A porta se fecha lentamente com um clique metálico. Um som banal, quase insignificante… mas para Islanne, soa como o eco de algo que ela ainda não sabe nomear. Dentro do carro silencioso, as luzes da cidade passam como vultos borrados, e o coração dela pulsa muito mais rápido do que deveria. Ao lado, Dante mantém as mãos firmes no volante, impassível, como se não percebesse a tempestade que se agita dentro dela. Acabou de sair da casa de Jonathan, mas nada parece resolvido. As palavras dele ainda dançam em sua mente, e na verdade nem sabe descrever o que sentiu ao saber que algo de errado acontecia com Lua.
— Te pego amanhã, às oito — diz Dante com a voz calma, ao estacionar diante da casa dela.
— Estarei pronta — responde Islanne, forçando um sorriso enquanto desce do carro.
Ela entra em casa em silêncio, fecha a porta com delicadeza e encosta as costas nela, como se precisasse de um abrigo até mesmo da própria realidade. O silêncio é cortante. Seu corpo está ali, mas a mente ainda vagueia. Vulnerável. Desarmada. Preocupada. Lua.
A sobrinha era seu ponto de estabilidade, e vê-la tão abalada, tão agarrada ao pai, desencadeou algo primal em seu peito, o medo. Medo de perder. Medo de ser insuficiente. Ela caminha até a sala e deixa-se cair no sofá, o olhar perdido no teto. Respira fundo. Fecha os olhos.
A porta da sala se escancara de repente.
— Islanne!
É Ravi. Ele entra como um furacão contido, o olhar cheio de urgência. Ela mal tem tempo de reagir antes de sentir os braços dele em torno de seu corpo, apertando-a contra o peito com uma força suave e desesperada.
— Eu te vi saindo do Grupo Schneider… e depois sumiu. Segui seu rastro pelo GPS do carro. Me fala, como você tá? Como está a Lua?
Islanne sente a emoção subir pelo peito e engasgar na garganta. O abraço de Ravi a envolve como um cobertor num dia de inverno.
— Lua tá bem. Foi só... carência, talvez. Ela tem um vínculo forte com o pai. Muito forte. — sussurra ela.
Ravi se afasta o suficiente para encará-la, os olhos azuis faiscando, tentando desvendar cada nuance do rosto dela.
— E você? Como você tá, Islanne?
Ela hesita. Está tão acostumada a ser a fortaleza de todos que quase não sabe como responder. Mas algo no olhar dele, algo inesperadamente terno, desmonta a armadura que ela ainda não sabia que estava usando.
— Me sentindo… perdida, talvez. Vulnerável. Eu não gosto disso.
Ravi não responde de imediato. Apenas a segura. Como se dissesse: tá tudo bem se sentir assim. Ele nunca se importou com os sentimentos de uma mulher antes. Nunca quis entender. Mas com Islanne, é diferente. O cheiro dela, o jeito com que fecha os olhos quando segura as emoções, tudo mexe com ele. Tudo tira o seu eixo.
— Vem — diz ele, num tom baixo. — Vou preparar um banho para você. Relaxar. Só isso.
Ela não protesta. Não consegue. Apenas o segue.
O quarto dela está em penumbra, iluminado pela luz suave que escapa do banheiro. Quando ela entra, sente o aroma familiar: rosas. Sua favorita. A banheira está cheia, a água morna exalando vapor e paz. Ravi estende a mão. Ela a segura.
Eles entram juntos. Islanne se apoia no peito dele, deixando-se afundar num silêncio confortável. Os dedos de Ravi massageiam seus ombros e costas com precisão quase intuitiva, como se soubesse exatamente onde apertar, onde aliviar, onde tocar sem invadir. Os minutos passam devagar. Nenhum dos dois fala. Só respiram.
Depois de um tempo, ele a tira da água com delicadeza. Envolve-a numa toalha, seca sua pele com carinho reverente. Carrega-a até a cama como se ela fosse feita de porcelana. A deita, deita-se ao lado. A abraça. Passa os dedos pelos cabelos dela. E ali, naquele quarto abafado, na penumbra que parece proteger os dois do mundo, o sono vem.
Um sono calmo. Compartilhado.
Como se por um instante, tudo estivesse no lugar certo.
Mas será mesmo?
O que exatamente Ravi está sentindo e tentando entender?
E Islanne… está se entregando a um afeto sincero ou fugindo de um amor impossível?
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