O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 134

Jonathan acordou com um peso no peito que não era apenas físico. O sofá parecia mais duro do que lembrava, e seus músculos reclamavam ao primeiro movimento. O pescoço estava rígido, a cabeça latejava como se tivesse passado a noite em guerra. Na verdade, era isso mesmo. Uma guerra interna, silenciosa, feita de arrependimentos, memórias e ausências.

Sentou-se devagar, esfregando o rosto com as mãos. O silêncio da casa era quase cruel, como se zombasse dele.

Arrastou os pés até a cozinha. Pegou um copo de água, apoiando-se na bancada como se o mármore pudesse sustentá-lo por dentro também. Os olhos caíram numa caneca vermelha com o desenho de um girassol. A preferida de Marta. Ficou olhando para ela por longos segundos, antes de segurá-la com cuidado, como se aquilo fosse tudo o que restava dela. Mas a porcelana estava fria. Assim como a casa. Assim como ele.

Subiu, tomou um banho apressado e vestiu a primeira roupa confortável que encontrou. Estava prestes a sair, mas desistiu. Não havia para onde ir. Sentou-se com o notebook no colo e enviou uma mensagem de voz curta para Islanne:

— Cuida da presidência para mim hoje. Vou trabalhar de casa.

A resposta veio rápida, mas com uma suavidade que ele reconhecia como o carinho disfarçado da irmã mais nova.

— Claro. Só me avisa se precisar de algo, Jon. Vai dar certo, tá?

Ele não respondeu. Apenas jogou o celular no sofá. Nada estava certo. Não desde Marta. Não desde o olhar dela, de medo, confuso, ferido, sem chão. Ele ainda podia sentir aquilo como uma faca presa no meio do peito.

Tentou mergulhar nos relatórios da manhã, mas o cérebro se recusava. Tudo lembrava Marta. Desde os gráficos coloridos que ela costumava revisar com ele nos domingos preguiçosos, até os nomes dos projetos que ela mesma batizava.

No início da tarde, resolveu encarar o inevitável. Abriu a galeria de fotos no tablet. As imagens começaram como uma brisa e terminaram como um vendaval. Marta com um coque bagunçado, dormindo no sofá do escritório, um livro de administração sobre o colo. Marta rindo no elevador, Marta com as bochechas rosadas após uma viagem exaustiva a Minas para negociar com um fornecedor.

Foi demais. Precisava respirar. Saiu sem rumo, sem plano, sem objetivo — como se a estrada pudesse limpá-lo da culpa.

Não dirigiu por muito tempo até o telefone vibrar. Era Islanne. Atendeu com um leve suspiro.

— Jon, preciso da sua ajuda com o contrato novo. Aquele fornecedor de quimioterápicos que você deixou pré aprovado...

— O da Solmedic? — perguntou, a voz embargada, mas firme.

— Sim. A proposta deles parece vantajosa no papel, mas eu desconfio dos custos ocultos. O valor do princípio ativo tá abaixo da média nacional. Isso não é comum. E eles querem fechar por um ano com cláusula de exclusividade.

Jonathan coçou a testa, tentando afastar o cansaço mental.

— Eles trabalham com um derivado sintético importado do Sudeste Asiático. Isso barateia o custo, mas há um risco de pureza. Se não for 99,9%... a margem de erro compromete o protocolo todo.

— Exato o que pensei. — A voz de Islanne vinha carregada de tensão. — Eu quero qualidade, Jon. A gente não pode errar nisso. Não pode correr riscos com quem está no fim da linha de tratamento.

— E se a gente fechar com a Pharmavita? — sugeriu ele.

— Mais caro, mas a certificação internacional deles é impecável. A rastreabilidade é de ponta.

— O custo benefício é mais equilibrado, mesmo com o preço maior. O que me preocupa é o conselho. Eles vão chiar.

— O conselho vai chiar de qualquer forma, Islanne. Mas essa decisão não é política. É ética.

Houve um silêncio do outro lado, e depois um suspiro.

— Sinto sua falta na presidência, Jon. A gente pensa igual nessas coisas. E... — ela hesitou — mesmo te achando um idiota completo pelo que fez com a Marta... eu amo você. Muito. É por isso que me importo tanto. Você ainda é meu irmão.

Jonathan se calou. Uma pontada no peito. Depois murmurou:

O nosso preço é apenas 1/4 do de outros fornecedores
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