O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 123

Jonathan desce do jato com os olhos fundos, cavados pelo cansaço e pela dor. O rosto pálido como cera reflete um homem que não dorme, não pensa com clareza, não sente mais fome. Apenas sofre. O vento cortante de São Paulo açoita seu rosto com a mesma violência que seus próprios pensamentos o flagelam, mas ele não reage. Não sente. O verdadeiro frio vem de dentro, gélido, denso, permanente. E congela tudo.

O motorista abre a porta da SUV com um aceno mudo. Jonathan não ergue os olhos.

— Mansão. Agora. — diz, a voz rouca, seca, como se qualquer emoção fosse um luxo que ele já não pode se permitir.

O carro avança pela cidade, mas Jonathan sente que está parado no tempo. As ruas passam, os semáforos se apagam, mas ele continua suspenso, imóvel, como se estivesse preso em uma bolha onde só o passado ecoa. A lembrança de Marta, de tudo que ela foi, tudo que representou, tudo que ele destruiu, o atravessa como vidro quebrado.

Aquela risada que fazia seus ombros relaxarem depois de um dia infernal. A forma como ela o olhava como se visse o homem que nem ele mesmo via. Como ela o fazia sentir... humano. Perdoável.

E agora... o medo. O olhar dela coberto de medo.

O coração b**e com força demais. O estômago parece um buraco negro. E a mente dele gira em um ciclo insano: o que foi que eu fiz?

Quando a mansão aparece, iluminada sob o céu cinzento, o contraste entre o luxo da casa e o caos interno de Jonathan é quase grotesco. Um palácio vazio para um rei arruinado. A porta se abre, e quem o espera é Raul, o mais antigo e fiel segurança. Firme. Rígido. Mas naquele instante, Jonathan o vê com olhos diferentes. Como alguém que o conheceu de verdade, alguém que está profundamente decepcionado.

Raul estende a mão. Não diz uma palavra. Apenas entrega uma chave.

A chave de Marta.

Jonathan a pega com as mãos trêmulas. Os dedos fecham sobre o metal frio como se ele pudesse puxá-la de volta só por segurar aquilo. Mas a ausência já fala mais alto do que qualquer esperança tola.

O olhar de Raul é um soco no estômago.

"Você não merece nem explicações."

Ele entra. A porta se fecha atrás dele. E o silêncio o engole.

É um silêncio pesado, que não pertence a uma casa qualquer. É o silêncio de quem já foi lar, mas agora é apenas cenário de um erro irreversível.

Cada passo que ele dá ressoa como martelada. O mármore caro do chão, a mobília de luxo, os quadros modernos, tudo parece zombar dele. Um homem de sucesso. Dono de um império. Reconhecido, temido, admirado. Empresário do ano, gênio da negociação, bilionário antes dos quarenta.

Mas por dentro... um fracasso patético.

Jonathan sempre soube negociar tudo, contratos, fusões, ações. Sabia como vencer qualquer guerra de mercado. Mas o amor... ah, o amor sempre foi seu ponto cego. Sua maldição.

Aira foi a primeira prova disso.

Ele a amou como nunca pensou ser capaz. Com todas as forças, com todos os erros, com todas as promessas. Ela morreu grávida do primeiro filho deles. Um maldito acidente de carro tirou dela a chance de viver, e dele a chance de ser pai, de ser feliz.

Jonathan enterrou Aira e o futuro que ela carregava. E depois disso... aprendeu a sobreviver sem coração.

Até que Marta chegou. E trouxe de volta a parte dele que havia morrido junto com Aira.

E ele... destruiu tudo. Com as próprias mãos. Como um filho da putta covarde.

— Marta... — ele chama, num sussurro que mal escapa dos lábios.

Subitamente, a ilusão acaba. Ele sobe correndo as escadas. Abre o closet.

O lado dela... vazio.

Nenhum vestido. Nenhum perfume. Nenhuma peça esquecida por acidente. Está tudo limpo. Cirurgicamente limpo. Como se ela tivesse cuidado para não deixar nem os seus traços. Como se quisesse se apagar daquela casa.

Vai ao banheiro. Gavetas abertas. Vazias.

Desce as escadas correndo. Quase tropeça. O coração dispara. Entra em todos os quartos. O de hóspedes. A sala de leitura. O jardim.

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