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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 107

Na vitrine do poder, até o amor pode ser transformado em espetáculo. E nesta noite, sob as luzes intensas e o brilho de contratos milionários, Marta e Jonathan encenam um drama que nenhum dos dois desejava, mas que ambos ajudaram a escrever. A aparente perfeição do casal diante dos investidores se desmancha quando o ciúme, disfarçado de zelo, rompe a superfície. Um vulcão desperta dentro de Marta, e ela não vai mais conter a erupção.

A feira à noite pulsa como se tivesse vida própria. Os estandes se estendem como corredores de um reino tecnológico: luzes fluorescentes lançam sombras coloridas, telões exibem números impressionantes e os sons das máquinas se misturam ao murmúrio de línguas estrangeiras. Jonathan caminha com ares de rei, vestindo ambição como armadura. Em poucas horas, negocia equipamentos que prometem revolucionar a linha de produção da Schneider. Compra duas esteiras de encapsulamento, três robôs de automação, novas seladoras, um sistema completo de empacotamento a vácuo. Sente-se invencível.

— Isso vai otimizar nossa produção em pelo menos trinta por cento — comenta com Eduardo, exibindo um raro sorriso. — Em seis meses, o investimento se paga.

Marta o acompanha com a elegância de quem sabe o próprio valor. Atenta, questionadora e técnica. Ao parar diante de um equipamento de nanotecnologia, um representante francês se aproxima. É jovem, simpático e claramente impressionado com a postura dela. Marta se interessa genuinamente pelos detalhes, faz perguntas inteligentes e ganha sua total atenção. O homem se inclina um pouco demais. Sorri demais. Jonathan, alguns passos atrás, sente a tensão crescer como uma fisgada no estômago.

Ele avança devagar, com o rosto fechado. A expressão que usa em negociações difíceis. A raiva disfarçada de postura fria.

— Já terminou aí? — pergunta, em tom baixo, mas carregado de veneno.

O francês, sem perceber o veneno, continua explicando:

— Monsieur Schneider, sua assistente tem excelente percepção técnica. Estávamos discutindo sobre...

— Eu percebi — Jonathan interrompe, seco como uma lâmina.

Marta fecha os olhos por um breve segundo, contendo um impulso. Então sorri para o representante, com uma elegância ferida.

— Me desculpe. Retomamos essa conversa amanhã, pode ser? Obrigada pela atenção. Tenha uma boa noite.

Ela se afasta com passos firmes. Jonathan a acompanha em silêncio. Eduardo, alguns metros atrás, sussurra:

— Isso vai dar merrda...

No caminho até o restaurante do hotel, Marta está gelada. Os olhos fixos à frente, o maxilar travado.

— Estou com fome — diz, com um tom que não admite réplica. — Vamos jantar. Estou exausta.

O jantar é tenso. A comida parece perder o sabor. Eduardo tenta manter a neutralidade, puxando assuntos inofensivos, mas percebe que a guerra entre eles já começou. Após a sobremesa, seguem em silêncio até o quarto. Eduardo, ao se despedir:

— Qualquer coisa, estou ao lado. Só chamar.

— Obrigada — diz Marta, com um aceno automático.

Quando a porta da suíte se fecha, o ar pesa. Jonathan começa a falar, mas Marta o corta com a fúria contida de horas:

— Você é um idi0ta. Um moleque possessivo.

— Marta, espera. Eu...

Jonathan senta na beira da cama, derrotado. Passa as mãos pelo rosto. O orgulho, que sempre o protegeu como armadura, agora só pesa. Pega o celular, troca algumas mensagens com Islanne. Desabafa. A irmã, impiedosa como sempre, não o poupa:

— Parabéns, mano. Você conseguiu estragar o único lugar onde estava tudo bem, o coração dela.

Quando Marta sai do banho, de pijama, cabelos ainda úmidos, passa por ele como se fosse feito de ar. Deita-se na cama, de costas. Jonathan tenta tocá-la, mas ela recua antes mesmo de sentir seus dedos.

— Marta… me escuta…

— Nem ouse tentar me seduzir. — A voz dela é baixa, mas cortante. — Hoje você vai dormir com sua consciência. E amanhã, vai olhar para mim e decidir se quer uma mulher ou uma sombra sua.

Jonathan se deita ao lado, encarando o teto. O silêncio não traz paz. É um campo minado de pensamentos. Ele a ama. Disso não duvida. Mas... por que cometeu os erros que pensou nunca cometer? Por que, mesmo tendo tudo, ainda sente medo de perder?

O coração dele aperta quando olha para Marta, virada de costas, tão próxima e tão distante. E a pergunta que não cala sussurra como um fantasma:

Será tarde demais para consertar?

Ou o amor verdadeiro resiste mesmo às rachaduras mais fundas?

E se a próxima explosão não for emocional... mas real?

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