O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 241

O escritório de Ravi está mergulhado em penumbra, iluminado apenas pelas luzes azuladas dos monitores que preenchem as paredes como janelas para mundos obscuros. Cabos serpenteiam pelo chão, formando uma teia nervosa que se conecta a roteadores, HDs externos e satélites improvisados. Tudo ali pulsa em dados, imagens, vozes, coordenadas.

Ele está sentado na cadeira giratória, os olhos fixos numa das telas. Suas mãos se movem com rapidez quase automática, navegando entre pastas criptografadas, acessos restritos, bancos de dados que ele não deveria estar abrindo. Mas ele não se importa com proibições. Ele quer respostas.

E finalmente, elas chegam.

— Hermes de Castro, você filho da putta... — murmura Ravi, digitando o nome novamente para confirmar os dados.

O prontuário do ex enfermeiro se escancara diante dele: ficha suja, denúncias antigas de agressão à ex namorada, comportamento errático, consumo de cocaína, afastamentos por "instabilidade emocional". E mais: registros bancários com depósitos altos e inexplicáveis ao longo dos últimos seis meses, sempre em datas próximas a trabalhos em internações pediátricas específicas.

— Você é a porrah da ponte entre o hospital e o esquema de tráfico de crianças...

— Ravi conclui, gelando por dentro.

Mas o soco final vem quando ele cruza a última atualização do sistema com um alerta do IML.

"HERMES DE CASTRO ENCONTRADO MORTO – DIA ANTERIOR, SUL DO ESTADO."

O laudo é frio e direto. Ravi lê em voz baixa, como se pudesse assimilar o horror aos poucos:

Vítima do sexo masculino, 39 anos. Corpo localizado em terreno baldio nos arredores de Joiinópolis. Indícios de tortura: fraturas múltiplas, lesões contusas, hemorragia interna. Dedos das mãos decepados com instrumento cortante. Olhos arrancados. Nariz seccionado. Cavidade nasal preenchida com substância identificada como cocaína. Morte estimada: entre 3h e 4h da manhã. Causa da morte: asfixia por obstrução e choque hipovolêmico devido à hemorragia massiva."

Ravi empalidece.

— Isso não é execução comum... isso é mensagem.

Volta na câmera do corpo, ampliando a imagem. A cena é grotesca. O rosto do homem está irreconhecível, desfigurado, com um ar de agonia congelado mesmo depois da morte. A cocaína entupindo o nariz não é apenas um deboche cruel, é um ritual. Um aviso.

— Merrda... merrda, merrda…

Hermes era a ponte. E agora, a ponte foi dinamitada.

Ele se recosta na cadeira, mas não relaxa. Os olhos correm pelas outras telas. Códigos abertos, rastros de GPS, mensagens anônimas.

O que mais o inquieta, no entanto, não está nos arquivos.

Está na lembrança.

A imagem da cadeirinha infantil no carro alugado que Hermes conduziu. A câmera de segurança captou a bagunça no banco traseiro, e ele se recorda bem daquele detalhe: um brinquedinho azul preso ao cinto. Uma cadeirinha infantil, de modelo recente. Hermes não tinha filhos. Nenhum parente próximo com crianças. Nada justificava aquilo.

E agora... está morto. Brutalmente morto. Sem chance de falar. Sem chance de apontar culpados.

Ravi se inclina para frente e apoia os cotovelos nos joelhos, o rosto entre as mãos. Respira fundo. O silêncio pesa.

— Isso tá maior do que eu pensava...

Levanta-se de súbito, caminha até o mural, puxa uma caneta vermelha e circula o nome de Hermes com força. Depois liga com uma seta até a palavra "Tráfico Humano" e outra até "Desaparecimento do bebê."

A verdade está ali. Só que agora, a testemunha principal está morta. E de forma ritualística. Ravi sabe o que isso significa.

Alguém está limpando a trilha. Queima de arquivo.

Mas o que Hermes sabia exatamente?

O que ele fazia com uma cadeirinha de bebê no carro?

E mais importante: quem matou Hermes... e por quê desse jeito, qual o recado que está enviando?

Ravi encara o quadro como se esperasse que ele falasse. Mas tudo que obtém de volta é silêncio.

Um silêncio pesado, tenso... e prenhe de perigo.

Ravi continua diante dos monitores, os olhos fixos na imagem congelada do cadáver mutilado de Hermes. A brutalidade do assassinato ainda pesa sobre o seu peito como um soco que não terminou de acertar. Ele tenta raciocinar, montar a sequência dos fatos, mas tudo parece desmoronar mais rápido do que ele consegue processar.

— Malldito... — ele murmura, rangendo os dentes.

— Por que tinham que te calar agora?

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