Ninguém suspeita de nada. É sexta feira, fim de expediente, e o prédio do Grupo Schneider vai esvaziando lentamente, como se o peso da semana estivesse sendo despejado pelas escadas. Mas Islanne, com os seus saltos altos e expressão enigmática, desce tranquila, segura, um leve sorriso no canto dos lábios. Não é o sorriso de quem está aliviada por ir para casa. É o de quem planeja algo perigoso, quase imperdoável.
Dante a acompanha até a sua mansão. Ele sempre o faz.
— Vai precisar de mim no final de semana, Islanne?
Ela responde com aquele tom doce que sempre precede alguma coisa errada:
— Não, Dante. Pode ficar tranquilo. Final de semana livre. Aproveita. Se surgir algum imprevisto, te ligo, quero passar o fim de semana em casa relaxando.
Ele agradece, aliviado. Mas mal sabe ele que foi estrategicamente dispensado. Ela já decidiu. E quem conhece Islanne, sabe que quando ela decide algo, nem o inferno a detém.
Dante segue e ela entra em casa, o que vem a seguir é um ritual meticulosamente ensaiado. O banho é demorado, quase cerimonial. O vapor toma conta do espelho e ela sorri ao ver o próprio reflexo: livre, dissimulada e no controle. Escolhe roupas leves, práticas, e arruma uma mala pequena, suficiente apenas para poucos dias, mas o olhar dela diz que esses dias vão render estragos.
Na sequência, pega tudo o que já havia comprado nos últimos dias, itens escondidos no fundo do closet, cuidadosamente planejados. Coloca a mala e os pacotes na sua caminhonete RAM, dirige tranquilamente até o shopping, janta como se fosse um dia qualquer. Ninguém notaria o que está por vir. Compra algumas coisas novas, passa na joalheria e recolhe as peças encomendadas. Acrescenta mais alguns brincos, anéis e uma corrente provocante. Tudo tem o seu propósito.
No estacionamento, ajeita as sacolas no porta malas com precisão militar. Para num posto, completa o tanque e, de dentro do carro, faz uma ligação.
— Jonathan… — a voz dela soa leve, quase doce demais.
— Oi, Islanne. Tudo bem?
— Como estão as coisas por aí? Marta tem previsão de alta?
— Estamos esperando o médico de amanhã reavalia-la. Ela está melhorando.
Ela sorri com a voz ao perguntar:
— E a minha Lua?
— Cada dia mais linda e risonha.
— Ai, meu coração… — suspira, com a emoção cuidadosamente encenada. — Depois a gente se fala, tá? Beijo!
Desliga com um movimento seco. A encenação termina ali.
Liga o som alto, uma playlist dançante e cheia de batidas pesadas explode nos alto falantes. Islanne dirige como se o asfalto fosse uma extensão da alma dela: indomável. Uma mulher em missão, e ninguém no mundo saberia dizer exatamente o quê.
O celular vibra. É Eduardo.
Ela atende, desconfiada.
— Fala, Eduardo.
— Que diabo você tá fazendo, mulher? Tô vendo o GPS da RAM em movimento! Vai me dizer que é um espírito dirigindo?
Ela ri, sarcástica.
— Se você abrir essa sua boca para contar para o Jonathan, eu juro que te castro com uma colher de sobremesa. Entendeu?
Do outro lado, Eduardo engole seco. Olha para Darlene dormindo ao seu lado e murmura:
— Tá bom… Tá bom. Nem vi nada. Nem sei de que carro tá falando.
— Ótimo. Esquece que viu. E se estragar a minha surpresa, tu já sabe.
— Já tô até imaginando o caos — ele ri, achando graça e medo ao mesmo tempo.
Horas depois, a RAM chega ao sítio dos Maia, levantando poeira e anunciando a sua presença como um furacão. O motor ronca alto, e a porta se abre com um estrondo. Islanne salta do carro rindo, os cabelos soltos e a energia de quem não responde a ninguém.
Miguel a recebe na varanda com um sorriso aberto.
— Olha quem resolveu aparecer!
Ela corre até ele e o abraça como uma velha amiga sem cerimônia.
— Cadê o Eduardo?
— Tá com a Darlene. Bem ocupado, eu diria.
Ela arqueia a sobrancelha com diversão.
— Hum. Sabia que ela ia domar aquele animal.
— Não é bem isso que você está pensando, digamos que eles estão enveolvidos num plano...
Dona Maria aparece na porta e a abraça com o mesmo carinho de sempre.
— Que bom que veio, minha filha. Hoje eu vou fazer o seu prato preferido. E uma sobremesa especial.
— Se tiver doce de leite, eu fico até segunda!
Eles riem juntos.
Na hora do jantar, Ravi aparece. O olhar entre ele e Islanne é longo demais para ser acidental. Miguel percebe. E disfarça como pode.
Ele a encara com olhos escuros, tensos. Fecha a distância entre eles em dois passos e, sem dizer uma palavra, tranca a porta atrás de si.
— Você demorou. — A voz dele é baixa, rouca, carregada de saudade e algo mais sombrio.
— Eu precisava de um motivo — ela sussurra, mas o sorriso nos lábios a entrega. Ela nunca resistiria por muito tempo.
E então ele a agarra.
O beijo é feroz, um choque de bocas e vontades. Não há sutileza. É luxúria crua, é saudade brutal. Ravi segura a nuca de Islanne com força, puxando-a contra o seu corpo como se quisesse fundi-la a ele. Ela geme em sua boca, se rende, o corpo inteiro cedendo.
Ravi a ergue com facilidade e a j**a sobre a mesa do escritório, varrendo com o braço alguns papéis e pastas para o chão. Não há tempo para delicadezas. A camisola leve sobe pelas coxas dela enquanto ele arranca a própria camisa, os olhos fixos nela como se fosse a primeira vez e também a última.
— Você é minha, Islanne — ele rosna contra sua boca. — De corpo, de alma. Vai lembrar disso a cada vez que eu te meter fundo.
Ela não responde. Geme.
Ele a invade com força, de uma vez só, fazendo o corpo dela arquear contra a mesa. As mãos dela agarram as bordas, as pernas se apertam ao redor da cintura dele. Os olhos de Islanne brilham, o prazer a sacudindo de dentro para fora.
As estocadas são firmes, possessivas. A cada movimento, Ravi parece entalhar seu nome no corpo dela. E Islanne, entregue, o recebe como se nada mais no mundo existisse além daquele momento.
— Você sente isso? — ele sussurra contra sua orelha, mordendo seu lóbulo. — É aqui que você pertence. Sempre foi aqui.
Ela arqueja, suada, tremendo de desejo.
— Eu sou sua… — admite, quase sem fôlego. — Sempre fui.
O clímax chega com força. Os dois explodem juntos, como um vendaval preso por tempo demais. Gritam, riem, se beijam entre os espasmos, os corpos colados, suados, o coração disparado.
Por um instante, parecem completos.
Ele continua dentro dela, respirando pesado, a testa colada na dela. Os dedos de Islanne passeiam pelas costas de Ravi como se tentassem memorizar cada linha, cada cicatriz.
E ali, no silêncio da noite, eles se abraçam por mais tempo do que deviam.
Mas ninguém sabe que Islanne ainda não terminou o que veio fazer ali.
Ela ainda precisava senti-lo.
E no fundo dos olhos dela, enquanto acaricia os cabelos de Ravi, há uma pergunta sem resposta:
O que mais ela realmente vai aprontar?

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