Jonathan respira fundo ao parar no estacionamento e, antes mesmo de abrir a porta, sente um olhar cravado nele. Eduardo já está encostado no carro, os braços cruzados e aquele maldito sorriso que mistura deboche e entendimento. Jonathan detesta isso. Detesta que Eduardo o enxergue tão bem, como se conseguisse ver através da fachada impenetrável que ele construiu, mas é grato por sua amizade verdadeira e por ser o único que o enfrenta na vida e no tatame. O silêncio entre eles dura segundos, mas carrega peso. Jonathan se aproxima devagar, e Eduardo, sem pressa alguma, destrava o carro.
— Para onde? — Eduardo pergunta, fingindo desinteresse.
— Preciso ver Marta. — Jonathan ajeita o relógio no pulso.
— Pagar os dias que ela trabalhou.
Eduardo estreita os olhos e inclina um pouco a cabeça.
— Você quer o amigo ou o motorista?
Jonathan prende a respiração por um instante. Ele já deveria saber que Eduardo não facilitaria em nada.
— Um homem respeita o outro, Eduardo, seja sincero e me responda. Você está namorando com ela?
Eduardo solta uma risada curta, balançando a cabeça como se tivesse acabado de ouvir a coisa mais absurda do mundo.
— Já te disse que gosto dela como uma irmã. Senti necessidade de protegê-la, só isso. Acho que você ainda precisa de mais uns dois treinos essa semana…
Jonathan não responde de imediato. Apenas entra no carro e solta o ar devagar. Eduardo liga o motor e continua:
— O caminho está livre, Schneider. Mas vá devagar. Ela estava com medo de você, e quando disse que a carreguei no colo e levei para a minha cama, foi verdade, mas fiz isso porque acordei com os gritos dela, que teve um pesadelo, invadi o quarto e ela estava lá, tremendo, apavorada, chorava copiosamente, e sabemos que isso pode ter sido reflexo do medo que ela teve de você agredi-la?
A frase faz Jonathan fechar os olhos por um segundo. Medo. Ele não quer isso.
— Se pretende ter algo com ela, que seja de verdade. Ela não merece ser tratada como as mulheres que nos divertimos nos puteiros da vida. Marta é ingênua.
Jonathan encosta a cabeça no banco e encara o teto do carro.
— Acho melhor, por agora, você optar pelo caminho profissional, peça apenas para ela voltar a trabalhar na mansão, Marta ficou muito assustada pelo seu comportamento no quarto da falecida Aira.
— Eu só não quero ser injusto com ela, Eduardo. Ela tem 21 anos, eu tenho 30. Não vou me aproveitar da inocência dela.
— Inocência mesmo, ela nunca foi tocada e eu vou protegê-la, mesmo que seja de você.
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