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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 201

A mesa está posta com simplicidade, mas carrega o sabor de aconchego e de lar. Dona Maria serve os pratos com mãos hábeis, enquanto Lua, já alimentada, repousa serena no colo de Jonathan, que tenta, ainda desajeitado, equilibrar o garfo com a esquerda enquanto segura a filha com a direita.

— Se quiser, eu seguro ela para você comer — oferece Ravi, que já está terminando de comer para ir para o escritório.

— Não, tô bem assim. — Jonathan responde, com um sorriso discreto.

— Tô aprendendo.

Dona Maria observa os dois com ternura silenciosa. Depois do jantar, ela arruma a cozinha com ajuda de Heitor e Jonathan leva Lua para o quarto. Com cuidado, arrasta o berço para bem ao lado da cama, como se pudesse protegê-la com a própria respiração.

Ele se senta na beira do colchão, observando o rostinho calmo da filha.

— Sua mãe logo vai estar aqui, Lua... nesse quarto com a gente. — Sua voz falha um pouco.

— Só não sei se ela vai querer ficar comigo. Não depois de tudo.

Lua resmunga baixinho. Jonathan a pega no colo com delicadeza, apoiando a cabecinha dela no ombro.

— Mas a gente vai dar um jeito, não vai? Vamos dar um jeito de ser uma família.

Uma leve batida na porta o interrompe.

— Pode entrar — diz ele, ainda embalando a bebê.

Dona Maria surge com uma expressão doce.

— Vim só lembrar que, se precisar de qualquer coisa, é só chamar. A porta do meu quarto vai ficar só encostada.

— Obrigado, dona Maria. De verdade.

Ela se aproxima, acaricia Lua com carinho e sorri.

— Ela é uma bênção. E você está indo bem.

Antes de sair, Miguel aparece no corredor com cara de esfomeado.

— Mãe… consegui terminar agora, to morrendo de fome

— Vai para o banho que eu esquento, Miguel.

Minutos depois, Miguel retorna limpo e faminto. Dona Maria entrega o prato e se senta com ele. O rapaz come com vontade, mas o olhar se perde em algum lugar distante.

— Tô sentindo falta da Marta, mãe. — confessa, a boca quase cheia. — E tô tentando me preparar, sabe? Porque sei que tem uma grande chance dela querer ir embora com o Jonathan... voltar para a cidade.

— E isso te deixa enciumado? — ela pergunta com ternura.

— Muito. Mas ao mesmo tempo, fico feliz por ver que ela escolheu um cara bom. Jonathan é sério, firme... e ama ela.

— Ele tá se esforçando. Você viu com Lua. Isso não é só por Marta, é por ele também.

Na sala, Lua ainda está acordada. Brinca com Jonathan, que a embala, rindo dos sons que ela faz.

— Vai dormir não, pequena? Eu já tô quase caindo... — diz ele, exausto.

— Deixa eu pegar um pouco — diz Miguel, aproximando-se. Jonathan entrega Lua com naturalidade.

Miguel a segura com delicadeza e a observa com olhos brilhando.

— Não entendo esse amor que sinto por ela. É diferente de tudo.

— Nem vai entender, filho. — diz dona Maria, com um sorriso no rosto. — Nem quando tiver seus próprios filhos. Você só vai saber que ama, sem entender como.

Ela olha para os dois homens com carinho e conclui:

— Amor assim não precisa de explicação. Só precisa ser vivido com responsabilidade.

Lua balbucia e solta um gritinho engraçado, arrancando risadas.

— Tá dando pitaco também, é? — Miguel sorri e entrega Lua de volta para o pai. — Amanhã cedo vou para o galpão. Melhor ir dormir.

— Boa noite, Miguel. — dizem quase em uníssono.

Jonathan volta com Lua para o quarto. Coloca a filha no berço, mas antes mesmo de se deitar, ela resmunga outra vez. Ele suspira, sorri e se abaixa para pegá-la novamente e segue com a sessão coruja.

Lua é vencida pelo cansaço, e o pai se deita exausto, com ela adormecida ao lado, no berço. Mas o sono não vem. O nome de Marta ecoa na mente. O rosto dela. A ausência dela naquele quarto. E, acima de tudo, o vazio que tem forma de um filho desaparecido.

Jeff.

E o que Marta viu, ou sabe, e ainda não conseguiu contar?

Jonathan fecha os olhos. Mas o silêncio da noite guarda mais perguntas do que respostas.

A madrugada avança e o silêncio do sítio é quebrado apenas pelos sons suaves da natureza e os resmungos ocasionais de Lua. Jonathan desperta com o som sutil do bebê se remexendo. Ainda sonolento, senta-se na cama e acende o abajur com cuidado. Lua mexe as perninhas, os olhinhos semicerrados.

Entra em fóruns fechados. Traduz palavras de códigos. Clica em links que deveriam nunca ser acessados. Vê horrores. Crianças. Preços. Localizações vagas. Ele tenta não vomitar.

Mas Jeff não está lá. Não há traço dele. Nem um sinal.

Frustrado, com os olhos ardendo de dor e raiva, Ravi abre uma chamada criptografada com o único contato que pode ir mais fundo com ele, e é um homem de palavra, seu amigo, o Derick.

A tela pisca e logo o rosto do hacker aparece. Sobrancelhas arqueadas, olhar frio, um cigarro preso nos lábios.

— Encontrou algo? — pergunta Ravi, sem rodeios.

— Nada ainda. Mas Ravi... você entrou fundo demais. Esses fóruns são perigosos. Um clique errado e vão atrás de você. Ou pior... podem achar a origem do bebê.

— Eu sei. Mas eu não vou parar. Ele tá lá fora, Derick. E a gente precisa achar antes que seja tarde.

Derick respira fundo, assente com um movimento seco.

— Vou começar a cavar também. Mas, por enquanto, não envolvo a máfia. Quanto menos gente souber, mais seguro o menino estará. Só eu e você.

— Combinado — diz Ravi, firme.

— E não volte nesses fóruns sozinho. Me deixa te acompanhar. Vou rastrear pelas bordas, pela atividade de IPs... se Jeff passou por algum servidor, eu vou descobrir.

— Obrigado, irmão. De verdade.

Derick apenas faz um gesto com a cabeça antes da chamada ser encerrada. O escritório de Marta mergulha em silêncio de novo, pesado como um túmulo.

Ele fecha os olhos por um instante e sussurra:

— Aguenta firme, garoto. Tio Ravi vai te encontrar.

Mas no fundo... ele sabe que o tempo está correndo.

E alguém, em algum lugar, está fazendo de tudo para manter Jeff desaparecido.

A pergunta é:

Por quê?

E até quando conseguirão escondê-lo?

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