Nada prepara Islanne para o que sente ao abrir a porta do quarto e dar de cara com a imagem mais poderosa que poderia ver: Marta com Lua ao sei0, serena, inteira, enquanto Jonathan a observa com devoção, os dedos acariciando os fios finos da filha como quem toca a própria alma. É um instante congelado no tempo, íntimo, sagrado, que acerta Islanne em cheio, como uma flecha certeira no meio do peito.
Antes disso, a manhã começa com a mesma força imprevisível que define a mulher que ela é. Islanne acorda e o sol já está bem alto, sabe que perdeu o horário, toma um banho revigorante e se arruma com simplicidade, calça jeans justa, blusa de linho leve, maquiagem discreta e um perfume suave, mas marcante. Ao sair do quarto, é interceptada por Dona Maria na cozinha.
— Vai sair com esse estômago vazio? Senta, menina. Come alguma coisa.
Ela resmunga, tentando escapar, mas o olhar firme de Dona Maria é mais convincente que qualquer argumento. Ravi, sentado à mesa, ri ao ver a cena.
— Melhor obedecer... ou ela te amarra na cadeira — diz ele, com a boca cheia de pão.
— Traidor — Islanne revira os olhos, mas se senta, contrariada.
Só que basta uma mordida no pão caseiro ainda morno, e ela suspira.
— Meu Deus... isso é um crime — murmura, deliciada.
E como em um feitiço silencioso, acaba comendo muito mais do que planejava, bolo de milho, frutas, suco, café. Ao fim, agradece a Dona Maria com um beijo no rosto e se despede.
— Não digam nada a ninguém. Quero fazer surpresa para o Jonathan e a Marta.
Com cuidado, coloca na bolsa as caixinhas com as joias que escolheu com tanto carinho, uma pulseira com o nome de Lua gravado, brincos delicados e um colar com um pingente sutil para Marta. A caminhonete parte silenciosa, carregando mais do que presentes, leva amor e intenções.
No hospital, ela hesita diante da porta. Observa a cena pela fresta: Marta amamentando, Lua aninhada no peito, e Jonathan com aquele olhar de adoração absoluta. Algo dentro dela se quebra e se reconstrói ao mesmo tempo. Ela entra devagar, sem fazer barulho.
— Bom dia — sussurra, emocionada.
Jonathan ergue os olhos e sorri, Marta também. Lua larga o peito da mãe, Islanne vai até eles e pega Lua no colo com um cuidado quase reverente, seus olhos se enchendo d’água.
— Parece que nasceu de você — diz Marta, sorrindo.
— E se tivesse nascido... eu teria amado igual — responde Islanne, com sinceridade.
Jonathan logo pergunta:
— E o Dante? Onde está?
— Dei folga a ele. Queria fazer surpresa para vocês e vim sozinha.
O sorriso do irmão desaparece, substituído por um olhar de pura fúria.
— Você tá brincando com a sua segurança, Islanne?!
Ela gira nos calcanhares, se posiciona atrás de Marta e ergue Lua como escudo.
— Não pode me bater! Tô com a sua filha no colo!
— Islanne... — ele rosna, controlando a raiva.
— Isso podia ter dado muito errado.
Ela apenas sorri, desarmando-o com um beijo na testa da sobrinha. A seguir, pega a caixinha de veludo e coloca a pulseira dourada no bracinho de Lua, onde o nome brilha delicadamente.
— Essa é a sua primeira joia, minha princesa. Vai ter muitas mais.
Entrega os brincos e, por fim, o colar com pingente a Marta, que se emociona.
— É lindo... Islanne, obrigada.
Jonathan observa tudo em silêncio, mas ela percebe o brilho nos olhos dele. Sabe que ele entendeu: todas as peças são rastreadas. Uma segurança sutil. Silenciosa.
— Vocês são a minha família — ela diz. — Protegê-los é obrigação minha.
A conversa logo muda de rumo. Falam sobre a empresa, sobre os documentos que ela trouxe e as decisões que precisam ser tomadas antes de seu retorno a São Paulo. Jonathan assina, revisa com ela. Marta apenas observa, segurando Lua com carinho.
Quando a enfermeira entra e avisa que o horário de visita acabou, Islanne tenta protestar.
— Mas acabei de chegar!
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