O sol mal começa a aquecer o sítio quando Ravi, de cara fechada, entra na cozinha onde Jonathan e Dona Maria já tomam café.
— Achei que tinha algo… — começa ele, a voz rouca pela madrugada em claro.
— Mas era pista falsa. Jeff-007 não tem nada a ver com o nosso bebê. Era o filho de uma tal de Jéssica Fernandes, roubado dois meses atrás. Tô de volta à estaca zero.
Jonathan apoia os cotovelos na mesa, esfregando o rosto. O baque é visível.
— Porrah, Ravi… eu tinha esperanças. Nem que fosse uma ponta…
— Eu também. Mas não vou desistir. Nem fudendo — rebate, firme, ainda de pé.
Dona Maria coloca uma fatia de bolo no prato de Ravi e o encara com doçura determinada.
— Vai ficar tudo bem. Eu tenho fé. Jeff vai aparecer… Ele vai voltar para gente.
Nesse momento, Darlene entra pela porta dos fundos com um sorriso e uma garrafa de leite fresca na mão.
— Bom dia, gente! Trouxe leite do jeito que Dona Maria gosta.
— Ah, minha filha! — Dona Maria se levanta e a recebe com um beijo no rosto. — Que bênção você.
Islanne surge logo depois, já arrumada e de mala pronta, e anuncia:
— Depois que eu ver a Marta e a Lua, volto para São Paulo. Tenho que retomar as coisas lá.
Dona Maria se levanta e a abraça com força, a emoção embargando a voz.
— Minha filha… você sempre vai ser bem vinda aqui. Essa casa é sua também.
Seu Heitor se aproxima e estende a mão, com o semblante grave.
— Obrigado por tudo, de coração.
— Foi uma honra ajudar, mas assim que chegar a São Paulo, vou cobrar alguns favores e tentar adinatar essa investigação. — ela diz, apertando a mão dele com sinceridade.
Miguel, que entra na cozinha puxando uma cadeira, se aproxima também.
— Obrigado por tudo, Islanne.
Ela o puxa de surpresa para um abraço apertado.
— Você é o irmão da Marta, Miguel. Não precisa agradecer por cuidar da nossa família.
Darlene cruza os braços com um sorriso travesso.
— E você ainda tá me devendo uma visita à fazenda, viu?
— Pode deixar. Eu volto logo — responde Islanne com uma piscadinha.
Jonathan se aproxima devagar, mas o olhar dele está afiado. Para diante de Islanne e fala com voz baixa, mas firme.
— Lembra o que eu te disse há meses atrás? Se tentar fugir de novo sem segurança, te dou uma surra.
Ela ergue uma sobrancelha, desafiadora, mas ele prossegue.
— Eu quero o Dante colado em você, o tempo todo. Entendido?
Islanne apenas assente com um leve sorriso. Ravi se aproxima e estende a mão para ela, mas o toque se prolonga um pouco demais. O olhar entre os dois denuncia algo mais.
Jonathan observa, em silêncio, os olhos afiados como navalha. Desconfia.
Tem coisa aí… pensa.
E se recorda: também viu aquela mesma tensão entre ela e Rui, lá atrás.
— Vou com vocês ver a Marta — diz Miguel, cortando o clima. — Preciso ver minha irmã. E podem contar comigo para manter a história sobre o Jeff.
No sítio, Dona Maria sobe com uma bandeja até o quarto de Ravi. Ele já está deitado, os olhos semicerrados.
— Trouxe o seu chá, meu filho.
— Agora sim… esse eu aceito feliz — diz ele, se sentando com esforço e toma o chá rapidinho.
— Ei, pequena… sabia que você tem o sorriso mais bonito que eu já vi? — sussurra.
— E olha que eu sou bem exigente, viu?
Lua emite um som baixinho, algo entre um suspiro e um balbucio.
— Ah, tá rindo de mim já? É isso? Tão nova e já tirando onda com o papai?
A enfermeira observa de longe, o rosto suavizado por um sorriso de ternura.
— A sua mãe vai pirar quando te ver, sabia? Você é toda ela. Forte, linda, teimosa… tenho certeza. — Ele beija a testa da filha.
— Eu prometo, minha Lua… vou fazer tudo por você. Vou ser o melhor homem que posso ser. Por você. Por ela. Por nós.
Lua aperta os dedinhos e encosta o rosto no peito dele, como se entendesse. Jonathan fecha os olhos por um segundo e se permite respirar esse momento, esse amor novo que já virou lar.
A enfermeira se aproxima, suavemente.
— Senhor Jonathan… acabou o tempo da visita.
Ele olha para ela, depois para Lua, com pesar.
— Só mais um minuto. Só um.
A enfermeira assente, em silêncio, e se afasta com discrição.
Jonathan volta a encarar a filha e sussurra:
— Papai volta amanhã, tá? Não esquece de mim. Sonha comigo.
Beija o narizinho dela com carinho e, devagar, a devolve para a incubadora, cobrindo-a com cuidado.
— Até já, minha luz.
E sai, com o coração mais cheio do que entrou.

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