Marta sente como se a sua alma estivesse se despedaçando junto com os fragmentos do porta-joias que jazem no chão frio. As suas mãos tremem enquanto tenta recolher os cacos, mas logo desiste. O pranto convulsiona o seu corpo, e ela sente o peso esmagador da humilhação. Engolida pelo desespero, arrasta-se até o próprio quarto, suas pernas mal sustentando o peso do corpo. Ao encostar-se à parede, desliza até o chão, os soluços rasgando a sua garganta.
— Onde foi que eu errei? — murmura, a sua voz fraca se perdendo na imensidão solitária daquele quarto onde havia começado a cultivar a esperança de uma vida melhor, e que agora, não era mais o seu pequeno espaço no mundo.
Depois de longos minutos, em um impulso, ela reúne o que resta da sua dignidade. O corpo ainda treme, mas ela se obriga a ficar de pé. Entra no banheiro e deixa a água quente escorrer sobre o seu corpo esguio, tentando, de forma desesperada, lavar a dor. Quando sai, veste-se com pressa, pega sua velha mala, a mochila desgastada e coloca os seus pertences. O coração martela no peito. Sabe que precisa ir antes que Jonathan resolva humilhá-la mais uma vez. Então, dá uma última olhada no lugar onde se sentiu feliz por uns dias e sem se lamentar, se apressa pelos corredores da mansão, as lágrimas ainda molhando o seu rosto.
Ao dobrar o corredor, quase esbarra em Eduardo. Ele arregala os olhos ao vê-la naquele estado deplorável. Sem hesitar, a puxa para um abraço forte, eles ficam ali, juntos, alguns minutos, sem dizer nada. Marta desmorona, seu corpo se rendendo à exaustão emocional. Eduardo desliza os dedos pelos cabelos dela, tentando acalmá-la. Quando os soluços cedem, ele a encara com suavidade.
— O que aconteceu, Marta?
Ela tenta falar, mas a voz embarga. Fecha os olhos, respira fundo e, entrecortada pela dor, conta tudo o que aconteceu. Falar sobre Jonathan e a sua ira faz o seu coração disparar novamente, e ela se sente fraca. Eduardo aperta seus ombros, tentando sustentá-la.
— Eu não tenho mais nada. Não tenho para onde ir. Meu endereço agora são as ruas de São Paulo… — sussurra, sem esperanças.
Eduardo balança a cabeça negativamente.
— Você nunca deveria ter entrado naquele quarto, Marta. Mas agora não adianta lamentar. Vamos conversar mais tarde. Eu vou te ajudar.
Enquanto isso, Jonathan afunda a sua fúria em goles generosos de whisky. Ele não consegue esquecer a cena de Marta naquele quarto. O susto que levou ao vê-la ali, tocando os objetos de Aira com tamanha suavidade, parecia encantada com tudo que encontrou naquele quarto e isso fez o seu coração galopar no peito, e principalmente ao notar a semelhança entre as duas, para ele, foi como se as duas mulheres estivessem ali, lado a lado. Mas a ira falou mais alto, se sentiu invadido.
Jonathan pega o copo vazio com um olhar sombrio. Ele respira fundo, mas o ar parece preso em seus pulmões, sufocante. O gosto amargo da bebida queima a sua garganta, mas não o suficiente para dissipar o nó em seu peito. Marta. Aquele nome agora é um veneno que escorre por sua mente, corroendo o que restava de seu controle.
Ele se amaldiçoa. Por que, diabos, aquela garota insignificante tem tanto poder sobre ele? Por que a simples visão dela naquele quarto, no santuário de Aira, o fez perder completamente a cabeça? Ele a viu ali, tão vulnerável, e, ao mesmo tempo, tão parecida com Aira que o seu coração traiu a razão.
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