Eduardo desperta com o primeiro raio de sol atravessando as frestas da cortina. Seu corpo se move com a naturalidade de quem está sempre pronto para a próxima batalha, mas, dessa vez, o campo de guerra é outro. Toma um banho rápido, veste a calça e a camisa, ajeita os cabelos ainda úmidos e segue para a sala. O cheiro de café fresco e pão quente o atinge antes mesmo de virar o corredor. Ao chegar, a cena o pega de surpresa, uma mesa impecavelmente posta, frutas cortadas com precisão, suco fresco e tudo meticulosamente organizado.
— Bom dia, Eduardo! — Marta sorri, animada, servindo-se de café.
Ele senta-se, pega um pedaço de mamão e um pão ainda quente, observando-a com um olhar misto de surpresa e gratidão.
— Marta, aprecio sua companhia, de verdade. Mas você não precisa fazer tudo isso por mim.
Ela cruza os braços, fitando-o com um brilho desafiador no olhar.
— Você não disse que seria um irmão para mim? Pois bem, eu e a minha mãe sempre cuidamos do meu pai e do meu irmão assim. E gosto de fazer isso, então aceite logo que facilita muito a nossa convivência.
Eduardo solta uma risada baixa e ergue as mãos em rendição.
— Tudo bem, freirinha. Você venceu.
Ela revira os olhos e j**a um guardanapo nele.
— Eu não sou freira, Edu!
Ele termina o café e se levanta, ajeitando a gravata.
— Preciso ir. Mas se precisar de qualquer coisa, me liga. Volto à noite.
Enquanto sai, um pensamento o diverte. Ele voltaria, sim. E não apenas por Marta. Sabia que a presença constante dele a deixaria sob sua proteção... e também faria Jonathan ferver de ciúmes. Um detalhe que ele guardava para si, mas sabia ser necessário para poder tirar o amigo do luto que ainda vive.
— Estarei te aguardando, vou preparar uma sopa!
— Ah, Marta? — ele diz antes de sair. — Vou fazer de tudo para chegar cedo. Gosto de sopa. E estou ansioso por essa.
Eduardo sai de casa com um sorriso travesso no rosto e segue seu caminho até a mansão, enquanto Jonathan sente o gosto amargo da solidão antes mesmo do café escorrer para a sua xícara. Ele aperta o botão da cafeteira e observa o líquido quente preenche-la, mas seu olhar está distante, cravado no nada. O ar da cozinha parece mais pesado que o normal. Ele já sabe o motivo. Sabe que Marta não está ali. Mas a confirmação vem quando Eduardo entra na cozinha com aquele maldito sorriso cínico no rosto. Jonathan não precisa de palavras. Ele já sente o sangue ferver.
— Bom dia — Eduardo diz, casualmente, pegando uma xícara.
Jonathan encara Eduardo, olhos estreitos, mandíbula travada, os punhos cerrados tão forte que seus nós dos dedos ficam brancos. Ele já sabe o que Eduardo está fazendo, já sentiu essa provocação antes. Mas dessa vez, parece pior. Mais afiada. Mais insuportável.
— Por que esse sorrisinho, hein? — Jonathan finalmente rosna, a voz carregada de irritação contida. — Dormiu com a Marta, foi isso?
— Se apaixonou pela b0ceta dela? Deve ser muito gostosa!
Eduardo solta uma risada baixa, arrastada, como se estivesse saboreando o momento. Pega a colherzinha prateada e mistura o café calmamente, sem pressa, sem dar a mínima para o olhar mortal que Jonathan lança sobre ele.
— Acertou!!!
— Dormi com a Marta. Peguei ela no colo, levei pra minha cama e ainda acordamos juntinhos. Foi bem aconchegante, para falar a verdade.
Jonathan prende a respiração, os músculos de seu maxilar saltam com a força que ele faz para não esmurrar Eduardo ali mesmo. Mas a risada cínica do outro homem só o instiga ainda mais.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino