O ronco suave do motor da SUV branca quebra o silêncio da manhã como um prenúncio do inesperado. A entrada da mansão Schneider, cercada por árvores alinhadas como sentinelas silenciosas, parece conter a respiração enquanto os portões se abrem lentamente.
A luz dourada do sol incide sobre o capô do carro, projetando reflexos cintilantes nos vidros altos da fachada. Dentro da guarita, os seguranças observam atentos, mas é Eduardo quem se adianta com passos firmes e postura inabalável. Seus olhos analisam cada movimento da recém-chegada, enquanto sua mente calcula possibilidades, riscos e rotas de fuga. Para ele, tudo é protocolo. Mas hoje, o que está prestes a acontecer ultrapassa qualquer plano de segurança.
Assim que a porta do carro se abre, uma mulher elegante e serena desce com um ar de quem domina o próprio tempo. Jessica Duarte, arquiteta premiada e especialista em design infantil, traz consigo uma aura de leveza que contrasta com a rigidez do ambiente. Carrega uma prancheta, uma bolsa de couro cruzada sobre o corpo e veste-se de forma prática, mas impecável, uma calça clara, blusa de linho e sapatos baixos. Ela sorri, dando dois passos à frente, até ser interceptada por uma figura alta e imponente.
— Um momento, senhora. — A voz de Eduardo é firme, cortante, quase gélida. Seus olhos, escuros e atentos, são como sentinelas que não piscam.
— Quem é a senhora e o que faz aqui?
Jessica não se intimida. Apenas ergue uma sobrancelha com elegância e responde com polidez:
— Jessica Duarte, arquiteta. Fui contratada por Islanne Schneider para o projeto do quarto dos gêmeos. A senhora Marta está me aguardando.
— Ainda não recebi nenhuma confirmação.
Eduardo não se move, a mão próxima ao celular no bolso do terno.
— E a minha prioridade aqui é a segurança de Marta e da criança. Procedimentos são inegociáveis.
— Entendo perfeitamente. — ela afirma, mantendo o tom calmo. — Pode ligar para ela. Estou à disposição.
Antes que ele possa tirar o telefone, a porta da frente se abre. Marta surge com Lua no colo, o cabelo preso em um coque alto, a expressão serena, mas cheia de autoridade materna.
— Está tudo bem, Eduardo. — ela diz suavemente, mas com firmeza.
— Eu a esperava. Islanne me confirmou ontem à noite, esqueci de te avisar.
Eduardo recua com um leve aceno de cabeça, porém os seus olhos não deixam de observar Jessica com atenção calculada. Ele é um guarda costas, discreto, mas letal. Não confia em ninguém à primeira vista. A tensão em seus ombros só se dissolve minimamente quando Marta entra com a visitante.
Jessica a cumprimenta com um sorriso acolhedor:
— Senhora Marta, que bom conhecê-la. Islanne me falou com muito carinho sobre esse projeto.
— O prazer é meu, Jessica. — responde Marta, com um sorriso gentil.
— Vamos. O quarto é no andar de cima.
Elas seguem pelos corredores amplos da casa, o som dos sapatos de Jessica contrastando com os passos silenciosos de Marta que embala Lua no colo com carinho.
Ao entrarem no quarto destinado aos gêmeos, ela para por alguns segundos, absorvendo cada detalhe já existente. É um ambiente amplo, com grandes janelas que deixavam a luz natural invadir o espaço, e as paredes em tom neutro pareciam aguardar ansiosas pela transformação.
Jessica observa atentamente o espaço.
— A senhora já tem alguma ideia específica? — pergunta, já posicionando a prancheta contra uma das cômodas e começando a desenhar esboços rápidos.
Marta respira fundo, apertando Lua contra o peito enquanto olha ao redor, os seus olhos brilhando com uma mistura de emoção e esperança.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino