O sol mal começa a subir quando o cheiro de café fresco se espalha pela cozinha do Sítio dos Maia. Dona Maria, com o avental branco e olhos cansados, organiza o café da manhã com esmero. Pão fresco, queijo da região, leite fervido e, como não poderia faltar, tapioca.
Jonathan e Eduardo descem juntos e ao verem a tapioca na mesa, trocam um olhar cúmplice. Os dois ficam visivelmente abalados por um instante.
Eduardo força um sorriso e balança a cabeça.
— Está tudo bem, Dona Maria… é só a saudade.
Ele se senta e toca com carinho na tapioca.
— Eu não conhecia. Marta que fez pela primeira vez… foi assim que virei fã. E o Jonathan também.
Dona Maria sorri, emocionada.
— Ela sempre teve mãos boas para cozinha… até nisso puxou a mim.
O café da manhã segue entre conversas e pequenos sorrisos. Depois, cada um retoma sua missão. Ravi sobe direto para o escritório onde montou sua base de operações. Revisa códigos, criptografias, bloqueios. Tudo está seguro, blindado. A rede foi codificada, rastros apagados. Mas o cansaço pesa nos ombros dele.
— Trabalhei a noite toda… e vou continuar a próxima — avisa, antes de seguir para o quarto.
No alpendre, Heitor abre um compartimento secreto atrás do armário de ferramentas. Com reverência, retira uma espingarda calibre 12 de repetição e um revólver .357 reluzente.
— Aqui em casa, sempre estivemos preparados para proteger os nossos — diz ele, a voz carregada de firmeza.
Dante e Eduardo trocam um olhar de admiração.
— Isso aqui é ouro puro — sussurra Dante, os olhos brilhando como os de uma criança em loja de brinquedos.
— Nunca pensei que veria um .357 assim, conservado, limpo, com o tambor firme — comenta Eduardo, quase em reverência.
Mas não há tempo para encantamentos longos. A hora da visita ao hospital se aproxima. Jonathan, Miguel, Eduardo, Islanne e Dona Maria seguem juntos, silenciosos, como se cada respiração carregasse uma súplica.
Ao chegarem, são informados: Marta passou a noite estável, sem intercorrências. Mas ainda não acordou.
— Isso é comum, principalmente depois de tudo que ela enfrentou — explica a médica.
— O corpo está reagindo, mas o cérebro precisa de tempo.
Na UTI neonatal, Lua também surpreende positivamente. Respirando bem, ganhando peso, sem qualquer complicação.
Mais tarde, quando liberam a entrada na UTI adulto, eles passam pelos protocolos rigorosos: lavagem de mãos, avental, touca, máscara. Marta está imóvel, mas agora sem os tubos. A imagem dela assim, frágil e calada, rompe algo em Dona Maria.
— Filha… — sussurra ela, os olhos marejados. — Tá todo mundo aqui. Seu pai, seu irmão, os seus amigos… a sua filha. Acorda, Marta… a gente precisa de você.
Ela não segura as lágrimas, soluça alto, sendo amparada por Islanne, que, apesar da própria emoção, mantém a firmeza. Marta não reage.
Miguel visita a irmã. Passa pelos protocolos rígidos da UTI adulto, se aproxima da cama de Marta com passos silenciosos e coração apertado.
— Mana… a gente tá aqui. Tá tudo sob controle. O sítio tá funcionando, eu e o pai estamos tocando tudo… mas você precisa voltar. Tá doendo, viu?
Ele segura a mão dela, os olhos marejando, mas logo precisou se despedir.
Jonathan entra em seguida. Se aproxima com o coração nas mãos, os olhos embaçados de dor.
— Eu tô aqui, Marta. Eu não fui embora. E não vou. Tua filha tá bem… ela é linda… igual a você. Eu juro que vou te esperar o tempo que for, mas volta para mim. Volta para a nossa filha. A gente vai para casa logo, os três. Mas para isso… você precisa voltar.
A emoção embarga sua voz.
— Eu te amo, tá? E eu juro… nunca mais vou errar com você. Fica comigo, volta para mim.
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