O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 185

A manhã avança preguiçosa no Sítio dos Maia, embalada pelo som ritmado das folhas sendo agitadas pela brisa e pelo canto cadenciado dos galos ao longe. Os raios de sol atravessam as frestas das janelas, dourando os móveis rústicos e os azulejos gastos da cozinha, onde Dona Maria termina de preparar uma bandeja com uma xícara fumegante de chá de capim cidreira adoçado com mel.

Caminha devagar pelo corredor silencioso, os chinelos arrastando-se suavemente pelo chão da casa. Para por um instante diante do quarto onde Ravi está hospedado. A porta, entreaberta, deixa escapar uma penumbra tênue e o som abafado de uma respiração pesada.

Ela b**e de leve, quase com pudor.

— Pode entrar — responde a voz grave e cansada de Ravi.

Dona Maria empurra a porta com delicadeza. O quarto está impregnado pelo cansaço do jovem diante dela. Ravi está sentado à beira da cama, vestindo uma calça de moletom folgada e uma camiseta amarrotada. Os cabelos desalinhados denunciam a vigília ininterrupta da noite anterior.

Mas o que mais chama atenção são os olhos dele: duas brasas acesas, profundas, carregadas de uma vigília que vai além da física, olhos de quem carrega a angústia dos que buscam incessantemente respostas.

Dona Maria aproxima-se, sustentando o mesmo sorriso calmo que sempre ofereceu aos seus, mesmo quando o mundo parecia desabar.

— Trouxe um chá de capim cidreira com mel... Vai te ajudar a relaxar um pouco — diz, estendendo a xícara para ele com um gesto maternal.

Ravi aceita com gentileza, mas não evita a autodepreciação:

— Obrigado, Dona Maria… A senhora não precisava…

Ela o interrompe com a ternura das mães que já aprenderam que o cuidado não se explica, apenas se oferece:

— Claro que precisa, menino… Aqui todo mundo cuida de todo mundo. Se sinta em casa, viu? E… obrigada por tudo. Por estar tão empenhado nas buscas. Por cuidar da gente sem nem nos conhecer de verdade…

Sem conseguir evitar, ela se abaixa e o envolve num abraço quente e silencioso, apertado como só as mães sabem fazer.

Ravi paralisa, como se aquele gesto simples fosse um código desconhecido, esquecido, perdido há muito tempo. Por fim, lentamente, retribui, fechando os olhos como quem, por um breve segundo, encontra abrigo em meio ao caos.

— Faz muito tempo… muito tempo mesmo… que ninguém me abraça assim… — confessa ele, num fio de voz, com um sorriso tímido e vulnerável.

— Às vezes… — responde Dona Maria, acariciando os cabelos rebeldes dele — é só isso o que a gente precisa para conseguir seguir em frente.

Ela o observa com ternura, como quem protege um filho.

— Agora toma o chá e dorme. Você parece um anjo meu menino.

Ravi solta um riso breve, envergonhado:

— Um anjo com olheiras e cheiro de rede clandestina…

Ambos riem, cúmplices desse momento breve de paz em meio à tormenta. Dona Maria ajeita o cobertor sobre ele, como fazia com os filhos quando eram pequenos, e o observa por alguns segundos, antes de, em voz baixa e reverente, sussurrar:

— Que Deus te guarde, meu filho… Você é uma benção na vida da minha filha…

Puxa a porta devagar, deixando o quarto num silêncio que parece suspenso, como se a qualquer momento pudesse ser quebrado por alguma nova revelação.

No corredor, fecha os olhos por um instante e faz uma prece silenciosa, como quem deposita ali, naquela oração, toda a esperança que ainda consegue reunir. Depois segue, resignada, para a cozinha, determinada a preparar o almoço como um ato de amor, sua forma de retribuir a todos que, de alguma forma, têm cuidado da sua família.

No hospital, no entanto, a serenidade não encontra espaço.

A tensão se instala como uma névoa densa assim que Jonathan, Islanne e Eduardo adentram a ala reservada aos familiares. O ar é impregnado pelo cheiro ácido de antissépticos e pela constante sinfonia de monitores cardíacos ao fundo.

Um médico alto, de semblante sereno mas olhar firme, aproxima-se deles. De jaleco impecavelmente branco, estende a mão de forma profissional:

— Doutor Rafael Brandão — apresenta-se, com voz cordial mas segura. — Sou o responsável pela UTI adulto deste hospital e estou acompanhando de perto o caso da Marta.

O trio se aproxima, formando um semicírculo tenso diante dele, como quem busca desesperadamente por boas notícias, mas teme ouvi-las.

— Doutor… como ela está? — pergunta Jonathan, com a voz embargada.

O médico respira fundo, como quem pondera cada palavra antes de pronunciá-la:

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