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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 99

A madrugada cai densa sobre a mansão Schneider como um véu de chumbo. O céu sem estrelas reflete o estado de alerta permanente que paira sobre a propriedade. Há algo de pesado no ar, não é apenas escuridão, é tensão, é um silêncio que não traz descanso. A mansão dorme, mas Jonathan não.

Ele caminha pelos corredores silenciosos com passos firmes, o olhar afiado como lâmina. Desde a tentativa de sequestro, algo nele mudou. Dormir profundamente virou um luxo perigoso. Confiar, uma ousadia que ele não pode mais se permitir.

— Verifica de novo a área dos fundos e os sensores da entrada lateral — ordena, ao chefe da segurança, sem perder o tom controlado. — Qualquer movimentação fora do padrão, eu quero saber. Imediatamente. Sem filtro. Sem hesitação.

— Sim, senhor. A ronda foi reforçada. Os homens estão com rádios novos, visão térmica e drones de patrulha no perímetro externo. A cerca perimetral está com nova carga elétrica, dentro do nível permitido por lei.

Jonathan assente, mas seus olhos continuam em movimento. Ele passa para a sala de segurança, onde múltiplas telas exibem imagens ao vivo dos arredores da mansão, os portões, o jardim, os fundos, a garagem e o heliponto. Ele se aproxima da tela central, franzindo o cenho diante de uma imagem ligeiramente pixelada.

— Essa câmera aqui... tá com atraso de três segundos. Corrige isso. Troquem o cabo ou o sistema, se for preciso.

— Estamos testando uma nova tecnologia de resposta em tempo real — explica um dos analistas. — Posso pedir uma atualização do software ainda hoje.

— Faça isso. — Jonathan cruza os braços, os olhos frios. — Quero um protocolo de resposta otimizado. Se alguém cruzar aquela cerca, mesmo com uma folha na frente, eu quero saber antes de pisar no chão. E quero que vocês saibam antes de mim.

O coordenador da equipe de segurança limpa a garganta, um pouco tenso, mas corajoso.

— Senhor, com todo respeito... eu conversei com um fornecedor que está lançando um sistema de reconhecimento térmico com inteligência artificial. Ele rastreia padrões incomuns de movimento corporal e alerta automaticamente se identificar comportamento hostil.

Jonathan o encara por um momento. Depois, dá um pequeno sorriso raro, mas sincero.

— Gosto de iniciativa. Faça o orçamento. Quero esse sistema testado em no máximo uma semana.

— Sim, senhor.

— E mais uma coisa — completa Jonathan, ativando o acesso remoto pelo celular, digitando seu código de segurança. — Quero os relatórios de ronda enviados para o meu celular a cada três horas. Revezem as equipes com inteligência. Turnos noturnos reforçados por tempo indeterminado. Sem exceções.

Ele só deixa a sala quando sente que a tensão alheia já é suficiente para manter tudo funcionando como uma máquina bem lubrificada. Mas mesmo assim, ele sabe que o controle é uma ilusão necessária.

Porque lá em cima, no quarto, está Marta. E ela é a razão de cada medida, de cada vigilância. É por ela que ele respira.

O ambiente do quarto é outro mundo. Suave, aquecido, envolvido por uma penumbra acolhedora. Ao abrir a porta com cuidado, o semblante de Jonathan se suaviza como se largasse uma armadura invisível.

Marta está sentada na cama, travando uma batalha silenciosa com os botões da camisa de dormir. Os curativos no pulso e joelhos, e os hematomas recentes ainda limitam seus movimentos. Ela morde o lábio com frustração, mas ao vê-lo, suspira e sorri, sem querer.

— Teimosa — ele murmura, deixando a porta fechar suavemente atrás de si. O tom de voz é de afeto e exaustão.

— Eu só queria estar arrumada antes de você subir... — ela resmunga, abaixando os olhos, sem conseguir esconder a ternura.

Sem responder, Jonathan se aproxima e se ajoelha diante dela. Os dedos fortes se movem com delicadeza incomum enquanto desfaz os botões um a um, como se cada gesto fosse uma oração. Ele observa os pequenos sinais da dor, a tensão muscular involuntária.

— Você não vai fazer nada, entendeu? — diz com a voz baixa, mas firme. — Eu vou pedir as refeições, cuidar de tudo. Você só descansa.

— Jonathan... — ela começa, tentando argumentar.

— Eu fiz o jantar — ela interrompe suavemente. — Com amor. É o meu jeito de cuidar também, mesmo que você ache que é exagero.

Ela o beija, leve, mas com intensidade emocional. Uma promessa silenciosa passa entre eles. E mesmo com o desejo pulsando sob a pele, Jonathan apenas a segura firme, respeitando seus limites, esperando o tempo certo.

O amanhecer chega lentamente, filtrado pelas cortinas espessas do quarto. Jonathan desperta primeiro, como sempre. Marta ainda dorme, os cabelos espalhados pelo travesseiro, um ombro exposto, os lábios entreabertos. Ele se senta à beira da cama por um instante, apenas para contemplá-la.

Silencioso, veste-se e caminha até a sala de segurança, onde confere o relatório da noite. Tudo tranquilo. Nenhuma ocorrência. Mas sua mente, programada para antecipar ameaças, segue em alerta constante.

De volta ao quarto, encontra Marta já acordada, ainda sonolenta, mas sorrindo ao vê-lo.

— Achei que ia fugir — ela diz, com a voz rouca.

— Fugir de você? Jamais. Só fui ver se nosso castelo está protegido — responde ele, beijando-lhe a testa. — Dormiu bem?

— Dormi. E você?

Ele hesita, mas sorri de canto.

— Quando você está aqui, sim.

Ela o puxa levemente pela mão, trazendo-o de volta à cama.

— Então fica. Só mais um pouco.

Jonathan se deita ao lado dela, apertando-a contra o peito como se, ali, pudesse protegê-la de tudo. E naquele instante, o mundo inteiro parece suspenso, só existem eles dois. Duas almas feridas que, finalmente, encontraram refúgio um no outro.

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