A noite começa como uma pintura inacabada, com pinceladas suaves de luz atravessando as cortinas da cozinha. Lá dentro, Marta e Jonathan estão envolvidos em algo que vai além da culinária. Estão brincando com o tempo, desafiando a pressa do mundo moderno com gestos ternos, quase infantis, mas cheios de significado. O cheiro do brigadeiro no ar parece selar um pacto invisível entre os dois, um pacto feito de açúcar, calor e olhares cúmplices.
— Tudo que você faz é arte, Marta. Até bagunçar a cozinha — diz Jonathan, aproximando-se pelas costas, com os braços firmes envolvendo a cintura dela. — Mas... eu ainda acho que o meu ficou melhor.
Ela se vira para ele com aquele ar de provocação que domina tão bem. Os olhos cintilam em desafio. Com um gesto rápido, ela passa um pouco do brigadeiro no queixo dele.
— Então prova, Sr. Schneider. Vamos ver se sua opinião continua a mesma.
Jonathan segura os dedos dela com uma delicadeza absurda, como se fossem joias raras, e lambe o brigadeiro com lentidão, sem nunca desviar o olhar dos olhos dela.
— Você devia ser proibida de brincar assim comigo — ele murmura, voz rouca. — Eu tenho um coração a zelar, sabia?
Marta ri, jogando a cabeça para trás, o moletom largo escorregando um pouco do ombro. Para ele, nada mais existe. Nem a fortuna que carrega, nem os contratos assinados, nem os perigos do lado de fora. Só ela, rindo, de moletom, com brigadeiro nos dedos e o mundo inteiro no olhar.
Horas depois, a cozinha está vazia, mas a casa está viva com o som abafado da chuva nos vidros e o cheiro persistente de chocolate. Na sala de TV, a luz é baixa, intencionalmente suave, criando um ninho quente no frio da noite. As almofadas estão espalhadas no tapete, a pipoca na tigela, e Marta encolhida no peito dele como se aquele fosse seu lugar natural no universo.
— Que tipo de filme você quer hoje? — Jonathan pergunta, mexendo no controle com uma preguiça que denuncia a paz.
— Drama? Comédia? Romance meloso?
— Já tô no melhor filme da noite — Marta sussurra. — Só preciso do som da sua respiração e do cobertor certo.
— E do brigadeiro — ele completa, fazendo-a rir, enquanto estende a tigela como quem oferece um presente sagrado.
Eles colocam qualquer filme. Nenhum dos dois se importa com o enredo. Estão ocupados demais trocando carinho com os pés, beijos entre uma colher de brigadeiro e outra, palavras doces que não precisam fazer sentido para ninguém além deles.
— Jonathan… — ela diz de repente, virando-se para encará-lo.
— Hum?
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