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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 121

Jonathan afunda mais um copo de whisky na garganta enquanto a mansão se fecha no silêncio ensurdecedor da ausência de Marta. Os olhos dele, vermelhos de bebida e raiva contida, vagam perdidos pela sala. Tudo ali tem cheiro dela, traços dela. E ele, como um furacão desgovernado, destruiu o que mais amava.

Pega o celular, com os dedos trêmulos, e liga para o seu piloto pessoal.

— Prepare o jato. Agora. — a voz arrastada não deixa espaço para argumentações.

— Destino, senhor?

— Campos do Jordão.

Sem esperar resposta, ele desliga. Ele precisa sumir. Precisa fugir dele mesmo.

Enquanto isso, Marta, ainda trêmula, se fecha no antigo quarto. O quarto que usava quando ainda não dividia a cama e a vida com Jonathan. O peito arde, o pescoço marcado lateja, e o silêncio da casa pesa como mil toneladas. Ela passou a noite acordada, olhos abertos, coração despedaçado. Deitada na beira da cama, com a mala aberta no chão, decide que é hora de ir. Hora de fechar o ciclo, ainda que ele a rasgue por dentro.

Pega o celular, hesitante, e digita.

— Rui, pode vir até a mansão? Preciso da sua ajuda. É urgente.

Minutos depois, ele chega. Assim que entra e vê Marta parada na porta do escritório, os olhos baixos e o lenço no pescoço, sente um nó se formar na garganta.

Ela o conduz em silêncio. Assim que Rui entra no escritório e vê as marcas roxas e vermelhas no pescoço dela, a respiração falha.

— Foi ele? — a voz dele sai seca.

Marta, com os olhos marejados, apenas assente com um movimento de cabeça. As lágrimas escorrem silenciosas.

Delicadamente Rui retira o lenço e verifica as marcas com atenção.

— Pelo amor de Deus, Marta... — ele fala, com a voz falhando..

— Rui, por favor... eu só quero que você faça a minha demissão imediatamente. Já separei tudo que era da empresa. — ela estende o crachá, o tablet, o celular corporativo.

— O notebook? — ele pergunta, engolindo em seco.

— Vou apagar tudo relacionado à empresa e ao Jonathan, vou ficar com ele, tem todo o meu material da faculdade, mas pode descontar o valor da minha recisão, não me incomodo.

Ele entende. Cada palavra dela é dita com dignidade, mas entrecortada por dor. Rui abre o seu notebook, já com o contrato padrão em mãos, e providencia a rescisão dela com todos os direitos. Jonathan nunca deixou que ela assinasse nada desvantajoso, mesmo agora, isso seria mantido.

Marta assina. Ele faz a transferência de uma quantia generosa.

— O contrato de confidencialidade segue válido, você sabe disso... — Rui diz com pesar.

— Eu sei. Nunca vou expor nada. Nem ele. Mesmo ele merecendo, sabemos que esse contrato se anula perante uma queixa criminal. — ela murmura.

Ele a encara. Os olhos marejados dele dizem mais do que qualquer frase.

— Tem certeza? — a voz dele é um sussurro.

Ela assente.

— Tenho. Mas isso não significa que não vá doer até o último fio do meu ser.

Rui a abraça. Forte. Como quem tenta passar um pouco de força só com o toque. Depois, sai, respeitando a dor dela.

Sozinha.

Marta está ali, parada no meio da imensidão daquela casa que já foi abrigo, já foi riso, já foi promessa. Agora, parece fria. Morta. Mas, paradoxalmente, tudo ainda pulsa nele. Neles.

Cada parede respira lembranças.

Cada móvel guarda um beijo.

Cada canto sussurra o nome dele.

É como viver dentro de um corpo morto que ainda sangra.

Ela segura as malas com as mãos trêmulas, caminha até a imponente RAM preta, o presente mais luxuoso, mais marcante, mais doloroso que já recebeu. Um mimo dele. Uma declaração em forma de motor e couro. E agora… é só um lembrete do que está perdendo.

Antes de sair, ela hesita.

Olha a porta da frente.

Mas o coração… está no andar de cima.

Volta. Devagar. Como quem caminha para o próprio velório.

Cada degrau parece pesar toneladas.

Cada passo é um esfarelar de lembranças.

O corredor está escuro, mas ela não acende a luz.

O quarto inteiro parece afundar com ela.

Quando finalmente consegue respirar, Marta está encolhida, o corpo molhado de lágrimas, o coração virado em carne viva.

A alma… um campo de batalha.

Com esforço sobre humano, ela se ergue.

Os joelhos tremem.

Os olhos estão inchados.

Mas ela caminha.

Antes de descer, vai até o armário.

Pega uma camisa dele. Aquela cinza clara, de algodão macio, que ele usava quando estavam de folga, deitados no sofá, rindo de besteiras.

Ela a leva ao rosto. Inala uma última vez.

Depois a veste, por cima da própria roupa, como um escudo. Ou um abraço que não virá mais.

Desce pela última vez as escadas daquela casa que um dia foi deles.

E ao cruzar a porta, ela sabe:

Não está apenas deixando uma casa.

Está enterrando um futuro.

Está matando um sonho.

Está partindo com o coração em carne viva.

Atrás dela, o lar de dois amantes se transforma num mausoléu silencioso de tudo que poderia ter sido.

E ainda assim, ela vai.

Porque amar também é saber quando partir, mesmo quando isso te rasga. Mesmo quando o amor grita mais alto que o próprio destino.

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