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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 113

O aroma de café fresco serpenteia pelo ar com uma doçura quase provocante, misturando-se ao som abafado de conversas em línguas diferentes e ao tilintar de talheres de prata contra porcelana fina. A sala do café da manhã do hotel cinco estrelas em Montevidéu está repleta de executivos e representantes do setor farmacêutico, mas é quando Marta e Jonathan entram que o ambiente parece, por um breve instante, desacelerar.

Ele com seu andar calmo, elegante, terno ajustado com precisão cirúrgica. Ela, com um brilho no olhar que não se explica com maquiagem e um rubor leve demais para ser apenas timidez. A atmosfera ao redor dos dois muda, ou talvez seja apenas a tensão latente que ficou da noite anterior, daquela madrugada em que o desejo gritou mais alto que a razão.

Na mesa mais afastada, estrategicamente posicionada de frente para a entrada, Eduardo já os espera. O segurança pessoal de Jonathan está de terno escuro, óculos de leitura sobre o nariz e o jornal dobrado na mão esquerda. Mas é a expressão no rosto dele que entrega mais do que qualquer manchete, a vigilância, análise... e uma pontinha de provocação.

— Dormiram bem? — pergunta, com o tom casual demais para ser inocente. Seu olhar pousa de Marta para Jonathan, e depois para o cardápio, como se tentasse disfarçar um sorrisinho cínico.

Jonathan apenas pisca, sem responder verbalmente. A cumplicidade no gesto é quase provocadora. Marta, em resposta, cora ligeiramente, baixando os olhos para a mesa com um sorriso contido. Não há dúvidas, algo se consumou entre eles na noite anterior. E isso deixou marcas.

O café da manhã segue tranquilo, mas há um tipo de silêncio que não é vazio, é pleno. Jonathan serve frutas para Marta sem dizer nada. Ela corta um pedaço de pão para ele. Pequenos gestos, automáticos, mas íntimos. Os olhos se cruzam com frequência, e mesmo que não haja palavras, há confissões demais nesses olhares. Não é mais só desejo. Há ternura, respeito, entrega. E ambos sabem disso.

Logo após a refeição, os três seguem para o último dia da conferência farmacêutica. O hall do centro de convenções já pulsa como se tivesse vida própria, os executivos trocam cartões, fornecedores arrumam seus estandes com pressa e jornalistas caminham com suas credenciais balançando no pescoço. É o auge do evento, e o ambiente vibra com tensão, oportunidade e ambição.

Jonathan, no entanto, caminha com uma leveza surpreendente. Está vestido impecavelmente, como sempre, blazer escuro, camisa branca bem passada, sapato polido e as mãos enfiadas nos bolsos da calça social com o despretensioso ar de quem domina o ambiente. Mas seu olhar é outro. Não o de quem precisa provar alguma coisa, e sim o de quem encontrou o que realmente importa. Ele está em paz. Dono de si. E, de certa forma, dono dela, mas não como quem exige, e sim como quem cuida.

Marta acompanha o passo dele, usando um vestido midi azul marinho que abraça p seu corpo com classe. Os saltos baixos evidenciam sua elegância funcional. Ela carrega uma prancheta com dados técnicos e não parece apenas acompanhante, ela é parte do grupo, parte das decisões, parte do futuro.

— Esse fornecedor de cápsulas retardadas parece promissor — comenta Marta, com os olhos vasculhando uma ficha técnica como se fossem mapas de um tesouro escondido.

— Concordo — Jonathan responde, inclinando-se levemente para ler com ela.

— Você percebeu que eles oferecem uma margem de adaptação conforme o tipo de liberação desejada?

— Sim. Isso abre uma margem absurda para manipulações mais específicas. Pode ser um diferencial para a gente.

Ele a encara por um instante, depois sorri com aquela confiança serena que, por vezes, é até desconcertante.

— Então fecha com eles. Se você aprovou, eu confio.

Sem hesitar, ele entrega o crachá à responsável pelo estande, já formalizando o contato.

Marta o encara, visivelmente surpresa.

— Assim, tão fácil?

— Marta... você entende disso mais do que muita gente que contratamos. Eu tô aqui pra tomar decisões com você, não sobre você.

A frase a atinge como um abraço. Não é só a validação técnica, é o respeito, é a parceria real. O orgulho que cresce dentro dela não é vaidade, é gratidão. Ela sorri de leve, e por um segundo, parece que o mundo todo desacelera ao redor deles.

Enquanto circulam pelo salão, cumprimentando alguns rostos conhecidos e ouvindo pitches rápidos de startups emergentes, os dois seguem juntos, em sintonia silenciosa. Jonathan passa o braço pelas costas dela em um momento mais íntimo, como quem protege, mas também se ancora. Marta retribui com um toque leve nos dedos dele, imperceptível para o mundo, mas forte o suficiente para fazer o coração dele disparar.

Durante toda a manhã, eles seguem juntos, conversando com fornecedores de embalagens, de excipientes, testando fragrâncias de cosméticos e analisando tendências em fitoterápicos. Em nenhum momento Jonathan se mostra possessivo. Ele observa Marta interagir com outros representantes, vê sorrisos trocados, notas anotadas em cadernos, e ao invés de ciúme... sente admiração.

— Você viu o stand de compostos naturais da Ásia? — Eduardo se aproxima, já com uma sacola cheia de amostras.

— Vi sim. Tem uns adaptógenos que podem revolucionar o setor de suplementação — Marta responde, animada.

— Eu separei uns para vocês. Mas olha... — Eduardo olha entre os dois — vocês estão diferentes hoje. Finalmente encontraram um equilíbrio ou só estão fingindo bem?

Ela se vira devagar, ficando de frente para ele. Os olhos se encontram, intensos, carregados de tudo que foi dito e de tudo que ainda não foi. Marta sorri leve, passando a mão pela nuca dele.

— Só não se esquece disso quando a gente voltar pra rotina, tá? A paixão é fácil nos hotéis de luxo, nos lençóis limpos... o difícil é manter isso no dia a dia.

— Eu quero o difícil. Quero você até nos dias cinzas — ele diz, encostando a testa na dela.

— Me promete que, se eu escorregar, você vai me lembrar do que temos aqui?

— Prometo. Mas você também tem que prometer não deixar o velho Jonathan ressuscitar.

— Ele tá enterrado. E eu só quero ressuscitar nossa história... de um jeito novo.

Ela sorri, com os olhos brilhando.

— Então tá. Agora vou arrumar a mala. Amanhã de manhã temos voo para São Paulo, e eu não quero correr feito louca atrás de escova de cabelo e calcinhas espalhadas — ela ri, se afastando.

Jonathan a observa ir até a mala aberta no canto do quarto, enquanto se ajoelha para começar a organizar as roupas. Ele não tira os olhos dela. É ali, naquele gesto cotidiano, simples, que ele percebe: amar alguém também é isso, querer ficar, mesmo quando tudo já poderia ter terminado.

Jonathan aprendeu a se controlar ou essa paz é só temporária?Será que esse novo Jonathan veio para ficar?

Marta conseguirá confiar plenamente nesse homem que mesmo confuso a ama com loucura?

E quando as portas da conferência se fecharem... que tipo de desafios o mundo real trará ao casal recém reconstruído?

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