Jonathan caminha pelos corredores do hospital como quem atravessa um território estranho e silencioso. Tudo nele vibra com urgência, ele precisa vê-la, precisa olhar para Marta, mesmo que por segundos.
— Eu quero vê-la — diz à recepcionista da UTI, a voz firme, mas baixa, quase como um pedido.
A enfermeira olha os papéis à sua frente e balança a cabeça com delicadeza.
— Ela está na UTI adulta. O horário de visita é restrito. Só em duas horas, senhor.
Jonathan respira fundo. Fecha os olhos por um segundo. Queria vê-la, tocar sua mão, dizer que está ali. Mas não pode.
— E a minha filha? — pergunta, abrindo os olhos. — Eu posso ver minha filha?
A profissional consulta rapidamente a prancheta, depois assente.
— Pode. Venha comigo.
Islanne o acompanha até a entrada da UTI neonatal, e Jonathan sente o chão tremer sob os seus pés. Como se cada passo até ali estivesse prestes a redefinir tudo o que ele pensava ser.
Uma enfermeira se aproximou com um sorriso sereno, respeitando o peso daquele instante.
— Apenas um por vez — disse suavemente. — O senhor pode entrar. A senhora aguarda aqui fora, por favor.
Jonathan parou. Olhou para Islanne, e no olhar dela encontrou a coragem que faltava em si. Ela apenas assentiu, um gesto pequeno, mas que empurrou Jonathan adiante.
Ele entrou.
Lavou as mãos até os cotovelos, vestiu o avental descartável, a máscara, a touca. Cada movimento parecia um ritual solene, como se estivesse deixando do lado de fora todas as versões antigas de si mesmo. O homem que sairia dali seria outro. Um homem renascido.
A enfermeira caminhou à frente, e quando parou diante da incubadora, Jonathan soube. Soube antes mesmo de ver.
E então ele viu.
Sua filha, Lua.
O impacto foi brutal, cortante. Como se o peito dele tivesse sido rasgado e, ao invés de dor, jorrasse amor.
Ela era tão pequena. Tão absurdamente frágil, envolta em uma manta cor de rosa, o rosto sereno como o de um anjo adormecido.
Jonathan sentiu as pernas ameaçarem falhar.
— É… é ela? — conseguiu perguntar, com a voz quebrada em pedaços.
— Sim. A sua filha. A pequena Lua. Quer segurá-la?
Queria. Deus, como queria. Mas o medo paralisava até o seu sangue. E se quebrasse aquela criatura tão minúscula? E se não fosse bom o suficiente?
Mesmo assim, assentiu. Porque a alma dele gritava pela filha.
Com um cuidado reverente, a enfermeira o ajudou a pegá-la. E no instante em que Lua foi depositada em seus braços, Jonathan perdeu o mundo.
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