A manhã começa estranha na sede do Grupo Schneider, em São Paulo. Há algo diferente no ar, um silêncio fora do comum, olhares trocados com pesar e cochichos abafados pela movimentação dos corredores. Na recepção principal, a televisão ligada em um dos canais de notícias exibe uma imagem conhecida por todos: Marta Maia.
— É ela… não é? — murmura uma recepcionista, com a voz trêmula.
— Parece que foi atropelada… e grávida — responde outra, em choque.
— Mas ninguém sabia… ninguém.
As notícias se espalham feito incêndio em mato seco. O desaparecimento de um recém nascido em um hospital do interior do estado de São Paulo domina os noticiários da manhã. Os repórteres falam de forma urgente, sem filtros, buscando qualquer detalhe que prenda a atenção do público. E conseguem.
"Grávida sofre atropelamento e entra em coma no interior do estado. Após cesárea de emergência, bebê desaparece de hospital durante pane no sistema de segurança."
Jonathan chega à empresa acompanhado de Eduardo. Ambos caminham naturalmente, sem ideia da comoção que se alastra pelos corredores. Alguns cumprimentam Jonathan com um aceno respeitoso demais. Outros desviam o olhar. Eduardo franze a testa.
— Tem algo errado. — sussurra para o amigo, que não percebe os sinais ao redor.
— Estranho mesmo… parece um velório — Jonathan comenta, apertando o passo em direção aos elevadores.
Quando atravessam a recepção central, encontram Islanne parada ao lado de Dante. Ambos estão vidrados na tela da televisão. Funcionários estão reunidos ao redor, em silêncio absoluto. Jonathan desacelera. A imagem de Marta aparece na TV, e a repórter narra:
— Marta Maia, atropelada ontem pela manhã em circunstâncias ainda não esclarecidas. Ela sofreu uma parada cardíaca, foi reanimada e levada para cirurgia. O parto de emergência revelou que ela estava grávida de gêmeos. A menina está na UTI neonatal, o seu estado inspira cuidados. O menino, no entanto, desapareceu horas depois do nascimento. A polícia investiga o caso, que pode ser tratado como sequestro.
O mundo para.
Jonathan fica estático. Sua expressão se transforma diante dos olhos dos colegas. Eduardo segura seu braço com força quando percebe que ele perde o equilíbrio por um instante.
— Não… não pode ser — murmura Jonathan, com a respiração falha.
Islanne o encara, engolindo em seco, o olhar aflito.
— Jonathan… ela estava grávida. E agora está em coma.
Dante mantém o silêncio. Apenas observa.
— Mas… ninguém sabia… ela… — Jonathan tenta juntar as palavras, mas sua mente está um caos.
— Aconteceu no interior. Ela foi embora depois daquela discussão com você. Nunca mais falou nada — Islanne explica rapidamente. — Precisamos agir.
Eduardo assume o comando da situação.
— Vamos para a diretoria. Agora.
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