O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 158

A noite está quieta demais.

Marta sente o silêncio como se fosse uma presença ao seu lado, espessa, insistente, quase sufocante. Deitada na cama ela encara o teto com os olhos bem abertos. A pequena lâmpada de cabeceira emite um brilho amarelado e tímido, que projeta sombras nas paredes como lembranças que se recusam a desaparecer.

Do lado da cama, repousa uma toalhinha bordada com o nome Lua. Ao lado dela, outra: Jeff. Os nomes escolhidos dos filhos que estão prestes a nascer. A única coisa que ela pode fazer sozinha nesse momento: sonhar com os filhos.

Ela passa a mão pela barriga, como quem tenta se assegurar de que está mesmo ali. Que é real. Que algo dentro dela floresce, apesar de tudo.

Mas não é a gravidez que a mantém acordada. É ele.

Jonathan.

O nome ecoa no silêncio como uma batida de tambor abafada. Há noites em que ela consegue ignorar. Outras, como hoje, ele invade os pensamentos com força.

Hoje, ele apareceu em um sonho.

Não com fúria. Não com aquele olhar enciumado. Mas com doçura. Um Jonathan que ela quase esqueceu que existia. Ele sorria para ela como se ainda tivessem vinte e poucos anos e todo o mundo à frente. E quando ele se aproximava para tocá-la, ela acordava com o coração disparado e os olhos marejados.

Ela sente falta dele.

Mas não da dor.

Não do medo.

Não da culpa.

Ela se senta na cama com cuidado, abraçando um travesseiro. Por um instante, fecha os olhos, tentando reviver o calor da mão dele sobre a sua pele, o som da voz rouca dele dizendo seu nome com ternura, e não em gritos.

Mas o que vem primeiro, inevitavelmente, são as últimas palavras, os olhos dele alterados, a raiva que ele não conteve. Marta engole seco.

Ela o amou. Ainda ama. Mas amar não pode ser se apagar. Não deixou de ser Marta para ser a esposa perfeita, a executiva eficiente, a mulher que sorria mesmo quando sangrava por dentro, mas fingiu não ver, para sustentar a relação.

Agora... ela precisa ser mãe. Precisa reaprender quem é. Precisa decidir o que ensinará aos filhos: que amor é entrega...

A porta do quarto range suavemente com o vento da madrugada. A casa parece conversar com ela. A memória estala. Ela se levanta e caminha devagar até a janela, abrindo-as com cuidado.

Lá fora, o campo repousa sob o céu pontilhado de estrelas. Há algo de infinitamente solitário e belo naquele cenário. Um mundo que segue, indiferente aos seus dilemas.

— Será que ele sonha comigo? — murmura, num tom que mal se ouve.

Ela lembra do cheiro do perfume dele no travesseiro. Do jeito como ele tocava sua nuca quando achava que ela estava dormindo. Das cartas não escritas. Das desculpas não ditas.

E então, o coração aperta com uma dor antiga, conhecida, mas ainda cruel.

— Será que ele saberia? Será que, mesmo longe, ele sente que algo está mudando? — sussurra, como se perguntasse ao vento.

Ela fecha os olhos e se imagina dizendo: “Você vai ser pai.”

Mas a cena se dissolve tão rápido quanto veio.

Não é hora. Ainda não.

Ele precisa entender o que fez.

Ela precisa saber quem ele é sem ela.

E ela precisa descobrir quem é sem ele.

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