O som seco da porta se fechando ecoa no escritório de Jonathan como um prenúncio. Seus olhos estão fixos nas imagens das câmeras espalhadas pela mansão, cada canto vigiado, cada movimento registrado. Mas ainda assim... não parece o bastante. A tentativa de sequestro de Marta deixou uma ferida aberta, e ele se recusa a sangrar de novo.
— Quero mais homens no efetivo da segurança. Permanente. Não quero apenas revezamento — diz Jonathan, com a voz firme, encarando o chefe da segurança. — E reforcem os pontos cegos. Quero relatório diário.
— Sim, senhor Schneider. Já estou reorganizando a escala — responde o homem, assentindo, ciente do peso daquela ordem.
Enquanto ele ainda analisa a planta da mansão sobre a mesa, o celular vibra. É Islanne. Jonathan atende no viva-voz, os olhos ainda atentos aos papéis.
— Fala, maninha.
— Preciso falar com você sobre a conferência do setor farmacêutico em Montevidéu — diz ela, direta. — É uma oportunidade de ouro. Reunião com empresários internacionais, possíveis parcerias e fornecedores de insumos.
— Eu não vou deixar a Marta sozinha — ele rebate sem pensar.
— Então leve ela com você. Vocês dois precisam sair um pouco dessa tensão. Vai unir o útil ao agradável. Eu fico aqui e seguro tudo, como sempre — completa, com aquele tom seguro que só Islanne tem.
Jonathan hesita por um momento, depois passa a mão no queixo, pensativo.
— Vou conversar com ela. Pode ser bom.
— É mais do que bom, é estratégico. Essa viagem pode mudar o cenário da empresa nos próximos anos — diz Islanne, categórica.
Jonathan encerra a chamada com um leve sorriso. Pensa na possibilidade de sair com Marta por uns dias, vê-la relaxar, vê-la segura. Sim, pode ser a melhor decisão.
Ele observa mais uma vez as imagens das câmeras, como se o próprio instinto ainda estivesse em alerta.
Ele vai de encontro a Marta.
— A gente viaja amanhã.
Jonathan solta a frase com naturalidade, mas seus olhos estão fixos nos de Marta, atento à reação dela. Está sentado à beira da cama, onde ela lê um livro despretensiosamente, envolta no roupão de algodão branco e com o cabelo ainda úmido do banho. Marta ergue os olhos devagar, arqueando uma sobrancelha com um sorriso se formando no canto dos lábios.
— Viagem? Para onde você pretende me levar dessa vez, senhor Schneider? — ela provoca, fechando o livro com uma batidinha leve na coxa.
— Montevidéu. Reunião com empresários do setor farmacêutico. Islanne sugeriu que eu fosse e levei a sério. Você vem comigo — diz ele, já puxando o celular para resolver o que falta. — É uma viagem rápida, mas pode nos fazer bem. Respirar outro ar, mesmo que o foco seja o trabalho.
— Adorei! — Marta sorri, animada, jogando o livro no criado-mudo. — Vai ser minha estreia internacional como sua assistente pessoal no fabuloso mundo das indústrias farmacêuticas. Vou ter que andar de terninho e salto o dia todo? — ela finge um ar sério, arrancando uma risada dele.
— Só se quiser me deixar ainda mais duro no meio das reuniões — ele responde baixo, inclinado para dar um beijo leve em seus lábios. — Mas, sinceramente, só preciso de você lá comigo. No que você quiser vestir, do jeito que for.
Ele se levanta e começa a digitar no celular, já com o tom de quem está resolvendo tudo.
— Monica já vai cuidar da hospedagem. Quero que esteja tudo certo. E claro... Eduardo vai com a gente. Segurança reforçada.
Jonathan liga para o segurança pessoal, que atende no segundo toque.
— Eduardo, quero você comigo em Montevidéu. A gente parte amanhã de manhã. Tire o resto do dia de hoje e amanhã cedo esteja aqui. Aproveite para descansar, mas sem esquecer de estar pronto.
— Sim, Jonathan, tudo bem. Estarei aí cedo. Obrigado pela confiança — responde ele, como sempre discreto e direto.
Na sequência, Jonathan liga para Mônica.
— Preciso da reserva de dois quartos. Um para mim e para Marta, e outro para Eduardo, ele fica no quarto ao lado. Tudo em um andar só.
— Entendido, senhor Schneider. Providenciarei imediatamente.
— Obrigado, Monica. E, por favor, cuide para que a segurança no hotel seja de primeira linha. Sem surpresas.
Ele encerra a ligação e se vira para Marta, que agora está de pé, encostada no batente da porta, observando cada movimento dele com um brilho no olhar.
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