibrada, mas bastou alguns copos de bebida para que eu fosse imprudente por aí. Resolvi, então, não contar a elas. Aquilo seria algo somente entre eu e Luck. Caso conseguíssemos nos encontrar e esclarecer as coisas, aí sim, eu contaria tudo.
Mais tarde naquele mesmo dia, recebi uma ligação de Vivian, marcando um encontro no Starbucks. Eu não estava muito animada para sair desde que meu cérebro começou a assimilar que eu havia levado um grande fora. Luck aparentemente visualizava todas as minhas mensagens nas redes sociais, mas não fez questão de responder nenhuma.
E foi só por isso que aceitei o convite delas.
Saí pontualmente às 17h, quando Mateus me enviou uma mensagem. Cheguei na Starbucks e sentei na mesa em que tinha costume de sentar. A cafeteria estava com movimento normal de final de semana. Fiz o pedido de um cappuccino enquanto elas não chegavam. Degustei minha bebida ainda olhando o cardápio, já escolhendo o que pediríamos quando elas chegassem. Meu olhar acabou se perdendo no casal que estava sentado na mesa à minha frente. Uma mulher loira, cerca de vinte anos, elegante, estava com rosto corado, enquanto sussurrava algo aparentemente inocente para o seu namorado. Ela passava a mão entre os cabelos, sua pulsação do pescoço acelerado, pequena camada de suor cobrindo sua testa enquanto ela sorria. Foi então que percebi, ele a alisava descaradamente por baixo da saia. Pelo meu ângulo de visão, era claro oque estava acontecendo. O problema é que estávamos de dia em um local público e tinham inclusive crianças no estabelecimento. Porra! Só pode ser brincadeira. Eles não estavam mesmo “masturbando” em público.
A raiva cresce dentro de mim, preciso de tudo em mim para não explodir. Eu já havia ouvido dizer que não há limites para os apaixonados, mas isso? Isso era imoral e decadente, o estabelecimento não estava cheio e a família com crianças, distraída demais para ver, mas eu estava vendo, e isso bastava. Se qualquer um sentasse na mesma direção que a minha, teria a mesma visão que eu.
Quando uma pequena gota de suor escorreu do seu rosto e ela soltou um gemido abafado, tive certeza do que estava acontecendo. Olhei para os lados para ver se mais alguém estava notando aquela cena. Nada. Tudo em volta parecia funcionar perfeitamente, as pessoas sendo servidas, o velho movimento de entra e sai. Ok, ninguém estava vendo. O que não significa que eu tinha que ver. Levantei indignada, pronta para tomar satisfações com o casal. Dei a volta na mesa e, quando me aproximei, percebi que era ninguém menos que Luck Petrelli.
— O quê?! — Disse, mirando seus olhos.
Assustados com a intromissão, ele retirou a mão rapidamente e a apoiou sobre a mesa.
— O que tá acontecendo aqui? — eu disse com firmeza. Eles continuaram a me olhar como se não estivessem fazendo nada.
— Desculpe, eu não sei do que está falando — a mulher loira comentou com deboche.
— Sério? — eu a interrompi, dando as costas para ela e me virando para Luck.
— Luck... — sussurrei, olhando para ele, que me olhava como se não estivesse entendendo.
— Que porra é essa? — ele respondeu em um tom grosseiro. Sua face estava tomada pela raiva.
— Oque você está fazendo? — Questionei como se nós dois tivéssemos algum grau de intimidade.
— Amor, o que tá acontecendo aqui? — Ela se levantou, ficando entre nós. — Você a conhece, por acaso? Quem é ela? O que ela quer? — Ela cuspiu uma sequência de perguntas sem dar espaço entre elas.
— Amor? — sussurrei, olhando para ele, sentindo confusão instantemente. Eu definitivamente não sabia que ele tinha alguém. Foi um choque tão grande para mim, que uma onda de vertigem me atingiu.
Ele estreitou os olhos, fechando a boca e estalando o maxilar. Eu nunca havia visto aquela face furiosa de Luck, nem no dia em que dormimos juntos. senti-me como uma gazela indo ao encontro do lobo.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: O bebê do bilionário
Cadê o resto dos capítulos?...