O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 195

O sol se despedia lentamente no horizonte, tingindo de dourado e púrpura as copas das árvores que emolduravam o Sítio da família Maia. O canto das aves, em suave descompasso, se misturava ao cheiro adocicado de ração e terra úmida, que subia dos galpões à medida que Miguel e seu Heitor caminhavam lado a lado, pela lateral da propriedade.

Miguel, com a prancheta apoiada no antebraço e a caneta entre os dedos, rabiscava números, revisava colunas, enquanto os olhos ora se fixavam nos dados, ora varriam as plantações ao longe.

— Pai… — começou, com aquele tom reflexivo de quem pensa em voz alta — acho que dá para gente puxar mais uma liberação de lote antes da próxima chuva. Se a gente adiantar a colheita do milho pra quarta-feira, já otimiza o rodízio das rações e libera o galpão grande pra armazenar o feno da segunda remessa.

Seu Heitor, sempre mais silencioso e contemplativo, girou o boné gasto nas mãos, olhando a plantação ao longe, como quem pede confirmação ao próprio instinto.

— Tá pensando bem, Miguel… — assentiu com um meio sorriso de orgulho contido.

— Tá mostrando que tá pronto pra tocar isso aqui de vez.

Miguel sorriu de canto, mas antes que pudesse responder, passos discretos soaram na brita do caminho. Jonathan se aproximava, sem pressa, as mãos nos bolsos, escutando a conversa com aquele olhar atento de quem respeita a tradição, mas enxerga as possibilidades do futuro.

Parou a poucos metros deles, aguardando uma deixa para entrar na conversa, mas Miguel o percebeu e logo abriu espaço:

— Chega mais, Jonathan!

Jonathan sorriu, educado, lançando um olhar breve ao horizonte antes de falar:

— Desculpa me meter, mas… se quiserem uma visão estratégica de fluxo e estoque, posso dar umas sugestões.

Miguel arqueou as sobrancelhas, surpreso, mas receptivo.

— Claro! Aqui ninguém dispensa ajuda, ainda mais de quem entende. Você manja disso?

Jonathan deu de ombros, modesto:

— Além de cuidar do Grupo Schneider, sou formado em Administração. — O sorriso se abriu mais confiante. — E a Islanne é contadora. Se precisarem de ajuda com relatórios, custos, análise de investimento… só chamar.

Miguel olhou o cunhado com outra camada de respeito, como quem passa a vê-lo não só como família, mas também como um profissional admirável.

— Então a gente tá muito bem acompanhado por aqui… — comentou, meio brincando, meio reconhecendo a sorte.

Jonathan sorriu, e os três seguiram caminhando, a conversa fluindo com leveza, mas também com profundidade. Jonathan trouxe dicas sobre controle de produtividade, investimentos em maquinário de precisão, tecnologias para mapeamento de solo, além de sugestões sobre a digitalização da gestão da fazenda, para otimizar tempo e reduzir custos.

Miguel o ouvia com fascínio, anotando tudo, cruzando ideias e já imaginando como implementar.

Ali, naquela troca, algo mais que simples afinidade familiar se construía: nascia um companheirismo, uma admiração silenciosa, cúmplice, como dois homens que entendem o peso de liderar, proteger e fazer crescer os legados de suas famílias.

— Sabe, Miguel… — Jonathan disse, num tom mais pessoal, enquanto se apoiava na cerca e olhava o pôr do sol —… eu entendo você. Sei que tudo que faz é pelo bem da sua irmã, porque a ama… e quer o melhor pra ela. É a mesma coisa comigo e a Islanne. Não tem um dia que eu não pense no bem-estar dela, em como fazer ela se sentir segura, feliz…

Miguel desviou o olhar da prancheta e, por um segundo, largou a postura prática para compartilhar um meio sorriso.

— É… a gente faz tudo por elas, né? Mesmo que nem sempre elas percebam.

Jonathan assentiu, os olhos marejando um brilho que misturava carinho e responsabilidade.

— E quando percebem… é a maior recompensa do mundo.

Miguel concordou com um aceno silencioso, antes de voltarem ao tema de negócios. A cumplicidade entre eles se tornava cada vez mais sólida, construída não só de interesses e estratégias, mas de valores compartilhados, lealdade e amor à família.

Enquanto isso, na base improvisada como escritório, Ravi permanecia absorto frente à tela do computador. Seu rosto iluminado pela luz fria do monitor, a expressão fechada, os olhos ágeis vasculhando os recantos mais obscuros da deep web.

Ele mal percebeu quando Miguel passou rapidamente pela porta entreaberta, apanhou o notebook e, antes de sair, parou por um segundo, o observando com sincera gratidão.

— Valeu… de verdade… pelo que tá fazendo pela gente.

Ravi apenas assentiu, um movimento breve de cabeça, sem desviar os olhos da tela, mas entendendo, silenciosamente, o peso daquele agradecimento.

Miguel saiu e o deixou sozinho, novamente envolto na penumbra, cercado pelos cabos, telas e gráficos complexos.

A noite avançava. Da cozinha, o aroma acolhedor do jantar caseiro se espalhava por toda a casa, invadindo até os cantos mais frios do escritório. Dona Maria, com seu avental bordado, preparava tudo com o mesmo zelo com que fazia suas orações: cada panela mexida no tempo certo, cada tempero adicionado com a medida exata de quem conhece mais o coração do que a receita.

Assim que todos terminaram de comer, ela, silenciosa, separou um prato generoso: arroz soltinho, carne assada no ponto, salada fresca e um pedaço do bolo de fubá recém-saído do forno. Completou com uma garrafa de suco e outra de café, quente, forte, do jeito que sabia que ele gostava.

Equilibrou tudo numa bandeja e, sem pedir ajuda, seguiu até o escritório.

A porta estava entreaberta. Ela bateu levemente, mas com aquele toque que não se pede permissão, apenas avisa.

— Posso? — perguntou, já adentrando o espaço.

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