Diante das nuances coloridas do céu, da brisa que refrescante que movimenta os seus cabelos, Marta se vê impactada com as últimas decisões, sabe que precisa ser racional, está ciente que sua ida para São Paulo será dolorosa, nunca gostou de despedidas, ainda mais agora, depois de tudo que viveu nos últimos meses, ao lado da família.
Por alguns segundos, todos se permitiram apenas sentir. A brisa sopra leve, os últimos raios do sol iluminavam o rosto de Lua adormecida, e, por um instante, há ali não só despedida, mas também esperança.
Porque agora eles sabem. Sabem que não estão mais fugindo.
Estão indo… lutar.
— Amanhã cedo a gente arruma tudo — disse Marta, por fim, olhando para Jonathan. — E partimos.
Ele apenas assente, apertando sua mão, com Lua aconchegada no outro braço. E, dentro dele, uma promessa que queima mais forte do que qualquer coisa:
“Eu vou trazer o nosso filho de volta, custe o que custar.”
Quando termina, Miguel se levanta e vai direto para os galpões, o corpo tenso como um nó, já sente falta da irmã e da sobrinha. Heitor suspira, mas não diz mais nada.
Na varanda, tudo parece pesar mais do que o céu carregado de nuvens. Marta está sentada com Lua nos braços, embalando-a lentamente, enquanto os olhos se perdem no horizonte cinza. O cheiro da terra molhada, o som distante dos galpões e o eco das palavras de Heitor ainda ressoam em sua mente. Tudo nela está em conflito: o medo de ir, o peso de ficar.
Jonathan se aproxima em silêncio, com os passos cuidadosos de quem respeita a fragilidade do momento. Ele toca com carinho as costas de Marta, um gesto que mais parece um abrigo silencioso. Mas quando os olhos dele encontram os dela, ele sabe. Ela está dividida. E ele a entende.
— Jonathan... — a voz dela sai baixa, hesitante, quase sussurrada.
— Eu preciso de um tempo para me acostumar, eu lutei com a minha família, para erguer isso aqui, não é falta de amor por ti. Não dá pra simplesmente apagar o que vivi nos últimos meses. Aqui tem minha vida, meus projetos, minha família...
Jonathan a escuta sem interromper. Apenas deixa que ela fale, absorvendo cada palavra como se fossem parte de um quebra cabeça que ele precisa montar com paciência.
— Tudo bem. — ele responde, com a voz firme, mas serena.
— Eu te entendo, faremos isso juntos.
O silêncio que segue não é desconfortável. É o tipo de silêncio que fala por si, denso de significado, de amor e de dúvida. Mas logo é quebrado por um chorinho agudo e impaciente.
Lua começa a se agitar nos braços da mãe, torcendo o corpinho miúdo, o rostinho franzido em descontentamento. Marta ajeita o sei0 com o instinto materno de sempre, mas desta vez, a bebê vira o rosto, empurrando o peito com a mãozinha trêmula, ainda chorosa e desconfortável.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino