O cheiro de café fresco e pão assado se espalha pela cozinha simples e acolhedora do sítio Maia, carregando uma promessa de normalidade em meio ao caos. Dona Maria, com seu avental florido e sorriso tímido, organiza a mesa com esmero: frutas frescas, queijo caseiro, bolos... e, no centro, uma travessa fumegante de tapiocas brancas e perfeitas.
Mas ao verem as tapiocas, Eduardo e Jonathan param, como se tivessem levado um soco invisível. O rosto de ambos empalidece na mesma hora, e trocam um olhar cúmplice e doloroso, que fala mais do que qualquer palavra.
Dona Maria, percebendo a reação, fica visivelmente constrangida.
— Ah, meus filhos... — diz, com a voz embargada. — Se quiserem, tem pão... tem queijo... não precisa comer a tapioca, não...
Eduardo, tentando desfazer o clima pesado, força um sorriso e balança a cabeça.
— Tá tudo bem, Dona Maria. Foi só a saudade falando mais alto — ele confessa, puxando uma cadeira. — A Marta... foi ela quem nos apresentou a tapioca. Eu nem conhecia. Ela fez uma vez pra gente em São Paulo... e eu e o Jonathan viramos fãs.
Jonathan sorri, com os olhos marejados, e confirma com um gesto de cabeça. O ambiente, por um segundo, se enche de uma ternura melancólica.
A porta da cozinha se escancara num estrondo, rompendo a tensão como uma navalha.
Darlene entra carregando um balde de cinco litros de leite fresco, sua risada vibrante preenchendo todo o espaço.
— Bom dia, meu povo! — ela grita, sacudindo o balde.
— Trouxe leite da fazenda! Não aceito não como resposta!
Ela para de repente ao perceber a quantidade de pessoas na casa. Os olhos dela piscam rápido, tentando entender o cenário.
— Desculpem... — diz, sem jeito. — Nem vi que tava cheio assim. É que eu queria saber notícias... tô falando com todo mundo que conheço para ajudar nas buscas pelo pequeno Jeff...
Islanne, como sempre expansiva, salta da cadeira e já se apresenta, sorrindo de orelha a orelha.
— Eu sou a tia dos gêmeos! — diz, estendendo a mão.
Dona Maria, aproveitando o momento, apresenta cada um dos presentes: Jonathan, Eduardo, Ravi e Dante. Darlene sorri para todos, um pouco tímida agora.
— A Darlene é minha afilhada — Dona Maria explica, cheia de orgulho. — E a melhor amiga da Marta. Ela é dona da fazenda ao lado... cria gado Nelore.
Os olhos de Islanne brilham de curiosidade imediata.
— Você cria gado? Sério? Eu nunca vi de perto! — ela exclama.
Darlene ri, divertida.
— Pois tá convidada, viu? Quando quiser, a fazenda é sua!
A mesa se enche de vozes e risadas enquanto todos tomam café, tentando, por um momento que fosse, se agarrar à normalidade.
Depois do café, organizam-se para ir ao hospital. Dona Maria e Miguel ficam, ela para cuidar da casa, ele para tocar o sítio. Heitor segue com o grupo, determinado a estar junto em cada passo.
No hospital, as boas notícias aguardam:
Lua passou a noite sem intercorrências, ganhou peso e respirou sem ajuda, demonstrando uma força que encanta a todos. O alívio é visível no rosto de Jonathan quando escuta o boletim, embora o desejo de vê-la o corroa por dentro.
— Só no horário de visita, senhor — diz a enfermeira, gentil mas firme.
— É para a segurança dela... e de todos os outros recém-nascidos.
Jonathan assente, compreendendo, mas o peito aperta.
No fundo do corredor, longe dos olhares, Ravi encara a tela do celular, analisando dados, códigos e pistas.
Alguma coisa ainda não fecha...
E ele sabe que o mistério que envolve o desaparecimento de Jeff vai muito além do que todos ali conseguem imaginar.
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