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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 250

A tarde pesa sobre São Paulo com uma melancolia quase física. O céu, tingido de cinza e dourado, parece refletir o que se passa no coração de Marta. Dentro da Range Rover Evoque preta, o silêncio reina absoluto. Eduardo dirige com concentração, os olhos fixos na estrada, mas um bolo na garganta, e esse bolo tem nome.

Darlene.

No banco traseiro, Marta permanece imóvel, apertando contra o peito um cobertor rosa que envolve seu pequeno milagre, a sua Lua.

O perfume suave da filha, misturado ao aroma das roupinhas recém lavadas, aquece o seu peito de forma tênue. Ainda assim, há uma ausência impossível de ignorar. Não é apenas o filho perdido. É também a lacuna deixada por todas as promessas não cumpridas.

Jonathan está ao seu lado, calado. A mão repousa sobre a perna dela, em um gesto silencioso de apoio. O toque é firme, protetor, mas ele sente a tensão do corpo dela reverberar no ar entre eles. Sabe que ela precisa de tempo. E ele também.

Em determinado ponto do caminho, um buzinaço suave se faz ouvir. Ravi, dirigindo a RAM branca, emparelha ao lado por alguns segundos. Acena com um sorriso discreto enquanto Islanne, sentada ao lado, também os cumprimenta com o olhar. A troca é rápida, mas há algo reconfortante nela. Um lembrete de que não estão sozinhos. Em seguida, Ravi acelera, dobrando uma rua lateral em direção à mansão de Islanne.

A Evoque segue adiante até os portões altos da mansão Schneider, no coração da cidade. Quando o veículo para diante da entrada imponente, Eduardo apenas troca um olhar com Jonathan pelo espelho retrovisor. Jonathan agradece com um aceno de cabeça, abre a porta e desce. Caminha até o outro lado e abre a porta para Marta.

— Chegamos — diz ele, quase num sussurro.

Marta desce devagar, com Lua aninhada nos braços, como se o mundo lá fora fosse mais pesado do que suas pernas suportam. A menininha, alheia ao caos emocional da mãe, encosta a cabeça no ombro dela com a serenidade de quem não precisa entender para amar.

O coração de Marta b**e em ritmo irregular. Estar de volta à mansão deveria significar alívio, um recomeço. Mas cada tijolo, cada janela, cada flor no jardim parece gritar o nome de Jeff.

A dor de não tê-lo nos braços ainda a cortar como uma lâmina. O filho roubado. O cheiro que nunca sentiu. O calor que nunca acolheu. A lembrança do que poderia ter sido a assombra com força total enquanto ela sobe os degraus da entrada.

— Amor... vamos encontrá-lo, eu prometo — murmura Jonathan, encostando os lábios no ouvido dela com a voz trêmula, mas firme. — Juro pela minha vida.

Ela se vira para encará-lo. Os olhos estão cheios, mas sua voz não falha:

— Eu nunca o segurei, Jonathan... nunca senti o perfume dele. Você consegue imaginar isso?

Jonathan a abraça com força. Um abraço pesado, feito de culpa, de ternura, e de promessas não ditas. Ele a segura como quem segura um segredo precioso prestes a se desfazer.

— O que fizeram conosco foi cruel — diz ele, apertando-a com ainda mais força.

— Mas todos vão pagar. Nem que eu precise ir até o inferno.

Lua se remexe nos braços da mãe, solta um gemido leve. Marta a embala instintivamente, com um gesto que parece ter nascido com ela. Mesmo com o corpo cansado, sua alma se curva em reverência àquele amor materno. Mas no fundo… o nome de Jeff ecoa como um rugido que ninguém mais parece ouvir.

Ela caminha até uma das janelas da mansão. O jardim, ainda florido, balança com a brisa da tarde. A luz dourada atravessa as cortinas, derramando sobre o chão memórias demais para se contar. Marta permanece ali, em silêncio. Os olhos perdidos nas folhas dançantes. Dentro dela, tudo está exposto, cru, como uma ferida sem gaze.

Ele toca a cintura dela com cuidado, os olhos cheios de lágrimas que se recusam a cair. Marta, ali diante dele, é um monumento à dor… e à esperança.

— Você é a mulher mais forte que eu já conheci — diz ele, com a voz embargada.

O abraço que se segue é apertado, com Lua envolta entre os dois, protegida por uma muralha de amor e dor. Um gesto que diz: estamos juntos. Estamos vivos. E nada vai nos parar.

— Vamos começar agora? — pergunta Marta, erguendo o queixo com determinação.

— Vamos — responde Jonathan, com um meio sorriso, carregado de dor e esperança. — E dessa vez… nada vai nos parar.

Marta assente, os olhos brilhando com a certeza de quem sabe que o amor pode mover montanhas. Segura Lua com firmeza, como quem segura a própria alma.

Lá fora, o céu começa a escurecer.

Jonathan a puxou com a mão livre e os dois se abraçaram novamente, envolvendo Lua no meio do gesto. Era um abraço que dizia tudo: estamos juntos. Estamos vivos. E não vamos parar até trazê-lo de volta.

Porque quando o amor é real, ele não se curva diante da dor. Ele se transforma em luta e Marta estava pronta para lutar até o fim.

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