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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 188

Jonathan caminhava pelo corredor da UTI, o coração ainda apertado após deixar Marta, quando, ao virar-se, viu Eduardo aproximando-se lentamente. O olhar dos dois se encontrou, e naquele breve instante, muito foi dito sem palavras.

Jonathan respirou fundo, os ombros pesados de uma angústia mal contida.

— Ainda… ainda não contei sobre o Jeff — confessou, num sussurro rouco, quase como quem teme o próprio som das palavras.

Eduardo apenas assentiu, com um movimento discreto de cabeça. Seu semblante estava austero, mas os olhos, sempre tão expressivos, revelavam a mesma preocupação silenciosa que compartilhava com todos naquele momento. Ele não precisava dizer nada; a dor, o medo e a responsabilidade eram evidentes entre eles, como um fio invisível, tenso, que os ligava.

Sem mais delongas, Eduardo caminhou até o lavatório. Seus movimentos eram metódicos, quase cerimoniais: abriu a torneira, esfregou as mãos vigorosamente com sabão antisséptico, enxaguou até não restar resquício algum, secou com papel descartável e, só então, vestiu o avental, ajustou a touca e a máscara. Respirou fundo, fechou os olhos por um segundo, como quem se prepara para atravessar uma ponte frágil, e então empurrou a porta de vidro.

Ao vê-lo entrar, Marta arregalou os olhos, um brilho imediato surgindo onde antes havia apenas cansaço e dor. Seu coração disparou, mas dessa vez não foi de medo ou angústia, foi um salto visceral de reconhecimento e afeto.

— Dudu… — sua voz saiu trêmula, quase irreconhecível, mas carregada de tanto amor e alívio que Eduardo sentiu os olhos encherem-se de lágrimas antes mesmo de dar o primeiro passo até ela.

Ele se aproximou devagar, com aquele jeito calmo e protetor que sempre tivera com ela. Quando chegou ao lado do leito, não hesitou: segurou a mão dela com firmeza e carinho, entrelaçando os dedos como quem segura algo precioso demais para se quebrar.

— Meu anjo… — disse num sussurro, a voz falhando com a força do sentimento.

— Você não tem ideia da falta que faz nesse mundo aqui fora… — Ele sorriu, mas o sorriso se curvou de tristeza. — Está todo mundo meio perdido sem você. Mas eu tô cuidando de tudo, como sempre, tá? Como você confiou que eu faria.

Marta puxou-o com a pouca força que tinha e, num movimento frágil, mas determinado, o abraçou, afundando o rosto no peito dele. E ali, naquele abraço, ela desabou. As lágrimas vieram em ondas, quentes e silenciosas, molhando o avental que ele vestia. Eduardo fechou os olhos, apertando-a contra si, tentando ser a fortaleza de sempre, mas as emoções o venceram. Duas lágrimas pesadas rolaram por seu rosto, ultrapassando a borda da máscara.

— Eu… achei… que ia morrer… — soluçou ela, com a voz embargada. — Achei que… nunca mais ia ver ninguém… nem os meus filhos… nem você…

Eduardo afastou-se um pouco só para poder olhar bem dentro dos olhos dela. Passou a mão carinhosamente sobre os cabelos despenteados, ajeitou uma mecha atrás da orelha e disse, com uma doçura que parecia acalmar até o ar denso da UTI:

— Não… não fala assim… Você é a mulher mais forte que eu conheço. Eu sabia… sabia que você ia voltar… para eles… e para nós.

Ela sorriu, fraco, mas genuíno. A mão dele, ainda apertando a dela, pulsava como um elo irrompível.

O tempo, porém, parecia um inimigo invisível, correndo rápido demais. Eles sabiam que aquele momento era precioso, finito. Eduardo respirou fundo e ficou ali, apenas olhando-a, com aquele amor silencioso, respeitoso, sem a necessidade de grandes declarações. Tudo estava naquele olhar: a amizade, a lealdade, a família escolhida.

E então, a porta se abriu novamente.

O som suave, quase imperceptível, não preparou Marta para o que viria. Quando seus olhos se voltaram para a entrada, ela viu Islanne parada ali, estática por um segundo, como quem busca fôlego para atravessar um furacão.

E então, como duas tempestades que se reconhecem e colidem, Marta e Islanne se encaram ou o mais próximo disso que Marta conseguiu. Islanne foi até o leito e, inclinando-se, envolveu Marta num abraço apertado, visceral, que parecia querer colar os pedaços quebrados de ambas.

Islanne, percebendo a necessidade de conforto, continuou, apertando a mão de Marta.

— Eu vou ensinar a Lua a se defender, a ser forte… — disse com convicção, enquanto uma lágrima escapava e caía sobre o lençol e vou mimar os dois até o mundo girar ao contrário… Você vai ver… eles são nossos… são sua carne, seu sangue… e ninguém mais toca neles. Nunca.

Marta sorriu, fraco, mas com um brilho renovado no olhar. O tipo de brilho que só surge quando se percebe que, mesmo nos momentos mais escuros, há braços para amparar, há quem lute por você.

Elas ficaram ali, abraçadas, chorando juntas, em silêncio, por longos minutos. Não era preciso mais nada: o amor falava por si.

Naquele abraço, Islanne, a irmã de Jonathan, percebeu, com uma clareza que a emocionou, que Marta não era apenas sua cunhada. Era sua irmã de alma. E Marta sentia o mesmo, como se, de alguma forma inexplicável, a vida as tivesse unido para além dos laços formais, como duas mulheres que tinham atravessado juntas uma mesma tempestade, sobrevivido à mesma guerra.

E, no meio daquele quarto frio e asséptico, nascia, ou talvez renascia, um laço inquebrantável.

Mas, ao se afastarem, ao soltarem devagar as mãos, outra pergunta fica suspensa no ar, como névoa:

Quando Marta, enfim, veria os filhos com os próprios olhos?

O tempo estava correndo… e, talvez, novos segredos ainda estivessem prestes a emergir.

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