O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 194

O som rouco e intermitente do ar condicionado antigo luta inutilmente contra o calor abafado da sala. A porta mal se fecha após a saída de Jonathan Schneider e seus homens, e o silêncio se instala como uma cortina pesada. Por um instante, ninguém fala. O delegado Celso respira fundo, como quem tenta reorganizar os pensamentos que o olhar de Jonathan acabou de desmontar.

Ele se arrasta até a cadeira, j**a o corpo para trás e encara os três agentes do Serviço de Investigação que ainda permanecem de pé, imóveis, como soldados à espera de uma ordem. Seus rostos estão marcados não apenas pelo cansaço das últimas semanas, mas agora também pela pressão palpável que Jonathan trouxe consigo.

— Senta aí, todo mundo. Agora — ordena Celso, a voz baixa, seca, mas firme como aço.

Os três se acomodam ao redor da mesa. Nenhum ousa sequer soltar um comentário fora de hora.

O agente Valadares quebra o silêncio primeiro. Passa a mão pela barba rala, balança a cabeça e, com um tom carregado, começa:

— Chefe… a gente já virou aquele hospital do avesso. A maternidade, o estacionamento, os acessos laterais… Não tem câmera funcionando, não tem registro decente de quem entrou ou saiu naquele dia, o gerador quebrou e os relatórios são uma zona. E para piorar, tudo aconteceu no meio daquela tempestade maldita…

Celso assente devagar, como quem já esperava por aquela ladainha, mas mesmo assim não esconde a irritação contida. Ele entrelaça os dedos sobre a mesa, mantendo a cabeça baixa por alguns segundos, e então ergue o olhar, agora duro, consciente do peso que carrega.

— Eu sei, Valadares… Eu sei. Mas agora a gente tem um problema muito maior.

O delegado se inclina para frente, apoiando os cotovelos sobre a madeira riscada da mesa, e lança um olhar direto, como quem atravessa a alma de cada um:

— O homem que acabou de sair daqui… não é só o pai do menino. É o Jonathan Schneider. O cara que, se quiser, fecha essa delegacia em questão de dias, ou transforma isso aqui num quartel general com recursos infinitos.

Os três agentes se entreolham, e o ar na sala parece ficar ainda mais denso.

— Ele quer respostas — prossegue Celso, a voz agora ainda mais grave. — E quer rápido.

Valadares solta um suspiro, mas antes que possa dizer qualquer coisa, o investigador Hugo, que folheia uma pasta gasta, ergue os olhos, apontando para os papéis com uma expressão inquieta:

— Celso… o pior é que esse caso não está isolado. Olha isso aqui… — Ele abre a pasta e desliza pela mesa. — Três ocorrências de desaparecimento de recém nascidos nos últimos sete meses. Duas em cidades vizinhas, uma aqui mesmo. E olha só as circunstâncias…

Ele passa os dedos pelos relatórios, como quem rasga a pele de um segredo escondido.

— Sem testemunhas. Sem sinais de arrombamento. Sem exigência de resgate. Nada. Sempre durante alguma merda de desastre natural, apagão, feriado ou greve. Quando o sistema está sobrecarregado ou distraído.

O terceiro agente, Nogueira, que até então apenas observava, fecha o notebook e desliza para frente, abrindo-o novamente e exibindo um mapa digital. Sobre ele, diversos pinos vermelhos marcam pontos específicos do estado, conectados por linhas tênues, mas visíveis.

— Não é coincidência — sentencia Nogueira, com um tom que não admite contestação.

— Esses filhos da putta tão agindo de maneira estratégica. Sabem quando atacar, sabem onde os sistemas falham. Estão mapeando vulnerabilidades.

Celso passa as mãos pelas têmporas, apertando com força, como se pudesse arrancar dali a exaustão que o consome.

— E ninguém percebeu esse padrão até agora?

O silêncio que se segue dura tempo demais.

— A gente tinha uma suspeita… — admite Hugo, cabisbaixo, quase envergonhado.

— Mas a Corregedoria pediu cautela. Sem provas concretas… disseram que podia ser erro de registro, mães com histórico de drogas que mentiram sobre gravidez, partos ilegais… um monte de merrda.

Celso fecha os olhos, pressiona ainda mais a testa, depois respira fundo e encara os três:

— E agora? O que vocês me dizem agora?

O silêncio se estende novamente, até que Valadares responde:

— Agora… agora é diferente.

— Diferente?

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