O céu amanhece pesado, como se o próprio universo sentisse o gosto amargo da despedida que se aproxima. Uma névoa suave cobre os campos da fazenda, e o canto tímido dos pássaros não consegue esconder o silêncio melancólico que envolve o ar. Lá dentro, o cheiro de café fresco preenche a cozinha, mas nem ele é capaz de disfarçar o peso que se aloja no peito de Eduardo e Darlene. Hoje é domingo. E domingo, desta vez, não significa descanso, significa adeus, ainda que provisório.
Darlene está descalça, com um short jeans e uma camisa larga que cai no ombro, cabelos presos de qualquer jeito. Eduardo a observa enquanto ela corta frutas com naturalidade, e tudo nela grita lar, calma e certeza. Ele se aproxima, a envolve pela cintura e deposita um beijo silencioso no pescoço dela. Ela não diz nada. Nem ele. Ambos sabem que precisam conversar. Mas nenhum dos dois tem coragem de romper o instante em que ainda estão juntos, onde o tempo não passou e o adeus ainda não é concreto.
— A gente precisa conversar sobre... — Eduardo começa, mas a voz some no meio da frase.
— Sobre como vamos fazer isso funcionar? — Darlene completa, doce, sem desviar os olhos da xícara de café que está servindo.
Ele suspira e se senta à mesa. A vontade dele era apenas ficar. Jogar fora o celular, ignorar o mundo e morar ali, naquele instante. Mas Jonathan precisa dele. Marta, ainda fragilizada, precisa da presença dele. E o menino, o filho desaparecido, ainda não foi encontrado. Eduardo sabe que tem uma missão. E ainda não é hora de parar.
— Eu não posso te prometer que vou estar aqui sempre — diz ele, com os olhos úmidos. — Mas posso prometer que vou voltar. Toda vez que eu puder.
Darlene se senta de frente para ele. Apoia os cotovelos na mesa e entrelaça os dedos.
— Não quero promessas românticas, Eduardo. Quero verdades.
— A verdade é que eu te amo. — Ele diz, sem vacilar.
— E eu amo você. — Ela responde, com a mesma firmeza. — Então, a gente dá um jeito. Eu espero. Espero mesmo. Mas só se você prometer uma coisa...
— O que quiser.
— Que não vai mais agir como um idiota. Nem fugir. Nem me deixar no escuro. Você vai ser homem. E vai ser o meu homem.
Ele sorri, com os olhos marejados, a garganta apertada, o coração estrangulado pela ternura. Levanta, vai até ela, e se abaixa, beijando sua mão.
— Eu juro.
Eles se beijam como se fosse a primeira vez. Ou talvez a última. E ali, no meio daquela cozinha iluminada pela luz branda da manhã, tudo faz sentido. Eles não sabem como vão fazer dar certo, mas sabem que vão tentar com tudo.
Mais tarde, Darlene pede que um dos vaqueiros pegue dois cavalos. E quando Eduardo aparece de jeans e camisa aberta no peito, os cabelos ainda úmidos, ela sorri com um brilho travesso no olhar.
— Vamos? — pergunta ela, com aquele sorriso de quem tem planos que não incluem lágrimas.
Montam e cavalgam juntos pela trilha que corta o campo, atravessam os eucaliptos, até chegarem à velha cachoeira. O som da água os embala, a liberdade os embriaga. Eduardo desmonta primeiro e a puxa para o seu colo, j**ando-a com delicadeza na água gelada. Darlene grita, ri, xinga, mas logo se j**a contra ele e o beija, molhada, vibrante, viva.
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