A noite avança e a boate começa a esvaziar-se aos poucos, mas o calor humano e o cheiro de álcool ainda pairam no ar. Eduardo e Darlene seguem impecáveis no disfarce, entre beijos e sorrisos cúmplices, como se fossem apenas mais um casal apaixonado, alheio ao sumiço de Jeff, à tensão da cidade e às suspeitas que rondam cada olhar.
Mas Caio não se dá por satisfeito.
Ele surge na área VIP, se aproximando com passos largos e firmes, a expressão de quem quer marcar território, como um macho alfa testando limites. Para diante deles, fita Darlene com aquele velho olhar possessivo que ela conhece bem, mas desta vez ela não desvia.
Pelo contrário.
Darlene ergue o queixo, encara-o de frente e, sem dizer uma palavra, se vira e beija Eduardo com intensidade, segurando o rosto dele com as duas mãos. O beijo não é só parte do disfarce. É também desafio, provocação e, talvez, algo que nem ela mesma consegue explicar.
Quando afasta os lábios, Caio está ali, incrédulo, o olhar oscilando entre surpresa e fúria mal contida.
— Boa noite para vocês, casal — solta ele, frio, antes de virar as costas e sumir de volta na pista de dança.
Eduardo segura a cintura de Darlene e sussurra:
— Acho que agora ele entendeu…
Ela sorri, mas seus olhos carregam um brilho diferente, misturado entre alívio, vingança e confusão.
Com o horário avançando e os ânimos mais calmos, decidem ir embora. Eduardo, enquanto dirige, comenta:
— Vou entrar pelo Sítio dos Maia… já fico por lá e você segue para casa, me avisa quando chegar.
Mas Darlene balança a cabeça.
— Não… vem comigo para a minha fazenda. Se você sair do carro e for para lá, alguém pode ver. Melhor mantermos a farsa.
Ele concorda, silencioso, desviando pela estrada de terra que leva à propriedade dela.
Ao chegarem, Darlene não hesita. Passa direto pelo jardim até a porta da frente, destranca e entra, chamando Eduardo com um gesto natural, como quem já está acostumada a tê-lo ali.
— Vem…
Adentram o casarão antigo com passos leves, e ele a segue, atento a cada movimento. No corredor, ela para na porta do quarto e se vira:
— Dorme comigo.
Eduardo franze o cenho, surpreso. Ela sorri de canto:
— Ao amanhecer, a cozinheira chega. Vai saber que você dormiu aqui. Isso… vai facilitar a nossa vida.
Ela entra na suíte e, sem cerimônias, vai direto para o banheiro. A água do chuveiro começa a cair, abafando o som da noite. Eduardo observa a porta entreaberta, respira fundo e tira a camisa, sentindo o suor secar devagar sobre a pele.
Minutos depois, Darlene sai, a pele úmida, apenas com um baby doll comportado, de renda fina e delicada. O tecido quase translúcido se molda às curvas do corpo ainda quente do banho. Ela mexe nos cabelos, soltando-os, e vai até uma cômoda, pegando uma bermuda.
— Se você não parar com isso… vai me obrigar a te fazer gemer agora mesmo.
Darlene engole seco, sente o corpo arrepiar, mas não responde. Apenas se aconchega mais nele.
Eduardo sorri ao perceber que ela está começando a cochilar, o corpo relaxado, entregue ao abraço. Ele passa a mão devagar pelos cabelos dela, e logo os dois adormecem, embalados pela tensão que não se consumou.
Horas depois, com o sol já invadindo o quarto, Darlene desperta e se espreguiça, olhando Eduardo ainda de olhos fechados. Levanta, o observa, um belo homem,um corpo maravilhoso, ela sacode a cabeça, como se pudesse afastar os pensamentos, toma um banho rápido e se veste com um vestido leve.
Eduardo acorda, se recompõe e, quando sai do quarto ao lado dela, a cena é imediata: a cozinheira, que acabava de colocar uma bandeja na mesa, quase se engasga ao vê-los.
Sem dizer nada, apenas sorri e se retira apressada para a cozinha, já absorvendo e, certamente, espalhando a nova “fofoca” da fazenda.
Darlene e Eduardo trocam um olhar satisfeito e seguem para a mesa de café. Sentam-se como um casal, com naturalidade, quase esquecendo que é uma encenação.
Tomam café, comem bolo fresco, ovos mexidos e provam algumas frutas e queijos dispostos com capricho. Entre um gole e outro, trocam olhares, risadas discretas, pequenas carícias.
Mas, enquanto mastigam lentamente e o sol ilumina a casa, a dúvida paira no ar como o cheiro do café recém-passado: ainda estão fingindo? Ou, sem perceber, começaram a se tornar mesmo um casal?
A realidade está se fundindo perigosamente à investigação?
Ou será que… nunca foi apenas um disfarce?

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