O sorriso de Marta ainda brilha em seu rosto por uma fração de segundo, mas se desfaz assim que seus olhos encontram os de Jonathan. O ar entre eles parece mudar, carregado de algo que nenhum dos dois consegue definir. Marta engole em seco, a respiração descompassada, sem saber ao certo por que sente um aperto no peito, mas ela demonstra medo e dá dois passos para trás.
Eduardo assiste à cena como um espectador privilegiado de um jogo perigoso prestes a começar.
O clima fica tenso, quase palpável. Jonathan observa Marta de relance enquanto ela termina de organizar a sala, mas ela evita o seu olhar, concentrando-se no que fazia. Eduardo, percebendo a tensão no ar, decide aliviar a situação.
— Tem sopa. — Ele diz, casualmente.
— Feita por ninguém menos que nossa talentosa chef Marta.
Jonathan, sem muita escolha e sem querer prolongar o desconforto, apenas assente. Marta suspira, ainda sentindo um peso no peito, mas se levanta para pôr a mesa.
Após deixar a mesa impecável, ajeita uma mecha do cabelo atrás da orelha e encara Jonathan antes de anunciar com a voz suave:
— Vou tomar um banho.
Sem esperar resposta, ela se afasta em direção ao quarto que está ocupando na casa de Eduardo. Jonathan a observa desaparecer pelo corredor, a silhueta delicada sumindo atrás da porta.
Ele se recosta no sofá e solta um suspiro longo. Eduardo, sentado na poltrona à sua frente, cruza os braços e o encara com um sorriso de canto.
— Ela parece tranquila, não acha? — Jonathan comenta, tentando parecer despreocupado.
Eduardo concorda com um aceno leve, mas sua expressão carrega um aviso.
— Sim, mas Marta é muito sensível. Ela pode não demonstrar, mas sente tudo de forma intensa. Se for falar com ela, vá com calma.
Jonathan apenas assente, absorvendo as palavras do amigo. Ele não admite em voz alta, mas sente um incômodo no peito ao lembrar da mágoa que viu nos olhos dela mais cedo.
Poucos minutos depois, Marta retorna ao cômodo, os cabelos ainda úmidos, a pele recém-banhada exalando um perfume suave. Jonathan não consegue evitar: seus olhos percorrem cada detalhe, da curva do pescoço até as pernas expostas pelo vestido leve.
Eduardo percebe o olhar atento do amigo e esboça um sorriso travesso, mas decide não comentar.
— Vamos para a mesa. — Marta anuncia com naturalidade.
Eles seguem para a sala de jantar, o aroma quente e caseiro preenchendo o ambiente. Jonathan se pergunta se, além do corpo, Marta também aqueceu o coração... ou se ainda há um frio incômodo entre eles.
Todos se sentam.
Eduardo logo começa a falar sobre o quanto a sopa está maravilhosa, exagerando nos elogios.
— Marta, você tem noção do talento que tem? Essa sopa está perfeita. Eu juro que nunca comi algo tão bom assim.
Marta sorri, um sorriso verdadeiro, brilhante, que ilumina todo o ambiente. Jonathan, em silêncio, observa aquilo. É a primeira vez que realmente presta atenção nela dessa forma, e se dá conta de uma coisa incômoda, ele nunca a elogiou. Nem uma vez.
A refeição segue entre conversas e pequenas brincadeiras de Eduardo, até que terminam. Marta rapidamente se levanta para retirar os pratos, mas Eduardo a acompanha, sempre pronto para ajudar.
— Eu posso fazer isso, Eduardo.
— Relaxa, é o mínimo depois dessa sopa incrível.
Marta sorri, mas logo perde a expressão leve ao ver Jonathan se aproximar.
— Preciso falar com você.
Ela arqueia a sobrancelha, desconfiada e dá dois passos para trás.
— Sobre o quê?
Jonathan percebe o medo e hesita por um instante, coisa rara para ele, mas finalmente solta:
— Quero me desculpar pela forma como te tratei.
Marta cruza os braços, analisando-o.
— Já passou, está tudo bem.
Jonathan percebe que ela apenas quer encerrar o assunto, mas ele não pode deixar assim.
— Além disso… queria pedir para você voltar a trabalhar para mim.
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