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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 168

O sol entra em filetes tímidos pelas janelas do hospital, atravessando os vidros manchados pela chuva da noite anterior. A luz se espalha em fragmentos irregulares pelo chão frio, iluminando o corredor pálido com uma beleza silenciosa que contrasta com a tensão no ar. É dia, mas dentro do hospital parece não haver tempo. Só urgência.

Técnicos se movem rapidamente pelos corredores, com ferramentas nas mãos e fones nos ouvidos, tentando reestabelecer os sistemas danificados pela tempestade. Os elevadores ainda falham intermitentemente, as câmeras de segurança permanecem desligadas. O hospital funciona no limite. A cidade inteira tenta se levantar após o caos climático, e entre paredes brancas e bipes constantes, a UTI neonatal vive seus próprios abismos.

Na ala dos recém nascidos, o som das máquinas monitora batimentos e oxigenação de vidas que mal começaram. A atmosfera, embora tensa, mantém uma rotina quase cerimonial, enfermeiras ajustam sondas, neonatologistas analisam exames, técnicos verificam níveis de oxigênio e temperatura. Há um silêncio frágil, como se todos temessem quebrar alguma coisa invisível.

Mas então, o silêncio se rompe.

— Parada cardíaca! — grita uma enfermeira, a voz rasgada pelo pânico, enquanto ergue nos braços um recém nascido de pele arroxeada. O bebê, envolto em um pequeno cobertor térmico, não se move. Não respira.

O coração do setor para junto com o dela.

— Oxigênio! Precisamos de suporte agora! — ela berra novamente, já posicionando o bebê sobre a maca de emergência.

O alarme soa alto e agudo, como uma sirene rasgando a tensão do ambiente. Imediatamente, a ala explode em movimento. Médicos e enfermeiros largam prontuários, seringas, medicações. As incubadoras, por um instante, ficam desassistidas. O caos domina, e cada segundo parece doer.

— Saturação despencando! Sem pulso palpável! — diz um residente, já com estetoscópio no peito do bebê, o rosto tenso.

— Início de RCP neonatal! — comanda a médica, ajustando os óculos com uma mão e calçando as luvas com a outra. Ela se aproxima da maca, pega o laringoscópio e prepara a intubação.

— Posiciona o ambu! Dois dedos no esterno, linha mamilar, agora! — ordena a enfermeira responsável pela reanimação, com a voz firme, apesar do suor que já escorre pela testa.

Um profissional começa imediatamente a compressão torácica com dois dedos delicados mas firmes, pressionando com ritmo constante o pequeno tórax do bebê. O esterno afunda levemente sob a pressão, num movimento quase antinatural. Os olhos da equipe estão fixos no monitor cardíaco, que exibe uma linha quase reta, apenas pequenos espasmos de esperança.

— Adrenalina, dose calculada para peso estimado — via endovenoso, rápido! — diz a neonatologista apressada.

— Sem retorno ainda. Continuar compressões. Ventilações a cada três compressões. Um, dois, três — ventila!

O som do ambu se enchendo de ar e comprimindo se mistura ao som das compressões e ao bip hesitante do monitor. A médica insere o tubo endotraqueal com precisão, confirmando a posição com o estetoscópio.

— Posição confirmada. Boa expansão pulmonar. Continuem ventilando. Vamos mais um ciclo.

O bebê continua imóvel. A pele azulada não cede. Um silêncio de morte se insinua no fundo da mente de todos, mas ninguém o permite subir.

— Vamos, pequenino. Reage, reage... — murmura a enfermeira mais nova, com a voz embargada.

— Mais um ciclo. Não paramos até ter certeza de que ele não volta, — insiste a médica, agora com a adrenalina na seringa, injetando lentamente na veia. O relógio marca dois minutos e trinta segundos desde o início da parada. Tempo demais. Tempo demais para um coração tão pequeno.

— Alguma atividade elétrica? — pergunta alguém, olhando o monitor.

— Ainda sem pulso. Linha isoelétrica com algumas tentativas de espícula... — responde o residente.

As compressões continuam. O suor escorre pelo rosto dos profissionais. O ar da UTI parece mais denso. Cada respiração é uma espera. Cada segundo, um grito contido.

E então...

— Tenho pulso fraco! — diz o residente. — Fraco, mas estável!

— Saturação subindo! Está respondendo!

— Vamos manter a ventilação e monitorar. Não relaxem. Ele está voltando.

A tensão não desaparece, mas muda. Dá lugar a um tipo diferente de urgência, a do cuidado meticuloso com uma vida recém-resgatada da beira do abismo. O bebê ainda está em risco, mas agora respira. Agora há batimento. Agora há luta.

E é exatamente nesse instante que ele entra.

O homem não é notado. Não há alarde, nem pressa em seus passos. Usa jaleco branco, máscara no rosto, luvas. Sua presença é sutil, como se sempre tivesse pertencido àquele ambiente. Um observador atento notaria que ele não hesita, não procura por instruções, ele sabe exatamente onde ir. Exatamente o que fazer.

Aproveitando-se do tumulto, caminha entre as incubadoras, olhos fixos no alvo: o bebê de Marta Maia. Envolto em manta azul-clara, o recém-nascido repousa tranquilo, o monitor cardíaco pulsando em ritmo sereno.

— Isso não pode estar acontecendo! — diz um dos pediatras, correndo.

Alarmes são acionados. Portas são trancadas. O hospital entra em lockdown.

— Verifiquem as câmeras de segurança! Ninguém sai até resolvermos isso! — grita o chefe da segurança.

Mas já é tarde demais. O bebê sumiu.

A polícia é chamada. Médicos, enfermeiras.Todos confusos. O hospital mergulha num caos silencioso, um nervosismo que se arrasta entre paredes estéreis.

Na maternidade, Marta ainda está inconsciente. Nem imagina o que aconteceu. Não sabe da angústia que está prestes a atravessar seu mundo.

A assistente social é chamada, para localizar familiares de Marta Maia.

E longe dali, alguém segura um bebê enrolado em cobertas azuis.

Mas quem realmente está por trás do sequestro?

Cassandra?

Alan?

Alguém mais que ainda não foi visto?

Por que Caio, tão próximo, não percebeu nada?

O que será da criança agora?

O jogo apenas começou. E Marta, ainda de olhos fechados, está prestes a acordar no pior pesadelo de toda a sua vida.

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