O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 266

O silêncio do centro médico não é comum. Não é o silêncio natural de um ambiente hospitalar, mas sim um tipo denso e carregado, quase sólido. Parece prender o ar, como se o próprio tempo estivesse em suspensão. Afonso Schneider sente esse peso como um casaco molhado sobre os ombros. Caminha pelo corredor impecavelmente limpo e iluminado, os sapatos de couro ecoando sobre o piso de mármore, cada passo seu acompanhado por pensamentos que se atropelam. Ele conhece bem aquele lugar — o cheiro de antisséptico, o som abafado de vozes ao fundo, a presença invisível da angústia.

Mas nada disso é pior do que o que sente por dentro. Porque, embora o rosto mantenha a compostura de um executivo experiente, por dentro é só um homem. Um marido. Um pai. Um avô que, pela primeira vez, sente que o tempo corre mais rápido do que pode acompanhar.

A poucos metros dali, em uma sala de paredes brancas e janelas fechadas, Cátia Schneider está sentada sobre a maca. Ela inspira devagar, os olhos voltados para o teto, tentando conter o coração que, ironicamente, é justamente o problema. Do outro lado da sala, o cardiologista, um homem de meia idade, sóbrio, de olhar treinado, digita com agilidade, mas com o cenho franzido.

— Pressão arterial estabilizada... frequência dentro da média... — ele murmura, observando os monitores — A oxigenação muito boa. Muito boa mesmo, dona Cátia.

Ela sorri com suavidade, mas não esconde o nervosismo.

— Isso quer dizer que eu posso viajar?

A pergunta sai quase num sussurro. Mas carrega o peso de meses de espera. O desejo sufocado de abraçar o filho. De ver a neta. De ser presença e não só saudade.

O médico suspira e se levanta devagar, aproximando-se com o prontuário em mãos. Senta-se diante dela e a encara com seriedade.

— Pode. Mas não hoje.

Cátia arregala os olhos, surpresa.

— Como assim?

— Cátia, escute — ele diz com calma:

— Seu coração está reagindo muito bem, o melhor que eu já vi nos últimos anos. Mas uma viagem como essa, internacional, longa, emocionalmente intensa... exige preparo. Você precisa descansar, precisa de uma boa noite de sono. E, acima de tudo, precisa estar calma. O impacto emocional de rever o seu filho nesse estado... e conhecer a sua neta... pode ser maior do que você imagina.

Ele abre a gaveta da mesa e tira um frasco pequeno.

— Isso é um sedativo leve. Vai te ajudar a dormir profundamente hoje. Amanhã de manhã, com a mente tranquila e o corpo descansado, você estará muito mais forte para a viagem. Não estou dizendo “não”. Estou dizendo “com sabedoria”.

Cátia abaixa os olhos. Respira fundo. Há dor ali, mas também entendimento.

— Eu só queria estar lá agora... — ela sussurra.

— Queria poder abraçá-lo.

— E você vai. Mas não às custas da sua saúde. Sua presença só vai ter valor se vier inteira. E, para isso, você precisa cuidar de si mesma primeiro.

Do lado de fora da sala, Afonso se endireita quando a vê. Caminha rápido até ela, pegando sua bolsa antes mesmo que ela a alcance. O gesto não é apenas de cavalheirismo, é de amor. Amor maduro. Amor que já enfrentou doenças, perdas, alegrias e renascimentos. Ele segura sua mão com naturalidade, como se aquele gesto o ancorasse também.

— E então? — ele pergunta, os olhos fixos nos dela.

— Amanhã. — ela responde.

— Com calma. Dormir hoje, seguir direitinho as recomendações. Ele passou um sedativo leve...

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