Quando o relógio marca o fim do expediente e as luzes do Grupo Schneider começam a se apagar, há um tipo de magia silenciosa no ar. A cidade ferve lá fora, mas dentro da empresa, tudo parece se aquietar em torno de um único detalhe: Marta e Jonathan saem juntos, lado a lado, sorrindo como se o mundo lá fora não importasse. E talvez não importe mesmo. Porque quando os olhos dele encontram os dela no elevador, é como se o tempo se dobrasse para abrigar só os dois.
No carro, o clima é leve. As mãos se buscam no silêncio confortável da rotina que começa a se formar. Marta ri de algo bobo que Jonathan diz, e ele se permite observá-la por um segundo a mais, como se quisesse memorizar cada expressão.
— Você percebe que a gente parece aqueles casais de filme? — ele pergunta, com um sorriso meio torto.
— Casais de filme brigam, se desencontram, fazem drama e depois se beijam na chuva — ela responde, com o olhar divertido.
— A gente só tá tentando chegar vivo em casa no trânsito de São Paulo.
Jonathan ri alto e beija a mão dela, sem tirar os olhos da avenida à frente. Quando o carro chega à mansão, Eduardo desce primeiro, alonga o corpo com preguiça e resmunga algo inaudível.
— Amanhã cedinho de novo, não é? — ele fala dramático.
— Vai dormir, velho rabugento. — Jonathan provoca, e Eduardo dá uma gargalhada e segue para o seu carro.
Marta e Jonathan entram devagar, em silêncio. A casa grande, imponente, parece mais íntima com eles ali, juntos. Ele larga a pasta no hall e a puxa pela cintura, colando seus corpos sem dizer nada. Marta solta um suspiro baixo, rendida ao gesto.
— Essa coisa de fim de expediente com você tá virando meu momento favorito do dia — ele confessa, beijando o pescoço dela.
— Ainda bem que você disse isso. Já tava com medo de ser só uma colega de trabalho com bônus noturno.
Eles riem juntos, e a risada é como um pacto silencioso de leveza. Caminham para a cozinha, dividem um copo de vinho, falam da nova fase da empresa, das mudanças, dos planos. A conexão entre eles pulsa forte, como se estivessem descobrindo um novo jeito de amar, sem medo e sem reservas.
Mais tarde, já no sofá da sala, Marta deita com a cabeça no colo dele, os dedos brincando nos cabelos dela.
— Sabe o que eu percebi hoje? — ela pergunta, com a voz macia.
— O quê?
— Que, por mais que eu tente me manter firme, você me desarma.
— E você me transforma — ele diz, beijando sua testa. — Cada dia um pouco mais.
Eles permanecem ali, embalados pelo som baixo da música ambiente, pelas promessas não ditas e pelos sonhos que ainda nem ousaram sonhar em voz alta.
Mas em algum ponto da noite, quando as estrelas cobrem São Paulo e tudo parece em paz, uma sensação sutil paira no ar… eles sabem que se completam, mas no fundo, temem o desconhecido.
O silêncio da noite é quebrado apenas pelo tilintar suave do gelo no copo de vinho que Jonathan segura com uma mão, enquanto a outra acaricia preguiçosamente os cabelos de Marta. Ela, quase cochilando em seu colo, parece finalmente relaxada depois de dias intensos. A mansão está mergulhada em uma penumbra confortável, com luzes baixas e a trilha sonora suave de música instrumental preenchendo os espaços entre os suspiros e sorrisos trocados.
— A gente devia fazer isso mais vezes — Marta murmura, os olhos fechados, sentindo os dedos dele em sua nuca.
— Isso o quê? — ele pergunta, num tom preguiçoso e cúmplice.
— Chegar em casa, esquecer do mundo, fingir que não temos uma empresa inteira nas costas.
— É... — Jonathan sorri. — Mas se a gente não tivesse uma empresa nas costas, talvez não valorizasse tanto esses momentos.
Ela abre os olhos e o olha, como se aquela frase o deixasse ainda mais bonito. E de fato, há algo diferente nele. Um brilho no olhar, uma leveza que raramente aparece no homem acostumado a comandar tudo com punho firme.
— Você tá mais calmo ultimamente... — ela comenta.
— Você me acalma — ele confessa, sem pensar. — Quando você tá perto, tudo faz mais sentido. O mundo gira devagar, sabe?
Ela sorri, com aquele sorriso que só ele conhece. Depois, se senta e estica os braços, espreguiçando-se antes de se levantar.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino