Nada prepara a delegacia para o momento em que Jonathan Schneider atravessa suas portas. Ele não tem pressa, não se altera. O andar é firme, o olhar, ainda mais. Não há necessidade de levantar a voz, o silêncio que carrega é mais eloquente do que qualquer grito.
Ao seu lado, Eduardo caminha com a tensão marcada nos ombros, enquanto Miguel permanece um passo atrás, inquieto, tentando absorver a atmosfera que se forma ao redor deles. Todos na delegacia sentem, mesmo sem entender: alguma coisa muda a partir daquele instante.
Mas antes, do lado de fora, há a despedida.
Islanne encara os três com um olhar longo, demorado, como quem quer imprimir na memória cada feição, cada traço. Quando para diante de Jonathan, não diz palavra alguma de imediato. Apenas o envolve num abraço apertado, firme, um abraço que carrega anos de cumplicidade, de lutas silenciosas e de vitórias conquistadas com sangue e inteligência.
Jonathan fecha os olhos por um breve segundo. O mundo poderia ruir ali mesmo, mas ele ainda sustentaria os escombros para protegê-la. Inclina-se levemente, sussurrando apenas para ela ouvir:
— Cuida de tudo por lá… mas, por favor, cuida de ti também.
Islanne sorri, e é um sorriso bonito, mas que não disfarça o peso que leva nos ombros. Ela segura as mãos do irmão com força, transmitindo em silêncio tudo o que as palavras não alcançam.
— E tu… cuida dela — diz, com um movimento de cabeça sutil, fazendo referência a Marta.
Jonathan apenas assente, os olhos se endurecendo mais uma vez, como se a menção ao nome fosse suficiente para convocar toda a sua determinação. Ele então se volta para Dante, que já está ao volante esperando, e antes que ela entre no carro, Islanne lança um último olhar ao irmão. Não é um adeus, mas parece. É o tipo de despedida que só quem conhece a guerra entende.
Miguel observa a cena, fascinado. Entre eles não há frases vazias ou promessas sentimentais, há pactos silenciosos, uma lealdade que não precisa ser dita, porque se manifesta em cada gesto, em cada decisão.
Assim que o carro de Islanne parte, Jonathan respira profundamente, como quem exala os últimos traços de humanidade que não pode carregar para o que está prestes a enfrentar. Ajusta a gravata, estica o colarinho, e então caminha com a postura do homem que move impérios, determinado, calculado, mas com a alma ferida.
Eles entram na delegacia, e a tensão se materializa nos olhares e nos sussurros. O nome “Schneider” percorre os corredores antes mesmo que ele fale qualquer palavra.
Jonathan se aproxima da recepção e, sem mudar o tom de voz, declara:
— Assunto urgente e confidencial.
O agente se levanta imediatamente, tropeçando na pressa. Em menos de dois minutos, o delegado surge, ajeitando a gravata e alisando a arma no coldre, como quem precisa se recompor para receber uma figura de poder.
— Por aqui, senhores.
A sala do delegado se transforma num campo de batalha estratégico. O delegado, com os dedos inquietos, liga para o ramal do Serviço de Investigação (SI). Poucos minutos depois, três agentes entram, os rostos fechados, marcados pela fadiga, mas alertas.
O relato é desolador: nenhuma pista concreta. Nenhuma testemunha disposta a falar. Nenhum vestígio físico. Um bebê levado em meio ao caos, como se a própria terra o tivesse engolido.
Jonathan ouve tudo em silêncio, mas seus olhos queimam de frustração. Ele se inclina para frente, apoia as mãos na mesa do delegado, e sua voz surge cortante, indiscutível:
— Se o problema for dinheiro, digam quanto precisam. Não me interessa o custo. O que me interessa é ação. Rápida. Eficiente.
O delegado engole em seco. Jonathan continua, sem desviar o olhar:
— E se for preciso, aciono hoje mesmo o governador. Quero esta delegacia equipada, reforçada. Gente capacitada. Peritos. O que for. Não vou descansar até que esta cidade saiba que quem tocou na minha família terá que lidar com as consequências.
A sala silencia, exceto pela respiração pesada dos presentes.
Jonathan se vira levemente para os agentes do SI, o tom agora mais direto, mais técnico:
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