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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 124

O salto de Islanne ecoa pelo hall do Grupo Schneider como um alerta, ela voltou. Com os cabelos presos em um coque elegante e os olhos por trás dos óculos escuros afiados como lâminas, a vice presidente cumprimenta os funcionários com um leve aceno de cabeça, mantendo a postura ereta e determinada.

— Bom dia, Mônica. Jonathan e Marta já chegaram? — pergunta, sem perder o passo.

— Ainda não, Islanne. Nenhum dos dois. — Mônica responde, consultando a agenda.

— Assim que Marta chegar, peça para vir direto à minha sala. — E, sem esperar resposta, segue pelo corredor imponente até seu escritório.

A rotina começa a retomar forma, mas Islanne sente algo fora do lugar. Algo... errado.

Liga seu computador, conecta-se ao sistema interno e começa a checar os relatórios financeiros da última semana. Quando os olhos batem em uma movimentação vultosa na conta pessoal de Marta, ela franze o cenho.

— Uma transferência dessa magnitude... por que isso não foi registrado nos canais formais?

Confere novamente. O valor exorbitante foi autorizado e transferido pelo advogado Rui. O sangue dela ferve. Pega o ramal.

— Chame o doutor Rui até minha sala. Imediatamente.

Cinco minutos depois, Rui entra. Tenso. Evita o seu olhar como um adolescente culpado.

— Rui, que porrah é essa movimentação na conta da Marta? — dispara, sem rodeios.

— Islanne... isso é uma questão entre Marta e Jonathan.

— Questão o kacete! Eu sou vice presidente deste grupo, e você está legalmente subordinado à estrutura que eu comando com o meu irmão. E exijo, exijo, que você me diga agora o que diabos está acontecendo.

Ela digita furiosamente no sistema e sente o estômago revirar quando vê a informação diante de si:

Status: Funcionária desligada. Por: Rui. Com autorização expressa.

— Você demitiu a Marta?! — o grito dela ecoa pela sala. — Está maluco?!

— Ela pediu... e eu não tive escolha. Estava... marcada. Com hematomas no pescoço. Chorando. E determinada a sair. Não me deu espaço.

Islanne fica estática por um segundo. E então pega a bolsa.

— Onde vai? — Rui pergunta, quase implorando.

— Acertar contas com o desgraçado do meu irmão. — E sai pisando firme.

A mansão dos Schneider está em silêncio. As flores da entrada já estão murchas. A energia, antes vibrante, virou penumbra.

Islanne entra sem bater. Conhece cada centímetro da casa. Não precisa ser recebida.

— JONATHAN?! — grita.

O som que ouve em resposta não é voz. É um soluço abafado.

Ela sobe as escadas, empurra a porta do quarto com força... e o encontra.

Jonathan está largado no chão, com os olhos inchados, segurando o travesseiro dela como se fosse vida. A garrafa de whisky está tombada ao lado da cama. Ele mal reage ao vê-la.

— Islanne... — sussurra.

— O que você fez? — ela pergunta, já com os olhos marejados. — Cadê a Marta?

— Foi embora... — ele diz com dificuldade, a voz rouca, trêmula.

Ela olha ao redor, vê o vazio gritante do quarto. Nenhuma peça de roupa, nenhum objeto. Marta não deixou vestígio. O coração dela aperta.

— Ela foi embora... e me deixou... — ele diz novamente, e lágrimas grossas escorrem pelo rosto dele.

— Por quê? — Islanne se ajoelha ao lado dele. — O que você fez, Jonathan?

Ele tenta falar. Mas a vergonha o impede. Os lábios tremem. Os olhos se fecham. O peito sobe e desce em descompasso. Até que ele diz, fragmentado:

— Eu... eu perdi o controle. Achei que ela... que ela... — o choro corta a voz — ...que ela podia estar escondendo algo de mim... Eu bebi demais... eu disse coisas horríveis... e... — ele engasga — eu a machuquei, Islanne. Fisicamente.

O silêncio que segue é ensurdecedor.

Mas antes que Islanne consiga responder, a porta da frente b**e.

Eduardo entra furiosos no quarto:

— Você acha que alguma mulher do mundo vai te amar como a Marta te amava, seu desgraçado? Ela fazia tudo por você! Tudo! E o que você fez?

Silêncio.

— Você machucou ela. E pior... quebrou ela. Quebrou o coração da única mulher que te salvou de você mesmo.

Islanne puxa Eduardo com força pelo braço, o segurando com o olhar.

— Chega. — diz, séria. — Você acha que ele não sabe disso? Olha pra ele, Eduardo. O Jonathan que a gente conhece... não tá mais aqui.

Eduardo engole em seco. O peito sobe e desce, o corpo tenso como uma corda prestes a estourar. Ele encara o amigo que já foi tão forte, tão invencível... e agora parece apenas um menino arrasado, cercado por culpa e arrependimento.

— Onde ela está? — pergunta, mais calmo.

— Eu não sei... — Jonathan balbucia. — Não deixou rastros. Não atende o celular... trocou de carro... não tem rastreador... eu não sei onde ela está.

— E nem merece saber. — Eduardo diz, seco.

— Eduardo... — Islanne o repreende, mas no fundo, entende.

— Se ela fosse minha irmã... — ele completa, antes de parar, engolindo as palavras. — Só espero que esteja em um lugar seguro. E que nunca mais olhe na sua cara.

Jonathan chora de novo, dessa vez em silêncio, um soluço preso no peito.

Islanne se aproxima do irmão, senta-se ao seu lado e o envolve num abraço apertado, tentando conter sua própria emoção.

— Agora me escuta... — ela diz suavemente, com a voz embargada. — Você vai sofrer. Vai pagar por isso todos os dias. Mas se tiver alguma chance de reconquistar a confiança dela, vai precisar ser o homem que ela achava que você era.

Jonathan balança a cabeça lentamente, perdido.

— E se eu não conseguir?

Islanne responde num sussurro, encarando o vazio do quarto onde o amor se desfez:

— Então você vai ter que aprender a viver com o fato de que perdeu a melhor parte de você... com as próprias mãos.

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