A noite tem um silêncio espesso, pesado como chumbo. Só o som dos grilos lá fora e o leve chiado do vento escapando pelas frestas. Mas dentro do quarto, há algo sagrado acontecendo: Jonathan para na soleira, e por um instante parece que o tempo segura o fôlego. Seus olhos se prendem ao bercinho, onde Lua dorme tranquila, embalada por um mundo que ainda não conhece dor. Ele se aproxima, ajoelha-se ao lado da filha e acaricia seu rosto com um toque reverente, como se tocasse a própria esperança.
Sem dizer uma palavra, Jonathan se desfaz da camisa, o corpo cansado pelas batalhas recentes, mas o coração pulsando forte por um motivo claro: Marta. Deita-se ao lado dela e a puxa devagar, como quem recolhe uma parte perdida de si mesmo. A cabeça dela encontra o seu peito com a naturalidade de um lar reencontrado. Ali, entre os toques suaves e os olhos que se falam sem pressa, eles se reconhecem. Marta murmura, com a voz embargada de dor e fé:
— Por Deus, Jonathan... traga o nosso filho.
Ele fecha os olhos e beija sua testa. O nome de Jeff queima em sua garganta, mas ele segura firme.
— Eu farei tudo. Até o impossível.
Ela adormece, e ele continua acariciando seus cabelos como quem vigia uma promessa.
Jonathan revira na cama, mas sabe que precisa se movimentar, com cuidado se afasta de Marta e a observa por uns instantes, levanta, vaia te o berço e alisa os cabelinhos da filha e sai do quarto.
Já na cozinha, Jonathan encontra Eduardo, Heitor e Ravi sentados ao redor de uma garrafa de café forte e amargo como o momento. O rosto de todos denuncia noites mal dormidas e pensamentos muito pesados.
— Me senti apunhalado ao ver meus filhos assim, eles estão destruídos e vocês também — desabafa Heitor, a voz engasgada.
— Eu juro que vou encontrar Jeff — Jonathan diz, firme.
— Ele é meu filho. E dela. Não vou descansar até trazê-lo de volta.
Ravi, com o olhar perdido, confessa:
— Já revirei todos os cantos que conheço. Estou me sentindo impotente.
É Heitor quem muda o rumo da conversa. Diz que, por mais que doa, é hora de voltarem a São Paulo. Que de lá, com os recursos certos, a busca poderá ser efetiva. E completa com firmeza:
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