O dia começa como todos os últimos, com Jonathan acordando antes que a luz toque o rosto de Marta. Ele observa por alguns minutos a tranquilidade adormecida dela, o vai e vem ritmado da respiração, o traço suave da boca entreaberta. É ali que ele encontra refúgio e tormento ao mesmo tempo. O amor o embriaga, mas a lembrança do perigo o acorda antes do amanhecer.
O café da manhã chega pontualmente às oito, entregue por uma funcionária de confiança. Jonathan cuida de tudo pessoalmente, da escolha do cardápio até o teste dos sensores da cozinha antes de autorizar qualquer aproximação. Quando Marta se senta à mesa, ele já está lá, esperando com a serenidade treinada de quem esconde o caos por dentro.
— Eu te disse que podia preparar alguma coisa — ela comenta, com uma ponta de frustração carinhosa. Está usando um robe claro, os cabelos meio soltos, o curativo sob a roupa mal disfarçando o incômodo.
Jonathan sorri, mas não cede.
— E eu te disse que não quero você de pé por mais de dez minutos. Está no contrato. — Ele se aproxima e beija-lhe o ombro descoberto com carinho. — Descansa por mim. Me deixa cuidar de você, Marta. Não só agora. Sempre.
Ela sorri, vencida, mas toca o rosto dele com ternura.
— Você já cuida até demais, amor. Mas eu entendo. E sim… pode pedir o café. Só hoje.
Enquanto Marta passa a manhã entre leituras, descanso e algumas mensagens trocadas com Islanne, Jonathan se fecha no escritório. O espaço é silencioso, moderno, com painéis de vidro fumê e telas múltiplas. Ao fundo, o céu começa a clarear com lentidão.
A videoconferência com Islanne começa às dez. A tela se acende e ali está ela: imponente, maquiada com precisão cirúrgica, um blazer escuro e o olhar de quem já venceu três batalhas antes do café.
— Bom dia, Jon. Você parece... mais cansado do que ontem. — A voz dela vem com um misto de sarcasmo e preocupação genuína.
— Dormir com um olho aberto consome energia. Mas estou bem. E você? Algum incêndio novo?
— Todos controlados. — Ela faz um gesto breve, enquanto abre um arquivo no notebook. — A auditoria na Argentina bateu. Os números estavam inflados, mas ajustamos. A filial de Campinas reverteu o prejuízo do último trimestre com a campanha que autorizei. E o contrato com os coreanos foi assinado ontem à noite.
Jonathan assente, sem esconder o alívio.
— Você está segurando tudo com firmeza. Obrigado.
— Não faço por você. Faço pela empresa. Mas sim, é bom ver que você reconhece. — Ela solta um sorriso curto. — Agora posso te cobrar um presente decente no meu aniversário.
Jonathan ri pela primeira vez em horas.
— Já está separado. Mas se quiser algo mais, peça logo. Antes que eu tenha que vender metade do grupo para bancar o sistema de segurança da mansão.
Islanne revira os olhos.
— Falando nisso, mandei os relatórios do setor de segurança corporativa. Tô pensando em investir em IA para controle interno também. Assim o sistema detecta sabotagem por comportamento e não só por acesso.
— Aprovado. Faça uma estimativa de custo. E se for bom, replicamos nas outras sedes.
Ela sorri satisfeita. E nesse momento, Dante aparece ao fundo, passando com uma caneca de café e uma camisa preta dobrada até os cotovelos.
— Esse aí virou parte da mobília? — Jonathan comenta, divertido.
— Talvez. — Islanne responde, disfarçando com o mesmo sarcasmo elegante de sempre. Mas há um brilho diferente nos olhos dela.
Quando a ligação termina, Jonathan se recosta na cadeira, balançando a cabeça com um riso leve.
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